Um encontro diferente que definiu os novos passos a serem seguidos pelos professores participantes do projeto Comunidade de Aprendizagem da Unesc. Assim foi o encontro desta quinta-feira (28/11), que definiu aquele que pode ser o ápice de todas as reuniões desde o início do grupo: a escrita de um livro.
Segundo a Diretora de Ensino Presencial da Unesc, Gislene Camargo, o livro faz parte do edital que regula a participação de cada docente na comunidade e poderá ser escrito em dupla, trio ou mesmo individual.
“A pergunta que vai nortear essa escrita é dizer como os encontros semanais contribuíram para a prática docente deles”, explica Gislene.
Vida e medicalização
No encontro realizado no dia 21 de novembro, a convidada, professora Dipaula Minotto, abordou sobre a “Patologização e Medicação da Vida”. Segundo ela, a medicalização da vida é uma maneira de reduzir questões consideradas complexas do cotidiano humano em situações que possam ser resolvidas exclusivamente pelo saber médico.
“É um fenômeno cultural não recente que aparece desde o surgimento da medicina. O discurso e a forma como o saber médico se coloca popularmente, dá a entender que a população de que ela perde autonomia para tomar decisões consideradas comuns”, explica.
Conforme Dipaula, lembra ainda que o debate sobre medicalização não se trata de desvalorizar a importância da medicina ou saber médico, mas, sim, de um tipo de efeito colateral que surge dessa relação que leva alguns indivíduos a delegar responsabilidade de suas escolhas. Também destacou que melhorar os laços sociais, convivência e práticas pedagógicas, é um meio de cuidar da saúde e prevenir o sofrimento.
Inteligência artificial
O encontro mais recente da Comunidade de Aprendizagem, apresentado pelo professor Guilherme Alves Elias, abordou o tema “Aplicação de Inteligência Artificial para Criação de Materiais Didáticos e Ferramentas de Avaliação”. Segundo ele, a Inteligência Artificial (IA) representa uma mudança significativa na educação, permitindo que os professores otimizem o tempo dedicado a tarefas repetitivas, como a criação de materiais e avaliações. Isso possibilita que foquem mais no desenvolvimento e na interação pedagógica.
“Com essas tecnologias, por exemplo, é possível personalizar a aprendizagem para atender às necessidades de cada estudante, criando um ambiente mais inclusivo e dinâmico. Ferramentas de IA também ajudam a monitorar o progresso individual, facilitando a identificação de áreas que requerem reforço”, afirma.
Ainda de acordo com o professor, no que se refere ao cenário de avaliações, a IA pode automatizar a correção de provas objetivas e, em alguns casos, até oferecer feedback detalhado sobre questões discursivas, trazendo mais agilidade e precisão para o processo avaliativo.
“Para o professor, adotar essas tecnologias significa não só ganhar em eficiência, mas também ter a oportunidade de inovar no processo pedagógico, criando uma experiência mais envolvente e alinhada às competências que o século 21 demanda”, avalia.
(Fotos acima: Divulgação/Agecom/Unesc)
Métodos de Avaliação
O encontro foi híbrido, ou seja, presencial e transmitido online. Com isso, houve a utilização de uma câmera posicionada no teto da sala, acima da mesa do professor, os docentes presentes no dia 31 de outubro , puderam acompanhar as informações da professora Alanna Carvalho. Na ocasião, o tema discutido foi “Avaliação Processual no Ensino Superior”, tema elencado pelos integrantes do grupo e aprovado no Edital 519/2023 – Programa Institucional para Desenvolvimento Profissional na Docência do Ensino Superior conduzido pela Assessoria Pedagógica Universitária da Unesc.
No encontro, a professora Alanna, que participou de modo online, compartilhou a própria experiência consolidada como gestora e docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus Horizonte. Ela levantou pontos importantes relacionados à forma como o instrumento avaliativo é construído e analisou a validação da sua eficácia. “O planejamento, replanejamento ou intervenção mediante os resultados é a tomada de decisão sobre os dados avaliados em tempo hábil, para que a aprendizagem dos acadêmicos expresse resultados cada vez mais efetivos”, explica Alanna.
Além disso, ela explicou que o processo avaliativo não pode ser limitado à obtenção de resultados, pois precisa ter conexão com as proposições do ensino e assertividade nas intervenções para o avanço individual do estudante durante o processo de aprendizagem.
(Fotos acima: Divulgação/Agecom/Unesc)
Retorno
No primeiro encontro, após o recesso de 15 dias devido a Semana de Ciência e Tecnologia (SCT), os professores retomaram as discussões iniciadas em 10 de outubro. Na ocasião, a reunião foi mediada pela própria Assessoria Pedagógica.
De acordo com uma das assessoras pedagógicas, Ana Paula Silva dos Santos, no dia 24 de outubro, os docentes compartilharam e analisaram reflexões surgidas a partir da leitura de três capítulos do livro ‘Avaliação para a Gestão da Aprendizagem no Ensino Superior’, de Débora Mallet. “A proposta é que, ao compreender as perspectivas dos colegas e refletir sobre as próprias vivências relacionadas ao tema, eles possam construir juntos um novo mapa mental sobre o assunto”, comenta.
“Ao formular esses mapas mentais individuais, os professores alcançam um nível mais profundo de compreensão e aproveitamento do conteúdo. Só a leitura por si só, pode resultar em uma visão superficial, mas, ao sintetizar, estruturar e organizar as ideias, eles podem absorver e entender melhor”, explica.