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No Dia do Transtorno Bipolar, pesquisadora da Unesc fala sobre a importância do diagnóstico e tratamento  

A professora faz parte do Grupo de Pesquisa de Transtorno Bipolar, do Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc (Fotos: Daniela Savi/AgeCom)

Marcado por alterações de humor, que se oscilam entre episódios de depressão e hipomania e ou mania, o Transtorno Bipolar acomete entre 1% a 2% de pessoas em todo o mundo, o equivalente a 140 milhões de pessoas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e é um dos transtornos mentais mais graves existentes. Por isso, no Dia Mundial do Transtorno Bipolar lembrado nesta quarta-feira (30/03) a professora doutora Samira Valvassori, que coordena o Grupo de Pesquisa em Transtorno Bipolar, do Laboratório de Psiquiatria Translacional, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc, fala sobre a importância de estimular a busca pelo tratamento, minimizando os efeitos do transtorno e promovendo o equilíbrio emocional.

A pesquisadora conta que o transtorno acomete tanto homens quanto mulheres e pode se manifestar especialmente na virada da adolescência para a idade adulta com gatilhos ou primeiros episódios. Conforme ela, o transtorno é caracterizado por mudanças importantes no humor nas quais o paciente experimenta oscilações de humor, que giram em torno de episódios de mania e depressão. Às vezes ocorrem estados mistos quando o paciente apresenta no mesmo dia, mania e depressão. A mania se caracteriza pela euforia, hiperatividade, grandiosidade, por gastos excessivos e por comportamentos de risco. Já a depressão se caracteriza pela falta de prazer, tristeza profunda, perda de sono e outros sintomas. “É importante ressaltar que para marcar o diagnóstico, essas alterações de humor precisam ser importantes o suficiente para prejudicar a vida social do indivíduo, o trabalho ou o convívio familiar”, pontua.

Segundo Samira, a causa exata do transtorno bipolar não é conhecida. O que se tem são hipóteses. “Acredita-se que o desenvolvimento dessa condição médica seja influenciado por uma combinação de fatores, como genética, hábitos de vida e meio ambiente. Entretanto, supõe-se também que nem toda a pessoa que tem o substrato genético vá desenvolver a condição e que o meio ambiente vá contribuir para o desenvolvimento”, analisa.

A professora doutora ressalta ainda a importância da ajuda de profissionais para o diagnóstico e tratamento permitindo que ele tenha uma vida normal. Portanto, o diagnóstico é feito por meio de entrevista clínica com psiquiatra e o tratamento conta com medicamentos que atuam como estabilizadores do humor, impedindo que haja novos episódios de humor. O tratamento deve também contar com terapia com psicólogo que, dentre outras coisas, ajuda o paciente a entender quando terá novos episódios de humor, como funcionam as medicações e a importância do tratamento.

Além do tratamento com psiquiatra e psicólogo, profissionais da área da Educação Física e Nutrição também devem ser incluídos na equipe multiprofissional para o tratamento do Transtorno Bipolar. Estudos mostram que mudanças no estilo de vida, como o fim do consumo de substâncias psicoativas, como cafeína, anfetaminas, álcool e drogas, o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e de sono e a redução dos níveis de estresse ajudam substancialmente no tratamento.

Diagnóstico precoce

De acordo com Samira, o diagnóstico precoce é importante para prevenir a deterioração física e cognitiva associado ao transtorno, além de melhorar a qualidade de vida da pessoa. “Estudos mostram que existe uma progressão da doença, o que acarreta no agravamento dos episódios de humor”, analisa Samira, observando ainda que o preconceito está entre as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas portadoras de transtorno bipolar.

Conforme ela, o sonho de qualquer pesquisador é descobrir um diagnóstico mais efetivo. “Atualmente, temos a entrevista clínica. Entretanto, não existe um exame laboratorial para o diagnóstico da bipolaridade, mas, para descobrirmos precisamos saber quais as alterações fisiopatológicas específicas acontecem nessa condição clínica. A esperança é que a cada dia que passa estamos evoluindo nas pesquisas”, projeta.

Pesquisa em Criciúma

Atuando há 20 anos na pesquisa pré-clínica com animais experimentais e na pesquisa clínica com pacientes, o grupo, o primeiro no mundo que conseguiu desenvolver um modelo animal de transtorno bipolar, em que um mesmo animal apresenta comportamentos do tipo depressivos e do tipo maníaco, visa entender aspectos da fisiopatologia do transtorno e testar novos fármacos. “Na parte pré-clínica buscamos testar substâncias com potencial estabilizador de humor. Já com pacientes, buscamos entender como as alterações a nível celular e comportamental se interligam”, afirma Samira.

A professora explica ainda que o grupo composto por professores e alunos de mestrado, doutorado e de iniciação científica, está fazendo um mapeamento nas Unidades de Saúde do Município de Criciúma, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e nas clínicas particulares da cidade com a intenção de avaliar o número de pessoas com transtorno bipolar na cidade. “Essa pesquisa deve ficar pronta no início do próximo ano e vai auxiliar no diagnóstico e no tratamento, o que é muito importante e fundamental para a população”, finaliza.

 

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