O Programa Acolher, criado em outubro de 2019 pela Unesc, foi além das fronteiras acadêmicas ao implementar o projeto “Acolher nas Escolas – Diálogos Acolhedores”, alcançando quatro instituições de Criciúma: E.M.E.B. Adolfo Back, situada no bairro Progresso; E.M.E.B. Judith Duarte de Oliveira, localizada no bairro Sangão; E.M.E.B. Linus João Rech, do bairro Paraíso, e o Colégio Unesc.
A ação do Programa Acolher, que conta com profissionais psicólogas do Programa Residência Multiprofissional em Saúde Mental, Atenção e Reabilitação Psicossocial, teve como propósito oferecer um ambiente de escuta e apoio emocional a crianças, adolescentes, familiares e educadores. Ao longo do ano, cerca de 500 alunos foram atendidos por profissionais capacitados, como psicólogos e especialistas em saúde mental. A atividade final, que ocorreu nesta semana, foi marcada pela visita dos alunos ao campus da Universidade.
“Por meio de estratégias cuidadosamente elaboradas, visamos proporcionar um ambiente de acolhimento e apoio emocional que promovesse o desenvolvimento socioemocional saudável desses adolescentes. Acreditamos que investir na saúde emocional das crianças é investir no futuro. Com a sua colaboração e apoio, podemos ampliar ainda mais o alcance e a eficácia do projeto, promovendo impactos positivos e transformadores para a vida dos participantes”, comenta a Pró-Reitora de Ensino (Proen), Graziela Amboni.
Além dos muros da Universidade
Para o coordenador do Programa Acolher, Zolnei Vargas De Cordova, a iniciativa, que expandiu para além das dependências da Unesc, teve o intuito de criar um ambiente propício para diálogos abertos e expressão de sentimentos.
“Esse projeto foi viabilizado por meio de recursos do Governo do Estado e direcionado para abordar as competências socioemocionais pós-pandemia, visando a saúde mental dos estudantes. Além disso, proporcionamos reflexões sobre as demandas relacionadas às orientações profissionais. Foi um projeto repleto de experiências enriquecedoras que ampliaram significativamente as vivências destacadas”, salienta.
As psicólogas e estagiários envolvidos no programa visitaram as escolas três vezes por semana, momentos em que distribuíram atividades entre diferentes horários. “Além disso, proporcionamos reflexões sobre as demandas relacionadas às orientações profissionais. Foi um projeto repleto de experiências enriquecedoras que ampliaram significativamente as vivências destacadas”, complementa Cordova.
Interação
As atividades realizadas ao longo de 2023 incluíram aproximadamente 50 diferentes iniciativas, entre elas, rodas de conversa; diálogos; orientações profissionais e de carreira, além de dinâmicas sobre diversos temas, dentre eles, autoestima e autoconhecimento.
“O programa foi realmente positivo para todos nós, especialmente no desenvolvimento das nossas competências e no acolhimento oferecido. As conversas foram muito benéficas, pois muitos de nós enfrentamos dificuldades em compreender nossos sentimentos, e isso ajudou no comportamento e no fortalecimento dos laços de amizade”, compartilha a aluna Camila Romancini, de 15 anos de idade, que participou da iniciativa.
“Sofria com baixa autoestima e frequentemente tinha pensamentos negativos. Para mim, participar dessas atividades foi algo muito significativo. Adorei os bate-papos e as dinâmicas propostas”, expressa a aluna Isadora Licks, de 15 anos.
O professor da Escola Judith Duarte de Oliveira, Rafael Arns Back, observa que o projeto apresentou novos caminhos e possibilidades, gerando novas perspectivas nas atividades, na forma de ver e pensar. “Todos nós ficamos muito felizes, e o processo de vivência na prática para o aluno foi extremamente interessante. Quando se percebem outras possibilidades de viver e conviver, tornamos essas relações mais humanas. Como educadores, isso humaniza o processo entre as disciplinas e a relação com outros alunos”, salienta.
Histórias que se entrelaçam
As psicólogas do programa Saúde Mental da Unesc enfrentaram diversas demandas trazidas pela escola, conforme detalha Isabela Bortolato Mattiola, residente do programa. “As demandas com as quais optamos trabalhar foram trazidas pela própria escola, enquanto outras surgiram durante a convivência com os alunos. Ao optarmos por focar em projetos de vida, nosso objetivo foi oferecer novas perspectivas de futuro. Escolhemos esse enfoque para mostrar aos alunos possibilidades adicionais e trazê-los para a Unesc foi uma oportunidade para apresentar outras opções”, falou.
Já a profissional Larissa Mazzucco ressalta que, ao chegar na escola, as profissionais se depararam com diversas realidades e inúmeras histórias que se entrelaçam. “Mesmo ao tentar compreender tudo, percebemos que é por meio do nosso afeto e respeito que promovemos mudanças reais. Sentimos a urgência de uma transformação que seja carregada de afeto. Trabalhar as emoções e as perspectivas de vida é essencial. Transmitir esses valores a eles é crucial. Procuramos nutrir a mudança com a compreensão de que o pouco que fazemos pode significar algo profundo na vida de alguém”, diz.
Para a psicóloga do programa Acolher, Camila Maciel Querino, as atividades ocorriam semanalmente, incluindo palestras, rodas de conversa, dinâmicas e atividades em grupo, que despertavam considerável interesse dos alunos. O nível de acolhimento proporcionado foi excepcional, e pessoalmente, senti grande satisfação com a psicologia escolar. Percebemos que causamos impacto e nos esforçamos para oferecer um atendimento de qualidade, buscando fazer a diferença nas vidas deles.
Sobre o programa
O Programa Acolher tem como objetivo principal promover a qualidade de vida, cuidar da saúde mental e prevenir o sofrimento psicológico dos alunos matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação da Unesc. Busca oferecer cuidado, apoio emocional e psicológico, orientando os estudantes a refletirem sobre suas trajetórias pessoais, a planejarem seus futuros e a desenvolverem habilidades emocionais essenciais para lidar com os desafios acadêmicos, sociais e familiares.
Os recursos utilizados pelo Programa Acolher abrangem diversas ferramentas de cuidado, como atendimentos pontuais e prolongados, escuta qualificada, psicoterapia, práticas integrativas e complementares, grupos reflexivos e operativos, rodas de conversa, palestras e oficinas, adaptando-se às demandas emergentes. Inicialmente lançado em outubro de 2019, o programa realizou 261 atendimentos neste período. Em 2020, o número de atendimentos saltou para 2.214 e, em 2021, alcançou a marca de 3.435.
Com a chegada da pandemia, o programa adotou um formato totalmente virtual, mantendo suas atividades de apoio psicológico e emocional. Contudo, em 2022, foi gradualmente retomando as atividades presenciais, buscando um equilíbrio entre o ambiente virtual e o contato pessoal para oferecer um suporte efetivo aos alunos. Neste ano já foram realizados mais de dois mil atendimentos.