A peça de teatro Sobre(vivências), estrelada pelas atrizes do Coletivo Livre Ana Bertolina e Mixa Miranda, foi apresentada para um público que se emocionou, se comoveu e foi instigado a refletir sobre o papel das mulheres na sociedade.
A ação do Setembro Amarelo da Unesc, organizada pela Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas, aborda vivências de mulheres e suas vozes caladas no mundo atual, por meio de histórias inspiradas nas obras “Esperança Feminista”, das escritoras Debora Diniz e Ivone Gebara, e “As janelas e outros contos”, da escritora criciumense Cristiane Dias.
Egressas do curso de Teatro da Unesc, as atrizes impressionaram o público com a força física e emocional de suas performances que retrataram histórias de abusos e violências sofridas por mulheres, tudo isso por meio de interpretações intensas e frenéticas, fruto de meses de ensaio, pesquisas e preparações.
Emoção
Ao final da apresentação um clima de emoção tomou conta do espaço e as atrizes foram ovacionadas por quem acompanhou as acompanhou, que aplaudiu de pé. A peça foi dedicada ao acadêmico do curso de Teatro, Gabriel Batista de Souza, grande amigo das atrizes, falecido em 2018 e que será homenageado em um novo ato do espetáculo, ainda em produção.
Ana Bertolina, uma das protagonistas da peça, falou sobre o sentimento de retornar para a Instituição que a acolheu por tanto tempo. “Toda vez que a Universidade nos convida para apresentarmos um trabalho é uma experiência muito emocionante. Nós sempre nos sentimos acolhidas neste lugar”, afirmou a atriz e produtora cultural, que considera o evento importante, não só para a comunidade acadêmica, mas também para o público externo. “Quando um evento artístico acontece na Universidade, ela cumpre seu papel enquanto uma instituição comunitária, que também é levar a arte e a cultura para toda a comunidade”, completou.
A roda de conversa também foi um momento de comoção para as atrizes e os espectadores. Mediado pela professora Giovana Ilka Salvaro e as psicólogas Janaina Vitório e Rita Guimarães Dagostim, da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas, o bate-papo contou com depoimentos de pessoas, homens e mulheres, que foram impactadas com a apresentação.
Priscila Schacht Cardozo, coordenadora do curso de graduação em Serviço Social, ressaltou a importância de uma obra como esta em um ambiente acadêmico. “Existem muitas violências que as mulheres sofrem e que não aparecem, que não são nominadas, e a arte comunica isso de uma forma sensível. Nós precisamos da interdisciplinaridade, de pensar a arte nesses outros espaços”, afirmou a assistente social. A escritora Cristiane Dias, autora de um dos contos representados na peça, também esteve na roda de conversa.
Além de todas as emoções e reflexões destacadas pela peça, foram arrecadados mais de 250 absorventes, que serão destinados às mulheres em situação de vulnerabilidade.
Coletivo Livre
Ana Bertolina e Mixa Miranda fazem parte do Coletivo Livre, grupo que nasceu em 2019 com o objetivo de manter viva a memória de Gabriel Batista de Souza, acadêmico da Unesc falecido em 2018. O grupo tem o objetivo de unificar artistas de todos os campos para criar ideias performáticas que podem ser desenvolvidas em qualquer espaço. O grupo já produziu peças, oficinas e festivais na região Sul do estado.