
Seis obras de artes da exposição ‘Sã Consciência’, da autora Simone Maggi Fernandes, podem ser prestigiadas na Unesc até o mês de dezembro. As criações fazem parte da programação da 10ª Semana da Consciência Negra realizada pela instituição, por meio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas. Além da exposição, também fazem parte da programação, apresentações artísticas e culturais.
Segundo a artista plástica, cada uma de suas criações vieram até ela por meio de uma mensagem do dia a dia, coisas que estão acontecendo em sua vida, que ela vê e percebe e que busca dentro de si mesma.
“Escolhi essas artes porque sou encantada pelas mulheres negras, pelo povo negro. Tenho afinidade tanto esteticamente, quanto emocionalmente. Acho linda uma pessoa negra e mostro, por meio das minhas obras, os contrastes, o olhar forte. Na beleza da potência feminina, encontro a força que procuro dentro de mim. Nessa busca, faço perguntas e as respostas vêm em formas, cores, mensagens retratadas nessas obras”, explica.
Simone é egressa do curso de Artes Visuais da Instituição e destaca que a técnica utilizada, acrílica sobre tela, também ilustra todo esse amor e força das mulheres negras, além de um caráter espiritual. “Não é papel da pessoa negra explicar para nós brancos sobre racismo. Nós é que precisamos reconhecer nossas origens opressoras e fazer diferente. Precisamos reconhecer a dor do outro, precisamos barrar o caos e mudar, e amar”, pontua Simone. A exposição pode ser apreciada na Biblioteca da Universidade.
Programação
Ainda nesta quarta-feira (23/11), o acadêmico do curso de Artes Visuais da Universidade, Jackson Goulart do Nascimento, apresentou a performance “Stimullus: entre nós, estruturas corrompidas”. A atuação ocorreu no palco do Quintas Culturais, na Instituição.
Já na próxima quarta-feira (30/11), às 18h30, será a vez da apresentação de dança contemporânea do Grupo de Experimentações e Estudos da Identidade Afro-Brasileira (Geiaf).
O coletivo Geiaf surgiu em 2022 com o objetivo de trabalhar as danças negras e em diáspora, como eixo central do grupo, que se utiliza de diferentes dispositivos em dança, que vão de breaking às danças afro-brasileiras.
Consciência
O dia 20 de novembro, data que marca a morte do Quilombo dos Palmares, Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência e luta dos africanos contra a escravização no Brasil, também é dia de homenagens e de muita reflexão, como pontuou a coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias.
Segundo ela, essa data é importante porque traz a memória o herói Zumbi dos Palmares e sua luta contra a escravidão de povos de origem africana. “Mas é também uma data que serve para promover a socialização das comunidades enquanto sociedade, e enquanto comunidade escolar”, complementa.
De acordo com a professora, a data marca ainda a importância das discussões e ações afim de combater o racismo e desigualdade social no país. “A data faz com que nós todos paremos para pensar, refletir e respeitar a questão cultural e este povo, além da ampliação dos olhares para uma formação e uma educação antirracista”, disse Normélia, uma das grandes lideranças do movimento negro na cidade de Criciúma.
De acordo com ela, ao longo desses anos todos houve alguns avanços, mas é preciso ter uma discussão ainda mais ampla, a fim de combater o racismo e a desigualdade tão presente nos dias atuais. “Que se tenha um olhar verdadeiro e que possamos enquanto seres humanos olharmos um para o outro como humanos que somos”, reflete.