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Ações Comunitárias

PPGSCol e Nuprevips se reúnem e analisam dados sobre Violência Contra a Mulher

O Informe Epidemiológico reúne gráficos que demonstram o panorama e servirá como base para definição de estratégias de enfrentamento de mulheres vítimas de violência (Fotos: Mayara Cardoso)

Em agosto, mês nacional de proteção à mulher, o Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc, em parceria com o Núcleo de Prevenção às Violências e Promoção da Saúde (Nuprevips), lançou a primeira edição do Informativo Epidemiológico no qual reúne e analisa dados sobre casos de violência contra a mulher, de 2018 a junho de  2023, em Criciúma

A proposta visa unir esforços para evidenciar as informações e avaliar o perfil das vítimas, como idade, cor da pele, principais tipos de violência e perfil dos agressores, considerados importantes fatores de risco.

Conforme a pesquisadora do PPGSCol, Vanessa Miranda, líder do Grupo de Pesquisas Violência, Desigualdade e Saúde (ViDaS), o trabalho foi desenvolvido por uma grande equipe, incluindo a também professora do PPGSCol Susana Confortin, a assistente de pesquisa Cleidiane Quadra e membros do Nuprevips, sob a liderança da coordenadora adjunta do Nuprevips, Lusiane Mendes.

“A parceria possibilita importantes conexões entre ciência e serviço. Neste projeto ficamos responsáveis pela análise de dados, construção de gráficos e interpretação dos resultados, com objetivo de deixar mais claro o cenário da violência contra a mulher, colaborando para a tomada de decisão dos agentes públicos”, explica Vanessa.

O documento, de acordo com a coordenadora adjunta Lusiane Mendes, servirá como instrumento de planejamento para organizar ações de enfrentamento à violência de gênero, assim como de capacitações da rede de atendimento e definição das estratégias adotadas para a melhora dos índices. “Além disso, será importante para a conscientização sobre a importância da notificação como instrumento de cuidado e proteção, pois assim é possível conhecer a magnitude e a gravidade das violências, realizando as intervenções necessárias”, destaca.

“Nós observamos os dados obtidos como importante ferramenta para ter uma visão geral sobre o cenário da violência, mas entendemos que eles representam apenas uma parte da realidade, já que os casos são subnotificados. Uma das razões da subnotificação pode ser a dificuldade do profissional em reconhecer a situação”, contextualiza Lusiane.

A subnotificação dos diferentes tipos de violência, para a psicóloga residente em Saúde Mental da Unesc e colaboradora do Núcleo, Maria Eduarda Delfino das Chagas, é multifatorial. “Envolve também o medo da paciente. O que muitas pessoas ainda não sabem, no entanto, é que as notificações não são feitas para fins de justiça, mas, sim, para a finalidade de oferecer apoio em saúde e assistência multiprofissional”, completa a profissional.

“É importante que os casos sejam notificados para que, na sequência, essa paciente possa ser monitorada e que os seus direitos sejam garantidos”, acrescenta a colaboradora do Nuprevips, Andrea Vieira.

 

Dados obtidos

Conforme o Informe Epidemiológico, das 3.928 notificações de violência interpessoal registradas no Sistema de Informações e Agravos de Notificação (Sinan) entre 2018 e 2022, 30% foram relacionadas a violência contra a mulher.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre 2018 e 2022 observou-se aumento gradual no número de notificações de violência interpessoal contra a mulher. “Esse aumento se deu principalmente entre os anos de 2018 e 2019 (46,1%), e 2020 e 2021 (108,9%). Em 2020 o número de casos notificados apresentou queda de 9,8% em comparação ao ano anterior. Assim como, em relação ao número de casos, a maior taxa de incidência ocorreu em 2021, com 404,9 mulheres que sofreram violência a cada 100 mil mulheres, por outro lado, a menor taxa corresponde ao ano de 2018, que apresentou 259,7 notificações a cada 100 mil mulheres”, analisa o documento.

Acesso direto aos atendimentos

Mulheres que enfrentaram algum tipo de violência caracterizada como violência doméstica, agressões físicas, assédio sexual, estupro, mutilação genital, tráfico humano e exploração sexual, entre outros, podem entrar em contato diretamente com o Núcleo, localizado nas Clínicas Integradas da Unesc, para o recebimento de atendimento e apoio.

O Nuprevips é um serviço multiprofissional que tem como linhas de atuação a vigilância epidemiológica, a assistência, a prevenção e promoção da saúde. “Por meio desta configuração, o Núcleo exerce papel articulador das instituições dos serviços públicos e privados, que integram a Rede de Atenção à Saúde (RAS), com objetivos de identificar, incluir, monitorar e acompanhar os casos em que envolvem pessoas em situação de violência”, pontua Lusiane.

Mesmo nos casos em que a vítima não quer acionar judicialmente o agressor ou fazer uma denúncia formal, de acordo com a profissional, é possível receber atendimento e apoio do Núcleo e dos serviços da rede de atendimento, denunciar é uma opção da paciente.

O Núcleo foi criado em 2010, parceria entre Município de Criciúma e Unesc, com sede nesta instituição. O projeto foi idealizado gerente de Saúde Mental do Município, enfermeira Ana Losso e a enfermeira e reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta.

Portas abertas

O Nuprevips é composto por assistente social, psicólogo, enfermeiro e residentes em saúde mental. É um serviço de acolhimento e assistência às crianças, adolescentes, mulheres, adultos e idosos vítimas de qualquer tipo de violência: sexual, psicológica ou moral, financeira ou econômica, institucional, negligência, física, trabalho infantil, tortura, tráfico de seres humanos, suicídio e bullying.

Para acessar o núcleo há duas maneiras: encaminhamento por serviço de saúde do Município ou contato direto do paciente. Para entrar em contato, basta ligar para o telefone (48) 3431-2764, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 18h.

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