Os desafios e as oportunidades da internacionalização nortearam as palestras e debates realizados na última quinta-feira (29/09), na Associação Empresarial de Criciúma (Acic), durante a segunda edição do Intercon – Conexões para Negócios Internacionais. O evento reuniu empreendedores e profissionais que já atuam no comércio exterior e interessados em ingressar nesse mercado, incluindo o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex).
Conforme o coordenador do Núcleo Operacional Peiex Criciúma, professor Júlio Cesar Zilli, todas ações que promovam a conexão entre stakeholders públicos e privados são bem-vindas, uma vez que impulsionam discussões e iniciativas em direção a um desenvolvimento socioeconômico frente as reais necessidades de uma região.
“É nessa direção que o segundo Intercon se destaca, proporcionando que diversos cases empresariais de inserção internacional sejam alvo de inspiração, favorecendo que as empresas possam atuar de forma local, porém um olhar global, além de reunir toda a comunidade empresarial, profissionais e acadêmicos do Sul catarinense”, destacou.
De acordo com Zilli, a exportação de produtos e serviços potencializa também a atuação das empresas no mercado nacional, pois com a aprendizagem de novos processos, novas tecnologias e o contato com clientes em diferentes mercados, a empresa pode aplicar estes novos aprendizados em suas vendas no território nacional.
“Empresas que exportam remuneram melhor, tem acesso as novas tecnologias e inovação em produtos, processos industriais, processos organizacionais e marketing”, acrescentou.
A Unesc, uma Universidade Comunitária, com um curso de Administração – com linha de formação específica em Comércio Exterior, com programas como o PEIEX Criciúma (convênio de cooperação técnica e financeira com a ApexBrasil) e com o Laboratório Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais – LabGENINT, também faz parte desse movimento, no qual possibilita que empresas de diferentes portes, possam compreender, se engajar e se qualificar para cada vez mais expandir seus negócios, compreendendo que o mercado internacional está repleto de oportunidades, sendo a exportação de produtos e serviços, uma dessas oportunidades.
Eixos estratégicos
O presidente da entidade empresarial, Valcir José Zanette, lembrou que entre os eixos definidos pela atual diretoria como estratégicos para atuação estão os negócios internacionais.
“Nosso intuito é estimular as operações das empresas, especialmente as micro, pequenas e médias, com o comércio exterior, seja por meio da exportação, importação ou parcerias estratégicas”, explica Zanette.
Ele avalia que, para se manter competitivas, as empresas precisam cada vez mais considerar a opção de expandir seus negócios para o exterior, criando dessa forma novas oportunidades e diversificação dos mercados.
“A atuação no exterior também facilita parcerias para o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento dos processos produtivos. O fato de termos poucas empresas na região com atuação no comércio exterior demonstra o grande potencial a ser explorado e o Intercon veio para incentivar essa expansão”, ressalta.
“A nossa região é muito forte na importação, e isso é importante, mas nós ainda estamos devendo na exportação. Nós podemos mais, pelo parque fabril que temos aqui, indústrias que podem buscar uma parte de suas receitas no mercado externo”, defende o vice-presidente da Acic, Franke Hobold, que no Intercon conduziu uma mesa redonda com representantes de Farben, Icon e Solifes, empresas da região que já atuam no mercado internacional.
Experiência do agronegócio
Fundador da OD Consulting Planejamento e Estratégia para o mercado, Osler Desouzart abordou a importância da exportação no desenvolvimento do mercado interno, destacando o papel do agronegócio no volume exportado pelo Brasil.
“Nosso país é uma potência no agro, tanto que não dá para se falar em abastecimento global sem incluir o Brasil”, salientou Desouzart, embasando sua fala em uma variedade de dados sobre a representação do setor no mercado externo.
Para ele, é necessário estimular a cultura de exportação, para que o país se destaque em outros nichos. “Para exportar, é necessário envolver todos os setores da empresa, haver a mobilização de todos, investir em conhecimento e tecnologia, para alcançar melhorias contínuas”, apontou.
Expansão na área da saúde
Presidente e fundador da Olsen Equipamentos Odontomédicos, Cesar Augusto Olsen contou como a empresa sediada em Palhoça ganhou mercado e expandiu sua atuação na área da saúde, conquistando espaço também no exterior.
Olsen ainda deu dicas valiosas a quem pretende ingressar nesse mercado. “Primeiro é preciso ter uma boa ideia. Depois, capacidade de produção, estruturação e ajustar a empresa às normas internacionais. Mas, sobretudo, é preciso ter vontade de fazer. Não é fácil, não é barato, mas vale a pena investir nesse mercado”, entende.
Potencial a ser explorado
Com mais de 20 anos de experiência em comércio internacional, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Lacerda Prazeres, apresentou dados oficiais, mostrando o aumento no número de empresas catarinenses exportadoras e a chegada de produtos de Criciúma a mais de 70 países em 2024, sendo os Estados Unidos o principal destino das vendas externas do município.
No entanto, a especialista acredita que é possível ampliar as operações. “Para um estado com o potencial exportador de Santa Catarina, ter 3 mil empresas exportadoras é muito pouco. Mesmo em termos de Brasil, a base exportadora é muito pequena, são poucos os produtos exportados e poucos mercados – um terço do que o país vende vai para a China. Ou seja, há um enorme potencial a ser explorado, o que vai beneficiar não só as empresas, mas as comunidades onde estão inseridas”, considera.
Colaboração: Deize Felisberto/ Comunicação Acic