No mês de Conscientização Mundial do Autismo, o “Abril Azul”, o Setor de Apoio Multifuncional de Aprendizagem (Sama), promoveu na noite desta quarta-feira (10/04), no Auditório Ruy Hülse, um evento voltado para os acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Pedagogia e Psicologia, para discutir sobre a inclusão principalmente da no contexto universitário.
Para a abordagem do tema, três convidados apresentaram palestras e na sequência, participaram de uma roda de conversa. “É um momento para falarmos sobre o Transtorno Espectro Autista (TEA) e sobre a inclusão dos portadores dentro do nosso convívio universitário. Ouvir pessoas que estão envolvidas com o Autismo, por meio de suas experiências, oportunizando diálogos e tirando as dúvidas dos nossos estudantes com relação às práticas profissionais ligadas ao Transtorno”, explicou a gestora do Sama, Zélia Medeiros Silveira.
Professor autista
Andre Cardoso Pereira, tem 40 anos, é autista nível 1, e foi o primeiro a relatar a história de vida no encontro. “Compartilhei minha trajetória com o autismo, a questão do meu diagnóstico tardio, das coisas que passei e das vitórias e conquistas alcançadas, mesmo com o espectro autista. Hoje eu sou professor de História, historiador, escritor, tenho livros publicados e estou aqui lutando e conscientizando as pessoas sobre o TEA. O autismo não é doença, não é moda. Ele é apenas uma forma diferente das pessoas enxergarem o mundo, e precisam de compreensão, inclusão e empatia”, relatou.
Atualmente o palestrante trabalha no setor de comunicação da APAE de Santa Rosa do Sul e na biblioteca da Escola Antônio Stuart no município de Sombrio.
Mãe
A psicóloga, pós-graduada em Gestão de Pessoas e analista da Diretoria de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias (Dirext), Bruna Ferreira dos Santos Crispim, foi convidada para trazer a sua relação de vida como mãe de um autista. “Trago a minha percepção como mãe e como é a interação com a escola. Minha mensagem para os universitários que estão em formação é que se atentem às necessidades relativas ao autismo e demais deficiências, Que eles possam prestar um serviço de qualidade para todos os tipos de pessoas, respeitando o caminho deles e principalmente dos acadêmicos com TEA, que estão enfrentando esta nova realidade que é a inclusão universitária”, comentou.
Pedagoga
“Trago a mensagem para que os professores tenham mais didática, uma educação inclusiva e
um olhar para os nossos alunos que hoje necessitam do nosso conhecimento e suporte para o aprendizado”, anunciou a pedagoga com especialização em atendimento educacional especializado e professora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Içara (Apae). Beatriz Ferreira dos Santos.
Acadêmico autista
Com 24 anos, o acadêmico da sexta fase de Pedagogia, Luiz Felipe de Albuquerque Feliciano, sonha com a carreira de professor. “Estou apreciando este evento e considero uma iniciativa excelente por parte da universidade em convidar pessoas autistas para fazerem palestra, principalmente de professores. Muitos pensam que as pessoas autistas não possuem capacidade de se desenvolver e estão sendo marginalizadas nas escolas. É muito importante a Unesc mostrar para a sociedade que as pessoas com TEA, sim, podem estar dentro de uma graduação, fazer pós-graduação, mestrado, doutorado e podem também dar aulas”, destacou.
“Nós temos capacidade para lecionar. Eu, como autista e futuro professor, estou aqui para mostrar também para os alunos que sou capaz de fazer isso. Minha mensagem principal é da importância do diagnóstico precoce do autismo, pois quanto mais cedo se diagnostica mais rápido e eficaz é o tratamento. Reforçando: professores com deficiências (PcD) podem e devem atuar no campo da educação”, frisou.
Homenagem
Para enriquecer ainda mais o evento, na abertura dos trabalhos, a acadêmica com Tea, do curso de Letras, Milena Minatti Andrade fez uma linda homenagem cantando as músicas preferidas da sua mãe e ex-docente da Unesc, Leila Minatti Andrade, falecida há 18 dias.