
A poluição marinha é um tema que muita gente já ouviu falar, mas a gravidade disso foi exposta pelo argentino, Pablo Denuncio, aos alunos do curso de especialização em Biologia Marinha, da Unesc, no último fim de semana.
Durante a sua explanação, ele tratou das consequências do lixo, principalmente do plástico, que atinge toda a vida marinha. Conforme o professor, o bem-estar humano está diretamente ligado ao ambiente marinho e seus recursos naturais. “É impossível não pensar que o oceano não está afetado por diversas atividades do ser humano, e o lixo marinho é uma destas atividades. Os principais impactos sobre o Oceano, segundo as Nações Unidas são: mudanças climáticas; alteração do espaço físico; mortalidade de animais marinhos; entre outros. O lixo marinho é uma ameaça de interesse da comunidade científica, do Governo e da sociedade em nível global”, salienta Denuncio.
A aula faz parte da disciplina que, segundo o coordenador do curso de especialização em Biologia Marinha, Rodrigo Machado, leva noções básicas sobre os principais poluentes, zonas costeiras e marinha; principais fontes e efeitos da poluição da água; comportamento dos poluentes na água; poluição da água pela agricultura, pecuária, silvicultura, agroindústria e urbana; histórico da poluição química em zonas costeiras e marinhas do Sul de Santa Catarina. “A aula do professor Pablo parte deste ponto. A poluição por lixo em ecossistemas costeiros e marinhos; a interação e potenciais efeitos do lixo na fauna marinha; a situação dos conhecimentos; conservação e gestão da interação do lixo com a fauna no Oceano Atlântico Sul Ocidental.
Os problemas
O professor diz que o lixo é todo e qualquer material sólido manufaturado ou processado que se descarta, deposita ou abandona no ambiente marinho, composto por vidro, borracha, madeira, algodão, papel, material orgânico e plástico. “A classificação do lixo marinho permite entender as fontes primárias de contaminação. O plástico é o elemento dominante no lixo marinho global e isso mostra a importância de classificar esta poluição, ajudando a entender para onde devemos manejar os esforços para a diminuição.
Segundo estudos, os países asiáticos representam 51% da produção de plástico por ano; seguido da América do Norte, com 19% e Europa, com 16%. A América Latina, por exemplo, representa 4%. “Isso permite entender de onde se origina o plástico e de onde ele ingressa no meio ambiente. Não importa o local em que se origina, ele chega a todos os cantos do planeta por meio do Oceano. O plástico afeta paisagens, atividades e ecossistema. O microplástico vem afetando a vida marinha e, por consequência, a humanidade, desde o início do seu uso, na década de 1950.
Na busca por diminuir este impacto, Denuncio aponta três possíveis cenários: redução do uso; melhorar o manejo do lixo plástico e extração do plástico do ambiente. “O plástico tem a base orgânica de combustíveis fósseis, modificados para melhorar a aparência e dar versatilidade, flexibilidade, durabilidade, baixo custo, entre outros. A sua resistência tem uma predominância suprema porque persiste por muito mais tempo no ambiente na comparação com outros elementos”, cita.
O professor
Pablo Denuncio possui Licenciatura em Ciências Biológicas e Doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Nacional de Mar del Plata. Tem experiência em parâmetros populacionais, ecologia nutricional e impacto da poluição (ênfase em lixo marinho) em mamíferos marinhos.
Atuou nestas temáticas como bolsista do Conselho Nacional de Investigação Científica e Tecnológica da Argentina. Atualmente é investigador permanente do Conselho Nacional de Investigação Científica e Tecnológica da Argentina e da Universidade Nacional de Mar del Plata, realizando suas atividades no Instituto de Investigação Marinha e Costeira.
Também vem atuando como professor colaborador do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Nacional de Mar del Plata.