Cerca de 70 professores do Magistério e do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Engenheiro Sebastião Toledo dos Santos (Colegião) participaram na manhã desta quarta-feira (8/11) da Formação Docente Antirracista. O evento, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Unesc, ocorreu no auditório Edson Rodrigues, na Universidade.
A formação contou com palestras ministradas pela professora e coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias, e pelo advogado Jorge Miguel Nascimento Guerra, abordando o tema “Educação para as relações étnico-raciais”.
Segundo Normélia, o objetivo da Formação é capacitar os professores para lidar com questões étnico-raciais, destacando a relevância do ensino da história e cultura afro-brasileira nas redes de ensino.
“É uma grande satisfação terem nos escolhido para encerrar o projeto que eles têm desenvolvido ao longo do ano na escola, focado na promoção de uma formação antirracista. Essa iniciativa se alinha perfeitamente com a proposta e o objetivo do Neabi, que sempre procurou se tornar um centro de referência dentro da Universidade para atender essa necessidade enquanto formação e informação dentro dos três pilares da Instituição: o Ensino, a Pesquisa e a Extensão”, disse Normélia.
Segundo ela, a manhã foi incrivelmente produtiva, marcada por uma rica troca de conhecimento, visando conscientizar os professores sobre a importância da educação antirracista no contexto de seus programas curriculares ao longo do ano, o que é também essencial para atender ao disposto na Lei 10639, que exige o estudo da África, da história afro-brasileira e indígena.
“Este momento é verdadeiramente significativo para nós, representando uma virada de chave e um marco histórico. Nossa missão sempre foi estabelecer diálogo com as escolas, e avaliar como esses processos estão ocorrendo. Embora não tenhamos receitas prontas, estamos comprometidos em contribuir e, sobretudo, aprender com os professores. Queremos entender o que estão desenvolvendo e como podemos colaborar, especialmente porque é nas escolas que formam os futuros educadores. Nossos cursos de licenciatura estão em andamento, e enfatizar a importância do cumprimento da lei é uma prioridade”, salientou Normélia.
Comprometimento
O diretor do Colegião, Aloncio Almes Cechinel, salientou a necessidade da ampliação da discussão com o corpo docente. “É fundamental que, como equipe e gestores, estejamos comprometidos com a conformidade da lei, mas, acima de tudo, devemos desenvolver ferramentas para combater o racismo dentro da escola. Isso passa invariavelmente pela formação que estamos realizando aqui na Universidade”, ressaltou.
O advogado destacou a relevância do evento, ressaltando o papel fundamental dos professores nas escolas, à medida que lidam com os alunos, enfrentam situações de racismo no dia a dia e interagem com a direção. “É de suma importância que esses profissionais estejam adequadamente preparados e tenham um profundo entendimento desse tema. Dessa forma, quando se depararem com incidentes dessa natureza, estarão prontos para agir e responder de maneira eficaz, sem serem surpreendidos”, comentou Jorge.
“Frequentemente, as crianças negras buscam orientação e exemplos em seus professores, tornando essencial que esses educadores estejam preparados para abordar o assunto, servir como modelos e se dedicar a aprimorar continuamente suas habilidades na abordagem dessas situações”, complementou o palestrante.
O Neabi é um espaço proposto para promover a interação entre os cursos e seus professores, funcionários e acadêmicos da Universidade, bem como, demais setores e colaboradores em todos os níveis de ensino e a sociedade. Com isto, busca incentivar políticas e práticas contra discriminações de diversas ordens, na busca da promoção da justiça social para equidade racial e de gênero e suas intersecções.
“Algumas empresas da região já estão buscando a parceria do Neabi para discutir questões relacionadas à consciência negra. Acreditamos que somente por meio da formação e da conscientização racial poderemos obter as ferramentas necessárias para combater eficazmente o racismo”, finalizou Normélia.
A escola Sebastião Toledo Dos Santos, o Colegião, tem em torno de mil alunos.