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Unesc encerra programação do Setembro Amarelo com reflexão e acolhimento

Encontro final ocorreu na noite dessa quinta-feira (26/09), no Auditório Ruy Hülse (Fotos: Mayara Cardoso/Agecom/Unesc)

O evento de encerramento das intensas atividades da campanha Setembro Amarelo na Unesc, realizado na noite dessa quinta-feira (26/09), no Auditório Ruy Hulse, reforçou a importância da escuta e do acolhimento no cuidado com a saúde mental. Levantando a temática “Não Julgue, Não Minimize a Dor do Outro, Acolha!”, contou com a participação de especialistas da área e marcou o fim de um mês dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio. 

O encontro trouxe uma série de reflexões sobre a urgência de dar mais atenção aos sinais de sofrimento emocional ao longo do ano, não apenas durante o Setembro Amarelo. O pró-reitor de Administração e Finanças da Unesc, José Otávio Feltrin, ressaltou o papel essencial de quem atua na linha de frente da saúde mental. “Historicamente, no dia a dia da nossa sociedade, muitas vezes subestimamos a dor do outro. Transformar a política de saúde mental depende de ações concretas e de pessoas dispostas a compartilhar experiências que realmente façam a diferença”, comentou.

Entre os palestrantes, o promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Douglas Roberto Martins, abordou o tema “Direitos e Serviços de Atenção à Saúde Mental na Saúde Pública”, destacando a importância de políticas públicas efetivas. 

Desde 2016, o MPSC, em parceria com a Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), desenvolve ações voltadas à conscientização e prevenção do suicídio. Segundo Martins, prevenir o suicídio exige uma política clara de combate ao assédio dentro das instituições, da garantia dos direitos fundamentais da população e do rompimento de estruturas patriarcais, misóginas e machistas, que muitas vezes excluem indivíduos ou os privam de espaço dentro dessas organizações. 

Ele ressaltou que o rompimento dessas barreiras também é uma forma de promover a saúde mental. “O MPSC trabalha para fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e, sobretudo, assegurar que essas perspectivas estejam presentes nas práticas dos profissionais da saúde e gestores. O suicídio reflete a fragilidade dessa rede, e é por meio do fortalecimento que podemos alcançar melhores resultados, prevenir casos e promover uma saúde mental de qualidade para a população”, concluiu.

A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade, Rosimeri Vieira, destacou a relevância do tema abordado, enfatizando que a sociedade ainda carrega um histórico de negação em relação aos problemas de saúde mental. 

“Precisamos aprender a não minimizar a dor do outro, mas sim acolher”, afirmou. Segundo Rosimeri, o Setembro Amarelo é um mês de grande enfoque na promoção da saúde mental, mas a valorização da vida deve acontecer durante todo o ano. “As pessoas estão adoecendo, e muitas vezes dão sinais claros de que precisam de ajuda, mas no nosso dia a dia, não paramos para escutá-las”, observou.

Ela ainda destacou a importância da escuta qualificada no processo de acolhimento, explicando que esse tipo de escuta requer técnicas e um conhecimento embasado, diferenciando informação de opinião. 

“Informação é o que vem de profissionais com propriedade no assunto, enquanto opinião é aquilo que trazemos de acordo com nossas crenças e achismos”, explicou. 

Além disso, Rosimeri ressaltou a necessidade de compreender as diferentes manifestações do comportamento suicida, como o ato em si, a tentativa e a ideação suicida, que consiste em quaisquer pensamentos, vozes, imagens ou crenças que levem o indivíduo a considerar terminar intencionalmente com sua própria vida.

Suporte e Apoio

A Unesc tem desempenhado um papel fundamental no apoio à saúde mental da comunidade. A Clínica de Psicologia da Instituição, que atende qualquer pessoa, independentemente de sua cidade de origem, realizou 6.994 atendimentos psicoterápicos entre fevereiro e julho deste ano. Com 15 consultórios e 97 estagiários, a clínica oferece suporte contínuo à população.

Além da Clínica, a Unesc também conta com o Programa Acolher, criado em 2019 com o objetivo de atender exclusivamente os estudantes da Instituição em questões relacionadas à saúde mental. De janeiro a julho de 2023, o programa realizou 1.192 atendimentos, conduzidos por psicólogos da residência multiprofissional, ratificando o compromisso da Universidade com o bem-estar de sua comunidade acadêmica.

Para o coordenador do Programa Acolher, Zolnei Vargas, pensar em saúde mental é pensar na vida humana. É se conectar com a vida em sua essência. “Essa conscientização é fundamental para a construção de uma sociedade mais acolhedora e preparada para lidar com os desafios relacionados ao bem-estar emocional”, reforçou.

A coordenadora do Núcleo de Prevenção às Violências e Promoção da Saúde (Nuprevips), Ana Losso, também presente no evento, foi mediadora das palestras e ressaltou a importância de compreender o contexto de vida de cada indivíduo. 

“É fundamental conhecer o território em que o indivíduo está inserido e a vida que ele vive. De que tipo de vida estamos falando? Precisamos refletir além do óbvio, pensar na sociedade que estamos construindo. Que lugar é esse que chamamos de vida? A grande questão é: como lidamos com essa vida e como estamos nos relacionando com ela?”, sublinhou.

Essa reflexão, segundo Ana, é essencial para promover ações que realmente impactem positivamente a saúde mental e o bem-estar coletivo.

 

Índices

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 700 mil suicídios são registrados anualmente em todo o mundo. No Brasil, o número de casos se aproxima de 14 mil por ano, o que significa que, em média, 38 pessoas tiram a própria vida a cada dia. 

Somente em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 internações relacionadas a lesões autoinfligidas intencionalmente, uma média de 31 casos diários. Esse número representa um aumento de 25% em relação aos 9.173 casos registrados em 2014, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina de Emergências (Abramede). 

A Região Sul enfrenta uma “tendência preocupante” de crescimento nesse tipo de internação, com Santa Catarina registrando um aumento de 22% de 2022 para 2023, e o Rio Grande do Sul liderando com um aumento de 33%. Na região da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), ocorreram 40 suicídios entre janeiro e setembro deste ano. 

O Setembro Amarelo teve a parceria da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão; a Pró-Reitoria de Ensino; e a Diretoria de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias.

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=ztEqD9ldMrY

 

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