Para uma melhor experiência neste site, utilize um navegador mais moderno. Clique nas opções abaixo para ir à página de download
Indicamos essas 4 opções:

Ok, estou ciente e quero continuar usando um navegador inferior.
Geral

O Ensino, a Pesquisa e Extensão no Geoparque Mundial da Unesco Caminhos dos Cânions do Sul

Tema foi abordado durante a 13ª Semana de Ciência e Tecnologia da Unesc. Fotos: Felipe Carneiro/Especial Santur

Abraçada às causas da região, a Unesc tem forte participação também no Geoparque Cânions do Sul, reconhecido recentemente pela Unesco. Isso ficou ainda mais evidente durante a mesa redonda realizada durante a 13ª Semana de Ciência e Tecnologia (SCT), na última semana. 

O debate, intitulado “Geoparque Mundial da Unesco Caminhos dos Cânions do Sul: Ensino, Pesquisa e Extensão”, ocorreu de forma virtual e teve a participação de Mikael Mizieski, Michele Gonçalves Cardoso, Paulo Sérgio Osório, Izabel Regina de Souza, Gustavo Simão, Michelle Maria Cechinel, José Gustavo da Silva e Edson Zilli, além da mediação do professor Juliano Bitencourt Campos.

O parque ecológico ocupa sete municípios entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, totalizando cerca de 2,8 mil quilômetros quadrados, atingindo 73,5 mil habitantes. “Este conceito de território é importante porque, comentando sobre geoparque, falamos de um conceito de gerenciamento da geoconservação da geodiversidade, mas às vezes esquecemos um pouco dos limites municipais. Possuímos vários aspectos da nossa forma de lidar com o ambiente que convivemos e nossa história, mas falando de paisagens, tínhamos um certo déficit de como abordar e gerenciar isso. É aí que surge a geodiversidade e o geoparque. Sendo um geoparque global da Unesco uma área onde não só a geodiversidade tem características únicas e belas, mas onde esta paisagem faz parte da história, da cultura, da formação e dia a dia das pessoas que ali vivem”, cita o geólogo e membro da equipe técnica, Gustavo Simão, que tem como função caracterizar e ajudar no gerenciamento.

Vasta cultura

A riqueza do parque vai além das belezas naturais, ela também pode ser vista na cultura do território. Conforme o coordenador de Cultura do Geoparque Caminhos do Sul, Mikael Mizieski, há uma grande história geológica, mas também da ocupação humana neste espaço. “Temos, em cada um dos sete municípios, fragmentos destas cenas. É perceptível desde os patrimônios materiais, até os imateriais, atrelados à culturas. É identificada uma influência grande dos povos originários, como os guaranis e uma grande influência gaúcha, pois temos três municípios do Rio Grande do Sul, a imigração européia e, principalmente, nesta bela mistura, o tropeirismo. Esta construção cultural vem sendo desenvolvida por meio destas influências”, ressalta.

Neste território, existem ainda registros de materiais e gravuras rupestres. “Possuímos uma atuação direta da Unesc nestes locais, promovendo conhecimento a partir das pesquisas. A gastronomia do território é fantástica com mistura na composição e pratos. Em festas temos o churrasco de fogo de chão, a influência da imigração italiana com seus pratos típicos. Muitos produtos constituídos pelo conhecimento da agricultura e da pecuária”, completa.

Mais estudos

Outro projeto relativo ao Geoparque Mundial da Unesco Caminhos dos Cânions do Sul, é destacado pela coordenadora Michele Gonçalves Cardoso e foca no trabalho de um grupo de pesquisa sobre o patrimônio imaterial. 

Segundo ela, existe a necessidade de se pensar as formas de ocupação do território em suas mais variadas formas. “Este processo envolve a comunidade e a valorização das atividades que estão presentes no local. Temos o objetivo de chegar nestas comunidades e buscar registros de experiências de vivências destas pessoas. Fazer entrevistas temáticas com pessoas que não colocamos como critério ser as mais velhas, mas que a própria comunidade aponte que tenha vasta memória”, ressalta.

Avaliador da Unesco, professor mexicano fala sobre geoparques 

Os geoparques mundiais da Unesco também foram debatidos na Universidade pelo professor mexicano, avaliador da Unesco e um dos integrantes da comissão de aprovação do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, Miguel Cruz. Em evento que integrou a SCT, o convidado enfatizou que estes territórios promovem a revalorização dos patrimônios, conserva o ambiente, contribui para a conscientização sustentável dos cidadãos, além de reduzir desmatamentos e desastres naturais.

Foto: Reprodução.

O professor trouxe, ainda, os contextos clássicos de áreas múltiplas, diferenciando as reservas das biosferas, sítios Ramsar, sítios do patrimônio geológico da IUGS, geoparques, áreas internacionais de céu escuro, entre outras. “O conceito de patrimônio natural evoluiu e, hoje, é possível conservar diferentes áreas, aliando pesquisa e desenvolvimento. O Geoparque Comarca Mineira, por exemplo, no México, é um exemplo disso. Há poucos anos, as rochas do local eram vistas apenas como minerais. Com o passar do tempo e muita pesquisa científica envolvida, entendeu-se que elas podiam trazer novas oportunidades para o turismo. As rochas passaram a ser utilizadas em processos terapêuticos, outras áreas foram valorizadas, e o ambiente foi ganhando cada vez mais notoriedades”, exemplifica.

Na oportunidade, a pró-reitora da Universidade, Gisele Silveira Coelho Lopes, pontuou a necessidade de dialogar sobre o tema, uma vez que há pouco tempo a região Sul de Santa Catarina foi contemplada com o Geoparque Caminhos dos Cânions Sul. “É preciso pensar em como utilizar este instrumento da natureza, sempre levando em conta a sua ocupação e preservação. Devemos fazer bom uso, para que as futuras gerações não sejam prejudicadas pelas medidas que estão sendo tomadas agora”, explana.

O diretor executivo do Geoparque, Gislael Floriano, lembrou o esforço e as várias mãos envolvidas no projeto. “Nosso território é surpreendente. É como dizem, um encanto a cada canto. Temos preservada a cultura e a história dos povos que aqui viveram, somos ricos em biodiversidade, um verdadeiro laboratório a céu aberto. Após o reconhecimento da Unesco, passamos a trabalhar ainda mais fortemente para impulsionar o desenvolvimento da região e gerar oportunidades de futuro melhor para os seus habitantes”, complementa.  

 A Semana de Ciência e Tecnologia

O maior evento acadêmico institucional da Unesc, a 13ª edição da Semana de Ciência e Tecnologia (SCT) ocorreu de segunda-feira (24/10) a sexta-feira (28/10), e contou com mais de 120 atividades como palestras, minicursos, oficinas, apresentações de trabalhos, entre outros.

Em 2022, a SCT, que ainda teve a apresentação de cerca de 440 trabalhos, foi realizada de forma presencial e online com ações no campus sede da Unesc, em Criciúma, e na unidade de Araranguá.

A Semana de Ciência e Tecnologia da Unesc tem o patrocínio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea) e o apoio do Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovação; do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; CNPq; Capes; Fapesc; e  Biozenthi e tem como temática “Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil”, proposto pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Texto: Marciano Bortolin e Samira Pereira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *