Uma noite repleta de emoção e lembranças marcou o lançamento do filme “Dom José Gomes: Toca pra frente”, nessa segunda-feira (28/10), no auditório da Unoesc – campus Chapecó. O média-metragem, dirigido por Sander Hahn, Chico Caprario e Zé Boita, foi produzido com a cooperação da Unesc, por meio do Centro de Memória e Documentação (Cedoc/Unesc). A obra retrata a trajetória de Dom José Gomes, o terceiro bispo diocesano que liderou a Diocese de 1968 a 1998, de Chapecó, e faleceu em 2002.
A inauguração de lançamento contou com uma apresentação cultural, uma exibição do filme, uma roda de conversa com os atores e um coffee break que proporcionou um momento de interação entre os presentes.
A pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão na Unesc, Gisele Coelho Lopes, salientou que a equipe da Universidade não mediu esforços para a execução do projeto. “Organizamos, por meio do Cedoc e dos cursos de licenciatura, uma equipe de profissionais engajados na causa para realizar a produção do filme. Como universidade comunitária, comprometida com o desenvolvimento regional, não poderíamos recusar o desafio. Este projeto é único e nos levou a nos reinventar, buscando soluções que vão além da Universidade”, destacou Gisele.
“Este filme revela a perseverança e a luta de pessoas que buscam uma sociedade mais humana. Ele retrata a história de alguém que lutou por outra pessoa, uma trajetória de dedicação comunitária. E é esse o significado de ser comunitário: assim como o protagonista, a Unesc também é uma universidade comunitária e orgulha-se desse papel. Esse projeto fortalece nossa missão e reafirma a importância da Unesc em construir uma sociedade melhor”, afirmou pró-reitor de Administração e Finanças José Otávio Feltrin.
A Unesc foi escolhida para coordenar a produção do filme, em parceria com o Polo de Cinema de Criciúma. O coordenador do Cedoc e professor dos cursos de Ciências da Religião e História, Paulo Sérgio Osório, ressaltou a importância dessas colaborações para o sucesso do projeto.
Segundo Osório, Dom José Gomes desempenhou um papel fundamental na região, especialmente após sua participação no Concílio Vaticano II (1962-1965) e na Conferência Episcopal de Medellín (1968), momentos em que a Igreja passou por um processo de redefinição e reorientação de sua atuação junto às comunidades.
“Ele teve uma atuação marcante na organização das comunidades de base, incluindo os povos indígenas, e na defesa dos camponeses em questões de terra. O filme, que tem duração de cerca de 30 minutos, vai além da ficção, sendo uma obra enraizada na história e nas memórias da trajetória de Dom José Gomes. “A participação ativa da comunidade foi essencial na concepção do filme, entre pessoas que vivenciaram as três décadas de atuação do bispo no Oeste catarinense. Essa colaboração foi realizada em uma obra que retrata de forma autêntica as experiências e a herança de Dom José”, acrescenta Osório, que é o coordenador geral do projeto.
As locações escolhidas para o filme também foram de grande relevância histórica, com muitas delas sendo cenários reais de momentos importantes na trajetória da região. As filmagens, assim, percorreram locais e comunidades que tiveram papel central na organização popular ao longo dos 30 anos de atuação de Dom José na Diocese de Chapecó.
A produção foi realizada por meio de recursos junto ao deputado federal Pedro Uczai, por meio de emenda parlamentar, atendendo a uma solicitação do Instituto Dom José Gomes (IDJG) e da Mitra Diocesana de Chapecó. Para o deputado, rememorar essa história e sua contribuição é fundamental. “A experiência e o exemplo de Dom José permanecerão como memórias silenciosas, que surgem no dia a dia das diversas lutas em defesa da vida e na organização de tantos lutadores do povo ao longo dos tempos e lugares da história humana”, destacou Uczai.
O sobrinho de Dom José, Manoel Antônio Gomes, também marcou presença no evento e deixou sua mensagem. “É sobre persistência, perseverança e a luta incansável por aquilo que desejamos. Que possamos ser um pouco mais como Dom José, em nossa maneira de pensar e agir. Se cada um de nós trouxermos um pouco mais dele em si, construiremos um mundo muito melhor para viver”, afirmou Gomes.
Produção
Uma equipe de produção contou com aproximadamente 20 profissionais. No entanto, ao incluir atores, coadjuvantes e figurantes em cenas específicas, o número de participantes chegou a mais de uma centena de pessoas.
A produção contou com o ator Reveraldo Joaquim no papel de Dom José Gomes. Para ele foi uma experiência completamente diferente. “Trabalho com teatro há mais de 30 anos, mas a linguagem do cinema é outra. Fiquei muito feliz com o convite; foi uma releitura e, sem dúvida, o maior desafio que já enfrentei. Fizemos tudo com muito carinho. Tivemos cenas intensas e emocionantes, e a do velório foi especialmente desafiadora, pois foram quatro horas de gravação em um dia muito quente, o que trouxe uma carga extra de reflexão e intensidade emocional,” comentou Joaquim sobre seu papel como Dom José.
“Usei algumas peças que pertenciam a ele, como o anel, os óculos e sua agenda. Incorporar esses objetos foi um momento muito especial, cheio de respeito e carinho. Sentir a presença dele por meio dessas peças e de sua fé é algo que, com certeza, deixou uma marca em mim”, complementou o artista.
Além disso, a equipe contou com a direção de fotografia, de Pedro Oliveira e a direção de arte da professora Aurélia Honorato. A produção executiva foi de responsabilidade do professor do curso de Teatro da Unesc, Luiz Gustavo Bieberbach.
O presidente do Instituto Dom José Gomes, Mauri João Postal, compartilhou sua emoção com o filme. “O Instituto foi criado para preservar e manter viva a memória de Dom José Gomes, e nada melhor do que um filme para contar sua trajetória como bispo da Diocese de Chapecó. Que este filme inspire as pessoas a reviverem e recordarem, especialmente, os ensinamentos que ele nos deixou. Dom José foi um grande líder, sempre ensinava e escutava com atenção, aprendia continuamente e estava em sintonia com as necessidades do povo que liderava”, destacou Postal, que também participou das filmagens.
Sinopse do filme
Durante uma entrevista a um jornalista, Dom José Gomes, então bispo da Diocese de Chapecó no final do século 20, analisa sua contribuição para a formação e o estímulo de importantes movimentos sociais no sul do Brasil e reflete sobre os riscos enfrentados ao longo de sua trajetória, diante de forças poderosas que usavam a violência para lidar com suas divergências. Mal sabia ele que aquele seria seu último dia em seu escritório.
Natural de Erechim, no Rio Grande do Sul, Dom José Gomes foi o terceiro bispo da Diocese de Chapecó, onde teve atuação importante na reorganização das comunidades do Oeste catarinense.