Com apoio da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas da Unesc, o 8M Coletivo de Mulheres de Criciúma e região promoveu na noite dessa terça-feira(12/03), no auditório Edson Rodrigues, uma roda de conversa alusiva ao Dia Internacional de Luta das Mulheres, celebrado em 8 de março.
O evento contou com a participação de quatro mulheres que abordaram os diversos tipos de violência, destacando a diversidade entre elas e as diferentes formas de manifestação. A roda de conversa deu voz às representantes das mulheres indígenas, Ingrid Sateré Mawé; das mulheres negras, Maria Estela Costa da Silva; das mulheres com deficiência, Rindalta das Graças Oliveira; e das mulheres trans, Ághata Ferreira.
Conforme explicado por uma das organizadoras, Andreza de Oliveira, o propósito do movimento foi promover esse diálogo não apenas dentro da academia, mas também levá-lo para além dos limites do campus. “Que este encontro marque o início, em 2024, de um processo educativo de debate sobre a violência contra as mulheres, visando o fim dessas agressões”, esclareceu.
Dados da violência
De acordo com os dados apresentados por Andreza, extraídos do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, Santa Catarina está classificada em 10º lugar em registros de feminicídio, com 56 casos. Outro dado divulgado refere-se às tentativas de feminicídio, que atingiram a marca de 175 ameaças no ano passado. O Anuário também destaca que a maioria dos casos de feminicídio ocorre na faixa etária entre 18 e 44 anos, sendo praticados principalmente pelos próprios companheiros.
Outros números detalhados
452.070 – Casos de lesão corporal dolosa
245.713 – Perseguições
39.735 – Ligações de natureza de violência doméstica por meio do 190
2.643 – Estupros de mulheres vulneráveis
1.989 – Violência doméstica, sendo que 60% dessas vítimas eram negras832 – Ameaças
1.352 – Estupros
500 – Tentativas de estupros em mulheres vulneráveis
128 – Assédio e importunação.
Para a coordenadora da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas da Unesc, Janaina Damásio Vitório, o apoio da instituição é fundamental para essas causas públicas. “Estar ao lado das mulheres, debater e combater a violência, e buscar formas de diálogo são partes integrantes do compromisso da Unesc. Eventos como este não apenas enriquecem a formação de nossos acadêmicos, mas também fortalecem o papel de nossa universidade como agente comunitário”, destacou.
Luta contra a violência
Uma das convidadas, Ingrid Sateré-Mawé, ativista socioambiental, feminista comunitária, formada em Biólogia e Matemática, integrante Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, tratou na roda de conversa sobre a questão da violência contra as mulheres indígenas. “A violência contra as mulheres é uma tragédia que interrompe inúmeras vidas, seja por intolerância religiosa, machismo ou pelo patriarcado, resultando em casos de violência sexual e um alarmante índice de feminicídios. Estamos dedicando esforços significativos para combater todas essas formas de violência e, ao mesmo tempo, capacitar as mulheres na busca pelos seus direitos”, explicou
Lei Maria da Penha
A ativista Ingrid também compartilhou com o público presente a publicação da Lei Maria da Penha nas línguas Guarani, Xokleng e Kaingang, numa parceria com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. “Nosso objetivo é verdadeiramente incentivar as mulheres indígenas a conhecerem seus direitos”, ressaltou Ingrid.