O cooperativismo tem se consolidado como uma das mais importantes forças econômicas e sociais de Santa Catarina. Atualmente, cerca de 4,7 milhões de pessoas estão associadas a alguma das 900 cooperativas ativas, o que representa 58% da população. Esse contexto reforça a relevância do tema escolhido para o 17º Encontro de Economia Catarinense, realizado nesta semana na Unesc: “Desenvolvimento e Cooperativismo”.
O evento é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) da Universidade, em parceria com a Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense (Apec), e se consolida como um dos principais fóruns acadêmicos dedicados à reflexão sobre os rumos da economia em Santa Catarina e no Brasil. A edição de 2025 propõe um olhar atento ao papel do cooperativismo como impulsionador do desenvolvimento sustentável, da inclusão econômica e da geração de renda.
“O PPGDS é um programa que compreende profundamente os propósitos de uma Universidade Comunitária e as necessidades da nossa região. Foi o primeiro da área de Ciências Sociais Aplicadas da Unesc e, desde então, constrói histórias marcantes. Falar sobre cooperativismo é tratar de um propósito coletivo, com pessoas unidas por um ideal comum. A Unesc nasceu exatamente assim: da força viva da sociedade, que aprovou a criação da Fundação Educacional de Criciúma. Há 57 anos, a nossa missão é transformar vidas por meio de pessoas”, ressalta a vice-reitora Gisele Silveira Coelho Lopes.
Ampla programação
A programação incluiu palestras, mesas-redondas, painéis com especialistas e apresentações de trabalhos científicos, criando um espaço rico para o intercâmbio de ideias, a formação de redes de pesquisa e o debate qualificado.
“Para realizar um evento como este, contamos com o apoio de muitas pessoas. Recebemos participantes de lugares como Chapecó, Sergipe e até da Argentina, o que reforça a representatividade do encontro. Quando decidimos que seria na Unesc, propusemos o tema do cooperativismo pela nossa experiência no tema e pela forte relação com as cooperativas. Além disso, 2025 é o ano do cooperativismo”, explica o coordenador do PPGDS e do evento, Dimas de Oliveira Estevam.
O curso de Ciências Econômicas da Unesc também é apoiador da iniciativa, que oferece uma oportunidade ímpar para aprofundar o entendimento sobre os caminhos da economia regional, especialmente sob a ótica do cooperativismo, modelo que impacta positivamente a vida de milhões de catarinenses.
“Somente as cooperativas associadas à Ocesc movimentaram R$ 91 bilhões em 2024. O setor emprega 102 mil pessoas em Santa Catarina, o que gera enorme impacto na economia do estado. A academia tem papel essencial para compreendermos a importância e o futuro do cooperativismo”, ressaltou o superintendente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Ricardo Miotto.
A vice-presidente da Apec, Rossandra Oliveira Maciel de Bittencourt, também salienta a importância do evento para a formação de novos economistas e pesquisadores. “A Apec surgiu com o objetivo de criar um espaço de discussão qualificada para os estudantes. Já são mais de mil artigos apresentados e 50 palestras organizadas. Debater o cooperativismo neste momento, em que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU o colocam em evidência, é parte do nosso compromisso”, fala.
Entre os apoiadores do evento está também a Epagri. Conforme o representante da entidade, Marcelo Silva Pedroso, o cooperativismo vai além da economia, sendo estratégia econômica e questão de valores sociais. “Sempre enxergamos o cooperativismo como oportunidade de desenvolvimento. Viemos de uma região historicamente menos favorecida e, hoje, temos o maior percentual de cooperativas do estado”, diz.
Palestra internacional
Entre os destaques da programação, esteve a palestra do professor espanhol José Daniel Gómez López, doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Alicante, com pós-doutorado pela Universidade de Nimega, na Holanda. López é ainda diretor do grupo de pesquisa “Cooperativismo, Desenvolvimento Rural e Empreendimentos Solidários na União Europeia e América Latina”. Na Unesc, ele falou sobre as “Cooperativas Agroalimentares na Espanha: Transformações, Compromisso Social, Inovação Tecnológica e Comercial”
“As cooperativas agroalimentares na Espanha alcançaram um novo patamar, agregando valor por meio de transformação, inovação e compromisso social. Cada região é especializada em um tipo de produção, o que gera diferentes modelos cooperativos, assim como ocorre no Brasil”, comenta.
