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Encontro realizado na Unesc fortalece a mobilização de Mulheres Negras no Sul de Santa Catarina

Evento regional abordou a participação na Marcha das Mulheres Negras (Fotos: Divulgação)

No último sábado (12/7) o Auditório Edson Carlos Rodrigues, na Unesc, foi palco de um importante encontro que reuniu cerca de 50 mulheres negras da região Sul de Santa Catarina, de Passo de Torres a Laguna. O evento teve como objetivo impulsionar a articulação regional da Marcha das Mulheres Negras, fortalecendo o protagonismo, a escuta coletiva e as ações de base para a transformação social.

O encontro trouxe reflexões sobre o significado político e histórico da Marcha das Mulheres Negras no Brasil e sobre a importância de construir caminhos de organização a partir das vivências e lutas das mulheres negras da região. 

A programação contou com grupos de discussão, nos quais foram abordados temas como racismo estrutural, saúde da população negra, educação, geração de renda, religiosidades de matriz africana, violências e direitos.

Para Janaína Damásio Vitório, coordenadora da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas, que fez parte da organização do evento como membro do Comitê de Organização Estadual e do Comitê de Organização Regional, realizar esse encontro em  Criciúma com tantas mulheres negras da região Sul de Santa Catarina, é um ato de coragem, memória e compromisso com a luta ancestral. 

“Durante décadas, as feministas brancas se mostraram indiferentes ou incapazes de compreender as nossas demandas. Mesmo assim, seguimos. Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e tantas outras companheiras que abriram caminhos em tempos de silenciamento. Nossa presença aqui desafia o mito da democracia racial brasileira, que sempre tenta invisibilizar nossos corpos, nossas vozes e nossas histórias. Enquanto o Brasil vendia ao mundo a imagem de um paraíso tropical, o corpo da mulher negra, era objetificado como símbolo da brasilidade, apagando nossa subjetividade e nossa potência política”, destaca.

Conforme Janaína, o momento representou não apenas a reafirmação da força das mulheres negras no território Sul-catarinense, mas também o fortalecimento de redes e alianças em torno de um projeto de sociedade mais justo, antirracista e equitativo.

Segundo a professora Normélia Ondina Lalau de Farias, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade e que fez parte da organização do evento como membro do Comitê de Organização Estadual e do Comitê de Organização Regional,  a importância do encontro para entender o objetivo da marcha , conhecer seu histórico e como ela surgiu e organizar uma forma de chamar outras mulheres negras do Sul do Estado a participarem e a buscar por recursos para suas participações além de mostrar que em SC as mulheres estão presentes. “Principalmente que as que fizerem parte da marcha sejam vozes das que não possam ir, precisamos de reparação sim e principalmente o bem viver”, salientou.

Maria Estela Costa da Silva, coordenadora do Comitê Estadual e do Comitê Regional da Impulsionador da Marcha de Mulheres Negras menciona que foi um encontro muito significativo para as  mulheres negras da região Sul no qual foi possível reafirmar o motivo pelo qual a Marcha existe.

“Marchamos pelo direito à vida, em defesa da democracia pelo direito à humanidade pelo respeito aos nossos direitos e pelo reconhecimento e valorização das diferenças de gênero, de raça, etnia e de sexualidade de classe sociais em que vigora a versão ultraneoliberal. Também marchamos por reparação histórica econômica social, politica e cultural, isto é, para que tenha impactos estruturais. Marchamos pelo bem viver como paradigma realizável e que, diante de uma prática política contra a desordem mundial, geopolítica e dos retrocessos nas políticas de direitos humanos, configura para nós um valor inegociável. Portanto, convidamos a todos que venham participar da construção coletiva e plural deste novo pacto, social ético e politico, por uma sociedade onde possamos livremete com justiça, igualdade de direitos de oportunidades e de condições na vida”, pontuou.

A Marcha das Mulheres Negras volta a acontecer nacionalmente em 2025 com expectativa de reunir um milhão de pessoas após a última edição, em 2015, ter reunido 40 mil mulheres.

 

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