O cotidiano e os desafios do esporte de alto rendimento foram abordados na manhã desta sexta-feira (7/8) durante o webinar “Formação de Atletas Olímpicos e Paralímpicos: Diálogo de treinadores e preparadores físicos”. O evento virtual realizado pelo curso de Educação Física da Unesc reuniu professores, estudantes e profissionais da área e teve como convidados treinadores que atuam com atletas de alto rendimento. O webinar foi transmitido pelo canal da Unesc TV no Youtube e pode ser conferido pelo link.
O evento foi mediado pela professora Viviane Candiotto, que também é coreógrafa da Cia de Dança da Universidade, e pelo acadêmico da sétima fase Yuri Pinheiro. Segundo Viviane, a proposta do webinar foi dialogar entre treinadores e preparadores físicos e uma oportunidade de fortalecer os vínculos da profissão e levar os relatos das experiências para os acadêmicos. “O objetivo foi socializar, compartilhar como o esporte, além da atividade física é um catalizador de paixões. O rigor técnico e as exigências impostas aos atletas e treinadores são poucos comentados”.
Para o coordenador do curso de Educação Física, Joni Márcio de Farias, o momento pandêmico veio fortalecer os profissionais de Educação Física. “A comunidade científica mostra a necessidade e a importância de as pessoas serem fisicamente ativas, o que minimiza o impacto de uma série de doenças. Não somos a profissão do futuro, somos o futuro. É necessário que nós, enquanto profissionais, nos desafiarmos e fazermos uma entrega com maior qualidade”, afirma.
Trabalho na pandemia
A treinadora de ginástica artística do Grêmio Náutico União, no Rio Grande do Sul, Luciana Motta de Araújo, comenta que os profissionais estão tendo que se adaptar e fazer com que as crianças não fiquem paradas, porque o exercício físico é muito importante. “Na ginástica artística se parar 15 dias, perde muito do trabalho físico. Então todos os professores estão trabalhando todos os dias de forma online. Passamos o treino e eles executam. No nosso clube, apenas os atletas de ponta estão treinando no local, mas em dias alternados e com um número restrito de atletas”.
O coordenador técnico do tênis de mesa paralímpico e professor da Unesc, Alexandre Ghisi, comenta que quem quer seguir como técnico no esporte, deve estudar muito, já que para contribuir com a formação de alguém é preciso estar preparado. “Tudo vai voltar ao normal e quando voltar, vamos estar à frente dos outros? A resposta é sim, se a gente aproveitar o tempo para se capacitar e aprender. O processo de formação tem que ser teórico, mediado, mas também tem que ser na prática”, comenta.
Formação de atletas olímpicos e paralímpicos
O mestre em Movimento Humano e conselheiro do Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul (Cref/RS), Carlos Ernani de Macedo, afirma que os profissionais da Educação Física que atuam como treinadores paralímpicos devem olhar para as pessoas com deficiência de forma individual, já que cada atleta tem uma necessidade diferente. “É preciso se fazer um profundo estudo individual de músculos, articulações e dos que podem ser treinados e focar no que pode ser modificado”.
O técnico de atletas brasileiros em cadeira de rodas nas Paralimpíadas de Londres e do Rio de Janeiro, Eduardo De Vasconcelos Nunes, afirma que os treinos destes atletas têm colaborado com a melhora inclusive da qualidade de vida deles, já que muitos desenvolvem musculaturas que o sedentarismo não trabalhava.
Nunes ainda falou sobre a formação de atletas de alto rendimento no Brasil, e mencionou a necessidade de se ter uma estrutura de esporte escolar. “Os atletas deveriam ser formados na escola e ir aos clubes apenas para se aperfeiçoar. O professor de Educação Física na escola é peça fundamental para isso. Hoje as crianças sonham em ser jogadores de futebol e menos de 1% vai ser. E quantos desses meninos e meninas seriam talentos em outras áreas se tivessem estímulo dentro da escola. Os Estados Unidos é uma potência em termos de esporte porque ele é muito forte nas escolas. Eles investem na formação de atletas inclusive durante faculdade”.
A mestre em Ciência da Saúde e em Ciências Cirúrgicas e preparadora física de atletas paralímpicos de esgrima e natação, Cristiane Vidor, sugere que quem quiser trabalhar na formação de atletas de alto rendimento deve conhecer outras áreas para ter conhecimento de como é o corpo das pessoas e as deficiências que cada um possui. “O mundo do paradesporto é muito profissional. Hoje quando se fala sobre o atleta paraolímpico de alto rendimento, é como se falasse do olímpico. O treinamento deles é tão qualificado e tão exigente quanto”.
A coordenadora técnica da Ginástica Artística Feminina da Confederação Brasileira de Ginástica e da Federação de Ginástica do Rio Grande do Sul, Adriana Alves, contou a sua experiência como treinadora, abordou a importância da família no suporte ao processo de formação do atleta, que requer muita disciplina, treinos e dedicação.
“O que nos move é a paixão pelo esporte. Não existe sucesso sem trabalho, sem comprometimento, dedicação. Nós treinadores não nos dedicamos apenas na hora que estamos com o atleta, mas fora desse período a cabeça não para de buscar e planejar”.