Apesar de tão importantes para o bem-estar do ser humano, os cuidados com a saúde mental são muitas vezes deixados de lado na correria do dia a dia. Neste sentido, a pandemia de Covid-19 trouxe à tona diversos problemas que se agravaram ao longo dos mais de dois anos de isolamento social. Dados do Global Health Service Monitor, serviço que monitora a saúde mental no mundo, mostram que, em 2018, 18% dos brasileiros sofriam com sintomas de depressão e ansiedade e, em 2022, esse número subiu para 49%. Por isso, iniciativas como o Janeiro Branco, criado para dar visibilidade às necessidades relacionadas à saúde mental, são de extrema importância para a sociedade.
Ana Karen Rosado Teixeira, professora do curso de Psicologia da Unesc, afirma que este é um movimento importante, pois coloca a saúde mental em pauta. “Falar abertamente sobre o assunto evita a visão depreciativa, o estigma e o preconceito que potencializam a vergonha e o receio em buscar ajuda, distanciando as pessoas do atendimento profissional adequado”, explica a docente, destacando também que esse maior destaque ao assunto deve ser acompanhado de políticas públicas voltadas para quem é acometido pelos transtornos.
“É preciso defender as políticas públicas que garantem o direito de acesso à saúde, por meio de ações de promoção do diálogo sobre o tema, do desenvolvimento de competências socioemocionais desde a infância, da prevenção atenta aos fatores de risco e do tratamento para a redução do sofrimento, além do desenvolvimento da autonomia por meio do atendimento integral com equipes multiprofissionais, visando sempre a dignidade e a cidadania das pessoas”, explica.
De acordo com a professora, cuidar da saúde mental deve ser um processo constante, individual, mas também coletivo. “O cuidado com a saúde mental passa pela busca de entendimento sobre si, os contextos, os fatores e as variáveis que geram tensionamento, preocupação ou conflito e quais as possibilidades de resolução”, complementa Ana, destacando que falar sobre essas questões pode reduzir os danos do desencadeamento de quadros de stress, ansiedade e depressão, por exemplo. “Vale lembrar que a saúde mental precisa de cuidado integral e contínuo. Precisamos pensar na importância da busca de equilíbrio por meio de um estilo de vida saudável, com atividade física, alimentação nutritiva, sono de qualidade, contato com a natureza e tempo para o lazer”, conclui.
Saúde mental na Unesc
Atualmente, um dos projetos que a Unesc realiza no âmbito da saúde mental é o Programa Acolher, que visa cuidar da saúde emocional e psíquica da comunidade interna e dos estudantes da Universidade e tem por objetivo a construção de vínculos, na busca por novas formas de encontro, assim como a promoção da partilha de estratégias e experiências que fortaleçam a saúde mental.
Entrando em seu quarto ano de atuação, o programa busca a promoção e prevenção do adoecimento da saúde mental. Constam na pauta ainda acolhimento pontual e estendido, escuta qualificada, psicoterapia breve individual, práticas integrativas e complementares em grupos, além de grupos terapêuticos, psicoterapêuticos e operativos que estão entre as principais atividades do Acolher Unesc. Durante os 12 meses do ano passado, os profissionais do Acolher realizaram mais de 3700 atendimentos. Interessados podem preencher a ficha de inscrição no site, pelo link https://www.unesc.net/portal/inscricoes/programa-acolher
O coordenador do Programa Acolher, Zolnei Vargas de Córdova, afirma que o projeto auxilia os acadêmicos a cuidar de seu bem-estar mental. “O sujeito que não foca em sua saúde mental percebe impactos diretos na qualidade de vida, emoções, comportamentos e na maneira como se relaciona com os outros. E isso vale desde a infância até a vida adulta”, explica. “Por isso o Programa Acolher, durante suas ações, trabalha em uma de suas atividades os Diálogos Acolhedores. Essa é uma ideia que promove o cuidado de nossos estudantes por meio de temas que conscientizem o acadêmico sobre o estado de sua saúde mental”, conclui o professor do curso de Psicologia.
A Unesc também atua em contato direto com a comunidade externa. Todo início de semestre, o Serviço de Psicologia das Clínicas Integradas da Universidade realiza triagens de novos pacientes, os quais passam por uma avaliação para selecionar os mais indicados para as sessões semanais de psicoterapia. As sessões são destinadas a pacientes adultos e crianças com 5 anos de idade ou mais, e mais informações podem ser adquiridas pelo telefone (48) 3431.2752.
“Além disso, a arte aproxima as pessoas ao belo, ao desenvolvimento da sensibilidade para percebê-lo, a busca e a atribuição de sentido e significado, a conexão com momentos vividos, e à expressão de ideias e sentimentos, e o Setor de Arte e Cultura da Unesc aproxima as pessoas dessas possibilidades”, afirma Ana. “O próprio movimento Unesc Summer vai ao encontro do que acreditamos: o ser humano precisa de movimento, da dinâmica da vida que envolve o encontro e a troca para o enriquecimento de nosso repertório de motivos para sorrir e ser feliz”, completa a docente.