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Desafios da vida sem glúten: profissionais e celíacos debatem sobre a convivência com a doença

O encontro ocorreu na noite desta quinta-feira (16/05) na Universidade (Fotos: Vanessa Clarinda)

A Unesc recebeu,  em parceria com a  Acelbra Criciúma e região Sul Catarinense, um bate-papo sobre os desafios de viver com a doença celíaca. O evento, realizado no Miniauditório do Bloco P, reuniu especialistas e membros da comunidade acadêmica, além de convidados para discutir as dificuldades e avanços relacionados à doença celíaca. Ação aconteceu na noite dessa quinta-feira (16/05), data em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca.

O gastroenterologista Alexandre Faraco, celíaco há 14 anos, foi um dos participantes. Ele destacou a importância de criar um ambiente seguro para os celíacos, referindo-se à necessidade de uma “bolha sem glúten” dentro de casa. “Temos que nos movimentar constantemente. Hoje, encontramos muitos produtos sem glúten e saborosos, algo que não existia no passado. A indústria alimentícia tem inovado bastante, mas a questão vai além da comida”, comentou Faraco.

Conforme Faraco, que faz parte do Núcleo de Doença Celíaca da Federação Brasileira de Gastroenterologia, é fundamental manter a discussão sobre a temática durante todo o ano, e não apenas em maio, quando é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca. Durante o evento, foram também abordadas questões legislativas e discutidos estudos sobre a prevalência e o impacto da doença celíaca em diversas populações.

A nutricionista Maria Cristina de Souza compartilhou sua experiência pessoal ao receber o diagnóstico de doença celíaca. “No início, foi uma revolta, mas minha paixão por cozinhar me ajudou. Aprendi a fazer receitas que sempre quis, como panetone e chocotone, e hoje toda minha linha de gastronomia é integral”, afirmou. Ela também destacou as dificuldades de convivência familiar e social, mencionando a falta de compreensão dos mais próximos.

“É importante acolher o paciente celíaco de maneira integral. Não se trata apenas da alimentação, mas também de outros produtos como maquiagens. Por isso, é fundamental abraçar a causa e oferecer suporte em todos os aspectos da vida do paciente”, acrescentou a nutricionista.

Ao conviver com a realidade do esposo celíaco, a gastroenterologista Gabriele Braz destacou os desafios sociais enfrentados pelos pacientes. “Muitos se queixam de serem tachados de chatos. Infelizmente, ainda há preconceito na sociedade, especialmente quando trazem sua própria comida, talheres e potes. A abordagem vai além do diagnóstico; é preciso acolher o paciente e mostrar os caminhos para uma convivência saudável com a doença”, afirmou.

A presidente da Acelbra, Fernanda de Oliveira, abordou o tema da contaminação cruzada. “Não basta pegar salada e arroz no restaurante e acreditar que estarão sem glúten. Se a cozinha é compartilhada, o risco de contaminação é alto. É um grande desafio”, explicou Fernanda, diagnosticada com a doença celíaca há nove anos.

“No começo, foi difícil, mas estudei para entender melhor a condição. Foi um processo complicado devido à exclusão social e às mudanças necessárias no estilo de vida”, acrescentou.

A doença celíaca é desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente no trigo, cevada e centeio. Os sintomas variam de prisão de ventre a anemia, passando por distensão abdominal e confusão mental. A única forma de controle é a adoção de uma dieta rigorosamente sem glúten, o que exige cuidado para evitar contaminação cruzada até mesmo em casa. Farinhas alternativas, como fécula de batata, farinha de coco e de quinoa, são alguns dos substitutos utilizados por celíacos.

O Brasil ainda não tem estudo multicêntrico para determinação da prevalência da doença, mas existem pesquisas realizadas em vários municípios que ajudam a ter um panorama parcial. 

O evento foi organizado pela Associação e teve apoio da Unesc.

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