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Ensino

Estudante da Unesc enriquece jornada acadêmica com doutorado sanduíche na Europa

Jordana Mariot Inocente permaneceu por nove meses no Instituto de Cerâmica e Vidro para aprimorar seus conhecimentos

Realizar um doutorado sanduíche no exterior é uma oportunidade única para estudantes de pós-graduação expandirem seus horizontes acadêmicos, colaborarem com pesquisadores renomados e adquirirem experiências valiosas em um ambiente internacional. Jordana Mariot Inocente, de 29 anos, acadêmica de doutorado da Unesc, teve a oportunidade de vivenciar essa experiência enriquecedora ao passar nove meses no Instituto de Cerâmica e Vidro (ICV) em Madri, na Espanha, como parte de seus experimentos de doutorado. 

Antes de embarcar em sua jornada para a Espanha, Jordana passou por um rigoroso processo de seleção para o doutorado sanduíche, que incluiu a busca por oportunidades de pesquisa no exterior, a elaboração de um projeto de pesquisa relevante e a obtenção de financiamento. A motivação para a experiência era aprimorar sua pesquisa sobre materiais cerâmicos e vidro, bem como a oportunidade de colaborar com especialistas do ICV, uma instituição reconhecida internacionalmente por seus estudos nessa área.

Durante sua estadia na Espanha, Jordana teve acesso a instalações de ponta e a uma rede de pesquisadores altamente qualificados. Ela foi orientada por especialistas, como os professores doutores Oscar Klegues Montedo, que é da Unesc e também está em intercâmbio internacional para pesquisa, e Sabrina Arcaro, pesquisadora da Unesc que também esteve no mesmo Instituto, e pôde realizar experimentos avançados que complementaram sua pesquisa no Brasil. 

Além disso, Jordana participou de seminários, conferências e workshops que enriqueceram seu conhecimento e proporcionaram uma visão abrangente do campo da cerâmica e vidro.

Além dos benefícios acadêmicos, a estadia de Jordana em Madri proporcionou um enriquecimento cultural e pessoal. Ela teve a oportunidade de mergulhar na cultura espanhola, aprender um novo idioma e vivenciar a vida em uma cidade vibrante e histórica. Essas experiências, conforme ela, enriquecedoras não apenas ampliaram seus horizontes, mas também contribuíram para seu crescimento pessoal.

“Eu concluí minha graduação em Engenharia Cerâmica na Unibave e, durante o 9º semestre, tive a oportunidade de fazer um intercâmbio de cinco meses na cidade de Aveiro, Portugal, em 2015. Essa experiência despertou o sonho de continuar os meus estudos na Europa”, conta.

Conforme Jornada, desde a graduação sentiu grande afinidade com a pesquisa na área de cerâmica e participou de projetos que renderam dois importantes prêmios do setor. Em 2013, seu trabalho intitulado “Estudo da viabilização de resíduo vítreo na formulação de massa de cerâmica vermelha” lhe rendeu o Prêmio Jovem Ceramista da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer). Dois anos depois, ela conquistou novamente o prêmio, desta vez com o trabalho “Estudo das perdas térmicas de um forno túnel brasileiro”.

Após a graduação, Jordana trabalhou na indústria cerâmica, mas sua paixão pela pesquisa e pela academia a impulsionou a buscar novos desafios. “Em 2018, iniciei meu mestrado na Unesc e comecei a planejar como poderia dar continuidade a minha pesquisa fora do país. Em julho de 2020, em meio à pandemia, dei início ao meu doutorado com uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Unesc, integrando o grupo vinculado ao Laboratório de Cerâmica Técnica (Certec), instalado no Parque Científico e Tecnológico (Iparque)”, disse ela.

Oportunidade

Em 2022, ela celebrou a conquista de sua aprovação no processo seletivo para ingressar no Instituto de Cerâmica e Vidro (ICV) em Madri, Espanha. A escolha do ICV, conforme ela, foi estratégica, uma vez que o professor Rodrigo Moreno, um dos principais especialistas em reologia cerâmica e suspensões coloidais, atua nessa instituição. 

Além disso, o ICV oferece instalações de última geração, incluindo laboratórios de excelência dedicados a estudos reológicos e à caracterização física, química e mecânica de materiais cerâmicos.

Em janeiro de 2023, Jordana chegou a Madri, enfrentando o inverno europeu, e logo se encantou com a beleza e organização da cidade. O professor Oscar Montedo enfatizou o crescimento do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Unesc e a dedicação da doutoranda em colaboração com todo o corpo docente para aprimorar seus indicadores, bem como a qualidade da formação de mestres e doutores. 

“Nesse contexto, a capacidade de oferecer uma experiência internacional aos nossos estudantes é de suma importância, proporcionando enriquecimento em diversos aspectos, sobretudo na formação do pesquisador. Estamos empenhados em explorar todas as possibilidades para ampliar o número e a qualidade das experiências que podem ser oferecidas”, comenta Montedo.

“Essas experiências internacionais são tão relevantes quanto as colaborações que já estabelecemos com pesquisadores e grupos de pesquisa de outras instituições, contribuindo significativamente para a excelência acadêmica na formação de mestres e doutores”, sublinha ainda.

No ICV, onde atualmente Montedo se encontra em seu pós-doutorado até o próximo ano, ele também está empenhado em adquirir novos conhecimentos e técnicas para enriquecer ainda mais o Programa. “Como orientador de pesquisa e membro pleno do corpo docente do PPGCEM, além de coordenar o Certec, posso afirmar que a presença da pesquisadora em nossa instituição tem sido profundamente enriquecedora tanto para ela quanto para os grupos de pesquisa envolvidos”, analisou.

 

Desafios

Jordana conta que um dos maiores desafios enfrentados durante seu doutorado sanduíche foi a apresentação oral em espanhol na “XI Jornada de Jovens Investigadores Instituto de Cerámica e Vidro (ICV-CSIC)”. 

Além das atividades de laboratório, ela conta que participou de seminários e cursos relevantes para sua pesquisa, ministrados por renomadas empresas e especialistas do setor. “Minha experiência acadêmica culminou na participação na Conferência da Sociedade Europeia de Cerâmica em Lyon, França, na qual tive a oportunidade de compartilhar parte de minha pesquisa em forma de pôster. O evento representou um marco em minha trajetória acadêmica, permitindo a interação com os principais ceramistas e cientistas de materiais do mundo”, conta.

O tema da sua tese de doutorado, intitulada “Obtenção de compósitos de alumina reforçados com nanopartículas de aluminossilicatos de lítio e niobato de alumínio para uso balístico”, reflete a complexidade e a relevância de sua pesquisa. 

A tese de Jordana envolve a produção de placas cerâmicas de alumina com adições de fases nanométricas para melhorar as propriedades mecânicas. Essas fases em tamanho nanométrico requerem sínteses com suspensões coloidais, o que exige expertise e cuidado para garantir a estabilidade e reatividade das fases.

Além do aspecto acadêmico, Jordana ressalta a importância das experiências culturais ao estudar no exterior. “A experiência de participar de um intercâmbio vai muito além do simples aprendizado acadêmico. Isso se deve ao fato de que conhecer uma cultura diferente, adquirir fluência em outra língua e viver em uma cidade distinta é profundamente enriquecedora. O resultado desse período no exterior é uma transformação na nossa visão de mundo”, finaliza.

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