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Geral

Roda de conversa traz reflexões sobre povos e comunidades tradicionais, territórios e mudanças climáticas

Evento reuniu importantes vozes que defendem os povos originários e a preservação do meio ambiente (Fotos: Vanessa Clarinda/Agecom/Unesc)

O Auditório Ruy Hülse,  da Unesc, recebeu um encontro marcante durante o Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, que ocorre na Universidade desde domingo (14/07). A roda de conversa, que aconteceu na tarde dessa segunda-feira (15/07), abordou temas fundamentais como as mudanças climáticas, a fúria da natureza e experiências de conflito, reunindo importantes vozes de diversas comunidades tradicionais.

O evento contou com a participação da professora Ana Paula Glinfskoi Thé, da Universidade Estadual de Montes Claros; de Juliana Kitanji Goulart Nogueira, coordenadora administrativa do Fórum Nacional da Segurança Alimentar dos Povos Tradicionais de Matriz Africana; do pajé Gaklã, liderança da etnia Xokleng, de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul; e de Rosin Soares, quilombola do Morro Alto de Maquiné, também do Rio Grande do Sul.

Ana Paula destacou a situação dos Vazanteiros, uma comunidade localizada às margens do Rio São Francisco, entre os estados de Minas Gerais e Bahia. Ela explicou que as estratégias produtivas desse povo são baseadas no conhecimento tradicional sobre os ecossistemas locais e na dinâmica das cheias e secas do rio. 

Ana Paula também alertou sobre as previsões de mudanças climáticas, indicando que a vazão do Rio São Francisco pode sofrer uma redução entre 43% e 60% no período de 2040 a 2071. “Modelos que desenham cenários possíveis sobre as mudanças climáticas apontam para um agravamento das situações de secas e cheias extremas na bacia do Rio São Francisco nas próximas décadas, considerando o aquecimento global de 2°C”, º afirmou.

Diversidade e resistência

Já Juliana, discutiu a diversidade dos povos tradicionais de matriz africana e a importância dos territórios. Ela enfatizou que esses povos possuem origens e influências culturais variadas, e podem ser agrupados em três grandes troncos: bantus, jejes e iorubas. 

Juliana ressaltou que a homogeneização das culturas e espiritualidades africanas no Brasil é um projeto colonial que provoca o que se chama de etnocídio das diversas epistemologias e humanidades constituídas por esses povos. “Reconhecer as diferenças e particularidades de cada cultura é fundamental para garantir a continuidade dessas tradições”, defendeu. 

Rosin, quilombola do Morro Alto, compartilhou a experiência de sua comunidade. “Há uma razão para eu estar aqui hoje. Venho de Maquiné, do quilombo do Morro Alto, um dos maiores quilombos do Rio Grande do Sul. Quando falamos de quilombo, falamos de um espaço de resistência que abriga várias etnias, incluindo indígenas, caboclos e africanos”, observou Rosin. 

Ela destacou os desafios atuais, como a especulação imobiliária e a mineração, e relembrou os tempos em que sua família vivia livremente no território, pescando, colhendo e plantando. 

Avisos da natureza

O pajé Gaklã fez uma reflexão profunda sobre os avisos que a natureza emana. “A natureza vem nos avisando a cada dia, mês e ano. Infelizmente, poucos prestam atenção aos alertas da terra e continuam a explorá-la sem pensar nas consequências. Nós também fomos impactados por crimes ambientais. Estamos na luta e na resistência para salvar o planeta, mas sabemos que não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos de muita ajuda para proteger este mundo que está nos avisando dos perigos iminentes”, comentou.

O encontro foi mediado pelo professor Carlyle Torres Bezerra de Menezes, que destacou a importância dessas reflexões para o entendimento e a valorização dos saberes tradicionais em um mundo em constante mudança.

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