“Combater a desinformação é proteger direitos fundamentais”. A frase foi apenas uma das tantas proferidas pelo coordenador de Combate à Desinformação da Secretaria-Geral do Superior Tribunal Federal (STF), Victor Carnevalli Durigan, para tratar de um tema atual e que atinge o mundo todo.
Ele proferiu palestra para um Auditório Ruy Hülse lotado, na noite dessa segunda-feira (2/09), durante a 29ª edição da Semana Acadêmica do Curso de Direito da Unesc. Com o tema “Combater a Desinformação: Uma Abordagem Multidisciplinar”, ele comentou sobre como esse fenômeno ocorre e os caminhos na tentativa de combatê-lo.
“A desinformação é extremamente barata porque, para produzi-la, você precisa ter um lastro com a veracidade, não um compromisso com a democracia, nem um compromisso com nada. Você pode produzir em massa vídeos, áudios, coisas completamente fora da realidade, e você sempre ataca, sempre está ativo, produzindo desinformação”, relatou.
“Já produzir informação é extremamente caro.Você tem um aumento do preço do acesso à informação e uma profissionalização como, por exemplo, da checagem de fatos”, acrescentou.
A Semana Acadêmica de Direito da Unesc segue até sexta-feira (6/09), com palestras e minicursos. “Neste ano, o evento foi projetado com o tema “Inovação e Transformações Sociais”, e dentro dessa temática, nós temos várias palestras até quarta-feira. Já na quinta e sexta-feira serão minicursos. Trazer alguém do STF, do Programa de Combate à Desinformação, é fundamental para debatermos um assunto tão atual e que exige muita reflexão de como se disseminam as informações, o que ela provoca, quais são os impactos na vida e como o Direito deve lidar com isso”, revelou a coordenadora do curso, Márcia Piazza.
Consumo da informação
O palestrante lembrou que a sociedade vive uma revolução na forma de consumo da informação e que ela circula de todos para todos. “Ela não tem mais um intermediário, pois temos o nosso Facebook, WhatsApp, aplicativos de mensagens que nos permitem conversar com o mundo todo. Cada plataforma tem a sua especificidade: como funciona; o que ela quer entregar para as pessoas; que tipo de informação; em que formato essa informação é entregue”, relatou.
Com relação à desinformação, o Durigan citou como exemplo as chamadas “fazendas de bots (robôs)” que reúnem diversos celulares conectados a perfis e programados para gerar “comportamentos inautênticos”, que produzem engajamento falsificado. “As desinformações são operações. Elas são estruturadas, coordenadas e financiadas”, enfatizou.
Ainda segundo ele, existem estudos que apontam que mais de 50% dos dados que irão trafegar na Internet a partir de 2024, será de robôs. “Ou seja, é uma internet artificial. É uma Internet híbrida, de máquinas e de pessoas. Passamos por uma formação digital. São usuários artificiais, com usuários que criam conteúdos e interações sintéticas em formato de texto; imagem; som; vídeo, linguagem que imita a linguagem humana, inclusive para as traduções de hoje em dia, talvez mais populares e fáceis de serem feitas”, alertou.
Confira registros da atividade da manhã dessa segunda-feira (2/09):