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Dia de intensas trocas culturais marca lançamento de livro sobre comunidade quilombola

Ao todo 200 exemplares da obra literária serão doados (Fotos: Marciano Bortolin e Vanessa  Clarinda/Agecom/Unesc)

A Unesc foi palco de enriquecedoras interações, que marcaram o lançamento e a divulgação do livro “Entre Tradições e Liberdade: Explorando a Cultura de uma Comunidade Quilombola”, de autoria da advogada, professora e mestra em Serviço Social Louvani de Fátima Sebastião da Silva. As ações foram realizadas nessa quarta-feira (22/05).

O evento, promovido como um ato simbólico de acesso à educação intercultural, transdisciplinar e antirracista, representou um convite para abordar de forma integrativa e inovadora o tema. A ação foi promovida pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi/Unesc) com apoio do Núcleo de Estudos em Gênero e Raça (Negra/Unesc).

Além da entrega pública de livros para a Biblioteca Professor Eurico Back, da Unesc, e para o Colégio Unesc, também foram reservados exemplares para diversos núcleos de pesquisa com temáticas relacionadas às comunidades quilombolas e ao povo negro. Além de exemplares doados aos cursos de Direito e História, os quais estiveram intimamente articulados com a construção da obra.

Circuito cultural

Durante a manhã, os livros foram entregues no Colégio Unesc, seguidos por um diálogo com os estudantes para ressaltar a importância de os professores ensinarem didáticas relacionadas às comunidades quilombolas por meio das disciplinas fundamentais.

No período da tarde, ocorreu a entrega oficial dos exemplares da obra para a Biblioteca, ação que teve a presença da gestão superior. Já à noite, no palco do projeto Quintas Culturais, uma roda de conversa aberta ao público reuniu diretores escolares, coordenações pedagógicas, membros da comunidade quilombola e o secretário da Educação do município de Forquilhinha, Félix Hobold.

Hobold destacou a importância de estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional. “A Lei nº 10.639 representou mais um avanço em direção a uma sociedade efetivamente antirracista, e as literaturas sociais exercem influência na ação do movimento negro brasileiro. Por meio desta obra, buscamos fornecer aos professores uma base sólida para educar de forma inclusiva e promover justiça social a médio e longo prazo, além de informar e conscientizar sobre as comunidades quilombolas nas escolas, com uma linguagem acessível”, ponderou o secretário.

Responsabilidade coletiva

A coordenadora adjunta do Núcleo de Estudos Negros da Unesc (Negra/Unesc), Lucy Cristina Ostetto, considera o evento como um marco que pode inspirar outras narrativas construídas a partir da pesquisa realizada pela autora. “A importância da literatura escrita por uma pesquisadora negra, que aborda a comunidade quilombola, é fundamental para o fortalecimento da Lei Federal nº 10.639/03”, afirmou.

Lucy ressalta a importância da circulação de literaturas com funções sociais. “Esta  literatura, irá trazer à tona outras narrativas protagonizadas pelos sujeitos que construíram e continuam na luta pela certificação das terras. Apesar de representar um momento de resistência, o encontro dessa noite é também um ato de confraternização, pois compartilhamos, por meio da obra, o anseio por um mundo mais justo, igualitário e livre de racismo”, expressou.

A pesquisadora representante do Neabi, psicóloga Janaína Damásio Vitório, observa que muitas pessoas desconhecem a existência da comunidade quilombola, que está tão próxima. “Considero as comunidades como espaços enriquecedores de conhecimento e sempre incentivo o consumo dos produtos produzidos por elas. Espero que o projeto de pesquisa se torne um instrumento contínuo e agregador nessa luta. Além disso, acredito que cada um de nós tem a responsabilidade de potencializar os espaços de referência”, ressaltou Janaína.

Literatura como ferramenta de conscientização quilombola

O livro é fruto da vivência da autora na comunidade quilombola, que se tornou seu campo de estudo durante a formação acadêmica no curso de Direito na Unesc, em 2008. A partir do campo de pesquisa, a autora prosseguiu com o mestrado na Universidade Federal.

A obra surge em decorrência da aplicação da Lei Paulo Gustavo no município de Forquilhinha. “O projeto foi elaborado dentro dos requisitos necessários para contemplar publicações sobre comunidades quilombolas e o objetivo é trazer atenção para a luta da comunidade em busca da titulação do território, com destaque para a comunidade quilombola de Pedra Branca (localidade São Roque)”, explicou Louvani Sebastião.

A autora também compartilhou a experiência durante os 15 dias em que esteve nas comunidades. “O compromisso com a escrita coletiva se manifestava em rodas de conversa, relatos de luta e histórias. Apesar da presença de um questionário pré-estabelecido, foram nas conversas espontâneas que os diálogos fluíram melhor, e que as lutas se evidenciavam. Então compreendi a necessidade de mediadores com postura ética para lidar até mesmo com as denúncias relatadas”, considerou a professora.

Da academia para a sociedade

Toda a experiência possibilitou à autora a publicação de parte dos dados, disponibilizando-os para a comunidade acadêmica e para a sociedade. Para transformar a pesquisa em literatura, o material foi revisitado e adaptado para uma linguagem acessível, com objetivo por meio dos escritos, dar destaque às comunidades remanescentes do quilombo.

“O ato simbólico, representado pela entrega ao acervo da Biblioteca Central da Unesc, reafirma o compromisso da Instituição com a eliminação de todas as formas de discriminação dos processos de ensino e aprendizagem que possibilitam a todos o acesso a uma educação multicultural e transdisciplinar, conforme proposto pela política valorativa inclusa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei federal número 10.639 de 2003”, informa o cerimonialista do evento, professor Douglas Vaz Franco do Neabi.

A norma visa garantir o ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino do território brasileiro. O que torna necessário oferecer suporte pedagógico aos profissionais nas escolas públicas e privadas, juntamente com a ampliação e fortalecimento da educação antirracista, para potencializar os conhecimentos étnico-raciais e envolver as diversas intelectualidades negras, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.

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