
Teve início nesta segunda-feira (25/8), as capacitações do projeto de Extensão da Unesc, intitulado “Geoparque Mundial da Unesco Caminhos dos Cânions do Sul: Cartografando o Patrimônio Arqueológico e a História e Cultura dos Povos Indígenas como Subsídio para os Processos Educativos no Ensino Fundamental”. A iniciativa é da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão (Propiex), por meio da Diretoria de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias, com execução do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), e apoio dos cursos de História e Ciências Biológicas e do Laboratório de Arqueologia Pedro Ignacio Schmitz (Lapis).
Professores das redes de ensino, representantes dos eixos de Educação e da Cultura, dos setes municípios integrantes do Caminhos dos Cânions do Sul Geoparque Mundial da Unesco, participaram pela manhã das atividades com temas relacionados à arqueologia, povos indígenas, povos tradicionais, educação patrimonial, e, na parte da tarde, de oficinas temáticas. A recepção ocorreu no Lapis, que fica situado no Parque Científico e Tecnológico da Unesc (Iparque).
Segundo o professor do PPGCA, pesquisador do Lapis e coordenador do projeto, Juliano Bitencourt Campos, a proposta visa, além de trabalhar com educadores e alunos, produzir uma cartografia didática.
“Será um material educativo para ser trabalhado nas escolas nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental como forma de contribuir com a abordagem do patrimônio Arqueológico e a História indígena nos municípios integrantes do Caminhos dos Cânions do Sul Unesco Global Geopark (CCSUGGp). Sabe-se que um dos objetivos da Universidade é produzir e socializar os conhecimentos com a comunidade e, neste sentido, o projeto envolve as escolas também na produção deste material por meio de oficinas de Educação Patrimonial, palestras e workshop, como também instrumentalizar os educadores para que possam utilizar este material que será produzido, mesmo com o término do projeto”, ressaltou Bitencourt.
Conforme Bitencourt, o projeto atual é uma continuidade de iniciativas anteriores, como “Arqueologia Pública no Extremo Sul Catarinense: Patrimônio Arqueológico e a História e Cultura dos Povos Indígenas nas Séries Iniciais”, realizada entre 2021 e 2022, e teve como foco a produção de uma cartografia educativa que auxiliou o trabalho pedagógico nas escolas de ensino fundamental da região.
Representando a reitora em exercício, Gisele Coelho Lopes e a pró-reitora da Propriex, Vanessa Moraes de Andrade, esteve presente na abertura das atividades, a diretora de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias, professora Sheila Martignago Saleh.
Para ela, foi uma grande satisfação dar as boas-vindas aos integrantes de um projeto tão significativo e desenvolvido no Laboratório de Arqueologia da Universidade.
“Ao criar uma cartografia educativa para os educadores, abordando o patrimônio arqueológico e a história indígena nos municípios que integram o Geoparque Unesco – Caminhos dos Cânions do Sul, reafirmamos o compromisso da Unesc com a educação transformadora, com a valorização da diversidade cultural e com a preservação da memória coletiva. Este projeto é um verdadeiro convite à memória e ao diálogo. Por meio dele, estamos construindo pontes entre passado e presente, fortalecendo identidades e dando voz a culturas que são fundamentais para compreender quem somos”, analisou a diretora.
Ainda segundo Sheila, a Instituição se orgulha de promover uma Educação Patrimonial que sensibiliza, que desperta olhares e que transforma. “Mais do que formar conhecimento, queremos formar consciência — porque uma sociedade que reconhece sua história é capaz de construir um futuro mais justo, plural e humano”, concluiu.
O Geoparque esteve representado pelo diretor executivo, Gislael Floriano, pelas coordenadoras do Eixo de Educação e do GT de Cultura, respectivamente, Andréa Corrêa e Renata Job, os secretários municipais de Educação de Mampituba e Cambará do Sul, Ricardo Lumertz e Juliane Antunes, além de professores dos sete municípios do território – Torres, Mampituba, Cambará do Sul, Praia Grande, Jacinto Machado, Timbé do Sul e Morro Grande.
