Clínicas Integradas

Unesc encerra 1º Fórum Nacional de
Fibromialgia com informação e empatia

Em dois dias de encontro, mais de mil pessoas participaram, presencial ou virtualmente, das atividades programadas (Fotos: Décio Batista/Agecom/Unesc)

Com muita solidariedade, cumplicidade, parceria, emoção e informação o 1º Fórum Nacional de Fibromialgia foi encerrado nessa quarta-feira (7/5). O evento foi realizado no auditório Ruy Hülse, desde terça-feira (6/5), por meio do Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia (Amasf) da Unesc. No segundo dia, as organizadoras prepararam uma manhã recheada de palestras e painéis informativos para um público constituído por portadoras, profissionais da saúde, professoras e vereadores ávidos em busca de conhecimento.

Abrindo os trabalhos, as palestrantes Camila Andrade Pires e a presidente da Associação Nacional dos Fibromiálgicos (Anfibro), Flávia Mesquita, abordaram o Panorama Atual das Políticas Públicas Voltadas à Fibromialgia.

Políticas Públicas

Segundo Camila, a sociedade civil, bem como as pessoas com deficiência, tem que participar nas decisões e na construção das políticas públicas.

“Levantamos o lema da pessoa com deficiência: nada sobre nós sem nós. Porque antigamente as organizações participavam dos poderes de decisão com a diretoria, que não eram pessoas com deficiência, e isso trazia leis que não eram efetivas, porque não expressavam exatamente qual era a demanda. Atualmente, temos a liberdade de poder participar e este Fórum é um marco para a construção de políticas que vão realmente atender as pessoas com deficiência, principalmente as com deficiência invisível, que não são tão respeitadas e aceitas ainda no mundo político e no Brasil”, comentou a palestrante.

Conforme a presidente da Anfibro, a abordagem foi sobre um tema muito importante e que deu início à luta da Associação. “Por ser uma associação nacional, abordei as leis que temos no país e, dentro disso, como está o avanço do reconhecimento desta síndrome no Brasil. Hoje já avançamos muito, apesar de que falta bastante para um atendimento satisfatório. Antes não tínhamos nem o reconhecimento como uma síndrome, como uma patologia que afeta o sistema nervoso central, mas em breve seremos contempladas com a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), que entra em vigor em 2027. Isso traz uma abordagem muito importante que é a inclusão social, a garantia de direitos e o respeito como cidadãs”, explanou Flávia.

Médica e fibromiálgica

Quem também subiu ao palco para uma conversa com o público foi a médica Marina Manganelli, egressa e professora da Universidade. Ela abordou a temática “Atualidades sobre o diagnóstico, manejo e tratamento da Fibromialgia: um olhar médico”.

A profissional, além de estudar sobre o assunto, também sofre na pele as dores invisíveis causadas pela Fibromialgia.

“Nesta conversa franca e aberta, contei sobre os dois lados, como médica e ter o diagnóstico e como isso mudou a minha abordagem. Falei também sobre os tratamentos que têm mais evidência clínica e aproveitei para conversar de uma forma horizontal e não uma palestra médica comum. Também comentei sobre a relação com os meus pares da profissão e ainda, infelizmente, é uma conversa bem difícil, porque, na verdade, toda dor crônica não vista, não visual, ainda tem muito tabu, mesmo dentro da medicina, principalmente pelo fato de ser, na maioria, mulheres, e ter a questão psicossocial bem evidente, então, infelizmente, ainda é um pouco difícil”, avaliou a médica.

Novos tratamentos

A busca por novas alternativas no tratamento da Fibromialgia também foi apresentada no Fórum. Com o assunto “Cannabis na fibromialgia: Uma visão médica sobre o uso terapêutico”, o médico ortopedista especializado em Endocanabinologia, Jimmy Fardin Rocha, buscou romper o preconceito em relação ao uso da substância como tratamento medicinal.

“O uso da cannabis ainda é um tema muito polêmico, com muito preconceito. Meu objetivo é trazer informação para desmistificar e desestigmatizar o uso da Cannabis. A substância é uma ferramenta importante para quem é portador de fibromialgia. Tenho muitos pacientes com a síndrome, com ótimos resultados, com melhora na qualidade de vida, diminuição da dor, melhora do humor e do sono, que é o ciclo vicioso em que o fibromiálgico acaba ficando e do qual é difícil de sair. Muitas vezes as medicações atuais não conseguem tirar a portadora desse círculo, e a cannabis consegue atuar em vários setores do corpo, evitando que se usem muitas medicações. E que fique bem claro: se ministrada uma dose correta, em nenhum momento o uso contínuo desta medicação vicia o paciente. Seria como prescrever a morfina ou o tramadol”, explicou o médico.

Cannabis na Odontologia

A odontóloga egressa da Unesc, Isabela Vieira Locks, reforçou o uso da medicação dentro da sua área. “Apresentei aqui no Fórum a possibilidade da terapia com o Cannabis medicinal no uso das aplicações na odontologia. Nesta área conseguimos utilizar, tratar, modular e melhorar a condição dos pacientes que têm dores orofaciais, muito provavelmente presentes em pacientes que tenham fibromialgia, e daqueles que sofrem dessas dores no contexto geral”, comentou Isabela.

Saúde Mental e Fibromialgia

A enfermeira especialista em Saúde Mental e professora da Unesc, Amanda Luiz Maciel, tratou da temática ligada à Saúde Mental e Fibromialgia. “Nesta oportunidade, falei sobre os cuidados que se deve ter, principalmente, em relação à ansiedade, depressão, e a importância do cuidado com a qualidade de vida do paciente. Também apresentei algumas técnicas de relaxamento, exercícios respiratórios e a importância da atividade física. Aproveitei para fazer uma abordagem dinâmica, falando sobre a Saúde Mental em si, com o cuidado e a relação da saúde mental com a dor. E, se possível, ter o cuidado integral e multiprofissional, como é oferecido aqui na Universidade”, declarou.

Plataforma de apoio

Aproveitando o evento nacional, a presidente da Associação Fibromiálgicas do Brasil, Dayane da Silva Jakel, apresentou a nova ferramenta de apoio aos portadores da síndrome: a Plataforma Fibromiálgica Social.

“Este é um grande momento para falar um pouco mais sobre saúde mental, sobre o que temos aprendido desde a pandemia, especialmente com as pessoas com fibromialgia. Também estamos aproveitando a ocasião para lançar uma comunidade gratuita, que é uma rede social da nossa associação nacional, para as pessoas com fibromialgia. É um espaço virtual próprio para o acolhimento; podemos dizer que é a nossa casa própria, e precisamos povoar essa residência, já que uma casa só tem vida quando tem gente. Queremos que essa comunidade social seja uma porta para amplificar o impacto que temos buscado, que é tirar a pessoa do isolamento social, visando diminuir a incidência de depressão, diminuir a incidência de ideação e tentativa de suicídio, que é um grande problema hoje na comunidade de pessoas com fibromialgia”, anunciou a presidente.

Para acessar a comunidade social, basta clicar aqui.

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