
O pesquisador da Unesc Felipe Dal Pizzol alcançou mais um um marco importante para a ciência brasileira com a aprovação de proposta na chamada pública do programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Com a conquista, a Universidade receberá mais de R$ 10,8 milhões destinados ao desenvolvimento de pesquisas de alto impacto científico e tecnológico.
O INCT tem como objetivo consolidar redes de pesquisa em áreas estratégicas, estimulando a inovação e a produção de conhecimento voltado a desafios nacionais. Entre os projetos contemplados está o que investiga síndromes associadas à medicina intensiva, como sepse e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), sob coordenação de Dal Pizzol.
O professor integra os programas de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde da Universidade, avaliados com conceito 7 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em 2024, ele foi reconhecido como o pesquisador mais relevante e produtivo do mundo no campo da encefalopatia associada à sepse, destaque publicado na revista Frontiers in Medicine. Neste ano, Dal Pizzol também figurou como o 34º pesquisador mais citado do país, segundo o novo ranking internacional Research.com, que avalia a produção científica global.
De acordo com a reitora em exercício da Unesc, professora Gisele Silveira Coelho Lopes, a conquista demonstra a maturidade e a relevância da Universidade no cenário nacional e internacional da Pesquisa. “Essa aprovação mostra que a Unesc está consolidada na Pesquisa de alto nível e pronta para liderar grandes projetos capazes de resolver problemas da sociedade brasileira”, destacou, acrescentando o orgulho pelo protagonismo da Universidade no cenário científico nacional e internacional.
Conforme Dal Pizzol, as síndromes associadas à medicina intensiva, como a sepse e a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), apresentam elevada prevalência, estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade e geram impactos socioeconômicos expressivos, tanto pelos custos diretos quanto pelos indiretos.
“A relevância da sepse levou à sua inclusão entre as prioridades globais de saúde definidas pela Organização Mundial da Saúde. Embora essas síndromes compartilhem mecanismos fisiopatológicos semelhantes, a diversidade dos pacientes representa um grande desafio para o desenvolvimento de terapias inovadoras e eficazes”, pontua.
Ainda de acordo com o pesquisador, a caracterização dos pacientes em variações a partir da integração de dados clínicos e de informações obtidas por meio de ferramentas tecnológicas, é fundamental para que seja possível aplicar estratégias de intervenção direcionadas e personalizadas, por meio da lógica da medicina de precisão.
Segundo ele, ainda são escassos, na literatura internacional, estudos que utilizem essa abordagem de forma sistemática em medicina intensiva, e o Brasil precisa de dados representativos que reflitam sua própria realidade. “Nosso objetivo principal é caracterizar padrões subfenotípicos em larga escala em pacientes criticamente enfermos no país, para aprimorar a estratificação de risco e prognóstico, além de identificar novas possibilidades terapêuticas baseadas em medicina de precisão”, explicou.
Para atingir essa meta, o projeto conta com uma rede de excelência composta por pesquisadores clínicos e translacionais especializados em pacientes críticos, vinculados a universidades, institutos de pesquisa, hospitais de referência nacionais, organizações sociais sem fins lucrativos e instituições internacionais de ponta.
Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão, Vanessa Moraes de Andrade, a conquista do professor Felipe é um reflexo da excelência da Pesquisa desenvolvida na Unesc e do compromisso da Universidade em contribuir para soluções de impacto na saúde. “Projetos como esse colocam nossa Instituição em destaque no cenário científico internacional e, ao mesmo tempo, demonstram a relevância social da ciência feita aqui, que olha para os grandes desafios da medicina e busca respostas inovadoras para melhorar a vida das pessoas”, enfatizou Vanessa.
Avaliação
Na avaliação de Dal Pizzol, o INCT está estruturado para suprir uma lacuna crucial na medicina intensiva, tanto no Brasil quanto no cenário global, ao promover o desenvolvimento e a aplicação prática da medicina de precisão em pacientes críticos.
“Esse será um ponto de partida para inovações com elevado potencial de impacto nos quatro componentes do complexo médico-industrial brasileiro, que envolvem: cuidado em saúde; formação de profissionais; produção de equipamentos; e produção de medicamentos. Em última análise, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, os avanços médico-científicos obtidos pelo INCT de Medicina Intensiva também contribuirão para a redução de custos e para o fortalecimento da balança comercial relacionada ao complexo médico-industrial do país”, finalizou o pesquisador.
Saiba mais sobre o programa
O programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) é uma iniciativa do MCTI, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outras instituições. Criado em 2008, o programa fomenta a criação de redes de pesquisa em temas estratégicos, promovendo a cooperação internacional.
A chamada pública de 2024, intitulada INCT 46/2024, tem como objetivo apoiar a criação e manutenção de novos institutos no Brasil, fortalecendo a pesquisa nacional e impulsionando o desenvolvimento científico e tecnológico.
“Esse é um dos programas mais fundamentais de toda a ciência brasileira para fortalecer e aprimorar o nível da pesquisa no país. A chamada foi bastante robusta, um recorde histórico para chamadas em INCT, com uma demanda muito bem qualificada. Conforme possibilitado pelo edital, itens 1.3 (parcerias) e 4.1.2 e 4.1.3 (recursos financeiros), esperamos conseguir recursos complementares junto às fundações estaduais de pesquisa para apoiar propostas que, embora muito bem qualificadas, ficaram em segunda prioridade. Isso é muito importante para o fortalecimento da ciência no país”, afirma o presidente do CNPq, Ricardo Galvão.