“A parceria com a Unesc é fundamental. Acreditamos na importância da qualificação contínua dos nossos educadores para que possam transmitir a riqueza e o valor do nosso patrimônio histórico e cultural. É um dia excepcional para nós do território, um momento especial no qual estamos conseguindo transmitir e receber muitos conhecimentos. O grande intuito é transmitir para os professores, alunos e à comunidade local, de forma simplificada, tudo que o pesquisador desenvolve em campo. Da mesma forma, também vamos estender esse conteúdo para o trade turístico. Em especial para os mais de 200 guias e condutores da região, que receberão essas capacitações”, comentou Gislael Floriano.
Sobre a Universidade, o diretor executivo destacou a importância da parceria. “A Unesc é uma das principais instituições parceiras do nosso território. Temos alguns docentes que fazem parte do nosso comitê educativo e científico do Território Geoparque e, há muitos anos, somos parceiros nas pesquisas científicas e na preparação educacional da comunidade local. A Universidade, por estar próxima do nosso território, é de fundamental importância e têm investido nessas capacitações, espero que se perpetue essa parceria por muitos e muitos anos, pois para nós é sensacional”, enalteceu o diretor executivo.
A coordenadora do eixo de educação do Geoparque, Andréa Corrêa, é egressa da Unesc, da primeira turma do curso de Ciências Biológicas e também pós graduada.
“O objetivo é levar para as nossas escolas do território de todos os municípios esse curso do qual estamos participando. Todo esse conhecimento servirá para que as nossas crianças entendam sobre a Arqueologia e na prática. O material produzido será fundamental para nós, pois temos por hábito levar os nossos alunos na reserva indigena e eles compreenderam que os habitantes do local são os verdadeiros povos originários de todo o nosso território”, comentou Andrèa.
Para a coordenadora do IGT Cultura do Geoparque, Renata Correia Jobs, a formação vai propiciar aos participantes uma visão do passado e que permite entender o presente do território.
“Quando falamos da cultura indígena, a maioria tem uma visão muito datada, muito presa ao passado. E nessa formação temos a oportunidade de entender as formas de ocupação, principalmente da cultura Guarani. Parte do território do Geoparque está na cidade de Torres e será importante conhecer toda a história das civilizações que por aqui passaram. Também será uma forma de preservar e respeitar tudo aquilo que nos será apresentado nessas capacitações”, observou Renata.
Também participaram das atividades os pesquisadores do Lapis, Francine Nazário, as mestrandas do PPGCA, Annie Souza Marques e Estefani de Oliveira Serafim, os doutorandos do PPGCA, Suliano Ferrasso, Luciano Miranda, Lucas Firmino, Júlia Gava Sandrini e José Gustavo Santos da Silva, além dos acadêmicos do curso de História e bolsistas do projeto, Luiz Miguel Ghedin e Tainá Blasius.
Ao total, cerca de 28 pessoas participaram das atividades e representaram as cidades de Torres, Mampituba,
Praia Grande, Cambará do Sul, Jacinto Machado, Timbé do Sul e Morro Grande.
Este projeto é fomentado com base nos editais n. 209/2025, n. 244/2025 e n. 333/2025 da universidade.
Geoparque
O Caminhos dos Cânions do Sul Geoparque Mundial da Unesco foi chancelado em abril de 2022, engloba dois estados brasileiros e sete municípios.
Os Geoparques Mundiais da Unesco são territórios em que se busca aliar estratégias de geoconservação e desenvolvimento regional sustentável. Estes territórios utilizam principalmente a educação e o turismo para a promoção e conservação da geodiversidade.
O território conta com duas unidades de conservação federais: os Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral. No contexto atual, o Geoparque tem como proposta um novo olhar frente à utilização, valorização e divulgação do território, impulsionando o desenvolvimento sociocultural, econômico e ambiental da região, além de fomentar a conservação do patrimônio, promoção e divulgação de pesquisas, educação com olhar para sustentabilidade, valorização dos patrimônios culturais e regionais, geração de emprego, e promover maior visibilidade no cenário nacional e internacional.