A relação histórica entre o homem e o mar, entre os pescadores e os botos, ganhou destaque neste fim de semana, durante a programação da Semana do Meio Ambiente em Araranguá. Na Praça Hercílio Luz o público que passou pelo estande da Unesc, parceiro do evento promovido pela Fundação do Meio Ambiente (Fama) e pelo Samae, conheceu de perto um dos projetos mais simbólicos da conexão entre ciência, natureza e comunidade: o Projeto Botos do Araranguá.
Iniciativa do curso de Ciências Biológicas, ele é desenvolvido desde 2019 e tem como foco o monitoramento da população de boto-de-Lahille no estuário do Rio Araranguá e na zona costeira adjacente, além de resgatar as históricas práticas de pesca cooperativa entre homens e botos, uma tradição única no Sul de Santa Catarina.
“O Projeto Botos é mais que ciência. Ele é um elo entre o conhecimento acadêmico, a história das comunidades pesqueiras e a participação ativa da sociedade. Nós trabalhamos com o conceito de ciência cidadã, em que qualquer pessoa pode contribuir com dados, relatos de avistamentos, fotos ou vídeos”, comenta o coordenador do projeto e professor da Unesc, Rodrigo Machado.
Educação que encanta
No estande montado na praça, o projeto foi apresentado de forma lúdica, especialmente para o público infantil. Brincadeiras educativas, materiais informativos e conversas com estudantes e professores aproximaram crianças e adultos dos encantos dos botos e da importância da preservação dos ecossistemas marinhos.
“A ideia foi mostrar de forma acessível o valor ambiental, econômico e cultural que os oceanos e os rios têm para a nossa vida. Além disso, começamos a desenvolver um projeto maior dentro da Universidade, que trata da cultura oceânica, e os Botos de Araranguá estão totalmente alinhados a isso”, revela.
Como Universidade Comunitária, a Unesc está presente diariamente na comunidade com iniciativas que beneficiam a sociedade do Sul catarinense. “Reconhecemos a importância da temática ambiental, sendo, inclusive, uma das causas defendidas pela Instituição. Cuidar do meio ambiente também é promover educação, e a Unesc, por meio da Extensão universitária, leva conhecimento e conscientização à comunidade sobre esse tema tão relevante”, comenta a reitora em exercício, Gisele Silveira Coelho Lopes.
Ampliação
Conforme Machado, o projeto deve intensificar a atuação junto às escolas da região ao levar educação ambiental para as salas de aula e convidar alunos e professores a se tornarem observadores e defensores do meio ambiente.
“A cultura oceânica quer mostrar que os oceanos não são um lugar distante, são parte da nossa vida. A pesca cooperativa com botos, que ressurgiu em Araranguá, é uma herança valiosa e mostra como a natureza e a sociedade podem caminhar juntas. Queremos valorizar isso, e nada melhor do que começar pelas crianças”, pontua.
