Ela começou “do nada”. Saiu do banco onde trabalhava, acreditou na sua intuição feminina e apostou nas suas ideias de empreendedorismo. Esta é apenas uma pequena introdução do início da carreira como empresária da empreendedora Tatiane da Rosa Albino, da Tati Albino Modeladores. O que surgiu da vontade de ter seu próprio negócio e começou com a ideia de fabricar lonas para caminhão, foi se lapidando ao longo do tempo e agora é case de sucesso internacional, apresentado na Unesc na última terça-feira. A empresária participou do primeiro encontro do eixo Empreende Mulher do Hub de Inovação Unesc Connect.
Para que se tornasse realidade, foi preciso ainda passar pelas fases de tentativas de trabalho com outros produtos, até que encontrasse o caminho promissor, quando arriscou e pediu demissão do trabalho. “Pedi férias e depois me demiti. Não estava me sentindo confortável no emprego. Enquanto tentava vender minhas bolsas, meu primeiro produto, meus colegas de setor se dedicavam para vender os produtos bancários. Resolvi sair e arejar a cabeça para deixar as ideias fluírem. Foi após esse movimento que pensei em confeccionar a primeira cinta. O lucro das bolsas consegui comprar um pouco de material para a fabricação das cintas, ainda sem a mínima ideia de como materializar aquilo”, contou.
Tatiane conseguiu vender suas primeiras unidades de cintas por meio do Instagram. Mas, com o tempo, as mesmas apresentaram defeitos e ela teve que aprimorar o seu produto. Como não tinha onde atender sua clientela, se sujeitou a trabalhar e receber R$ 500 por mês em uma estofaria, em meio período, para, no período da tarde, vender ali suas cintas. “Meu patrão era surfista e por isso tinha alguns retalhos de neoprene, tecido utilizado para fabricar roupa de surf. Com este material comecei a produzir as cintas que caíram no gosto das minhas clientes”, relatou.
Hoje a empresária tem uma fábrica em Içara, uma filial em Lisboa, Portugal, e pontos de vendas em mais de 20 países. Para ela, o importante é acreditar na ideia, tirar do papel e colocá-la em prática. “Busque bastante a leitura, faça pesquisa de mercado, busque tendências, mas, principalmente, ouça sempre seu sexto sentido. Saiba ouvir a voz do coração, faça o que gosta, o que ama, o que sempre teve vontade de empreender. Iniciar seu próprio negócio não é necessariamente abrir uma empresa, mas pode ser empreender na própria vida, da própria família, no seu ambiente de trabalho”, destacou.
Início da Marca
A ideia para o início do negócio, de acordo com a empresária, surgiu da intuição. “Em 2016 eu criei a marca Tati Albino Modeladores e o produto principal era a cinta modeladora. Foi um produto totalmente intuitivo que eu desenvolvi a partir de uma ideia. Comecei o produto do zero e também com zero capital de giro”, detalhou.
A importância das ideias
Segundo a empreendedora, nem todas as ideias são plausíveis de sair do papel. “Nem todas as ideias são viáveis, mas a gente tem que dar força para cada intuição, porque às vezes através de um insight você acaba dando um pontapé inicial e o negócio começa a criar outros vieses, então talvez um viés que partiu de uma ideia inusitada pode tornar rentável, pode ser o foco do trabalho. O importante é tirar do papel, construir e tangibilizar aquela intuição”, sugeriu.
Seguir o exemplo
Ana Beatriz Magagnin está iniciando a sua empresa de flores naturais secas em Urussanga. Ela pretende investir na ideia de produção de arranjos de flores naturais secas para substituir as artificiais. “Pretendendo fazer buquês também e kits de presente com flores, além de talvez migrar para alguma coisa de decoração de eventos. Nesta palestra eu me identifiquei muito porque a Tati passou por vários caminhos antes de chegar na cinta, o produto final dela. O importante é ir no caminho, um dia é uma coisa, outro dia é outra, e daí vai tendo uma ideia nova, muda, e segue esse movimento, até se encontrar, como aconteceu com a palestrante”, analisou.
Lançamento do Eixo em grande estilo
Segundo a coordenadora do Hub de Inovação, Jaqueline Bittencourt Lopes, a noite foi de lançamento do eixo Empreende Mulher. “O foco deste grupo é possibilitar conexões, discussões com mulheres que têm uma mentalidade empreendedora, tanto com negócio próprio ou porque querem inovar no seu estilo de vida, na sua mentalidade ou introduzir o empreendedorismo na sua vida. Nós escolhemos a Tati, para ela trazer essa injeção de ânimo para essas mulheres e também para os homens, por que não? Estamos aqui não somente para abertura de negócios, mas também para atuação em liderança de empresas. Então, não é somente uma mentalidade empreendedora para negócios, mas também para ocupar cargos de liderança. Essa noite tivemos uma palestra provocativa para movimentar e incentivar as mulheres a colocarem em prática seus sonhos”, pontuou.
Função da Universidade Comunitária
A abertura do evento contou com a presença da pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Unesc, Gisele Coelho Lopes, uma das grandes incentivadoras, ao lado da reitora Luciane Bisognin Ceretta,do programa de Inovação e Empreendedorismo da Universidade. “Esse é o propósito do Hub de Inovação Unesc Connect: fortalecer a temática do empreendedorismo feminino. O tema ‘Empreende Mulher’ tem a finalidade de congregar o maior número de mulheres com iniciativas inovadoras e empreendedoras, para que a Universidade possa apoiar a oportunidade da criação de novos negócios ou em andamento. Esses espaços servem para uma troca de conhecimento de ideias que já deram certo, como uma forma de inspiração para outros tantos que estão na caminhada, promovendo a conexão. Eu acredito que quando esses negócios interagem, eles aprendem uns com os outros e esse é o objetivo, fazer com que as pessoas se fortaleçam e se identifiquem com outras oportunidades e quem sabe fechar novos negócios. Essa é a função de uma Universidade Comunitária”, considerou.
Texto e Fotos: Décio Batista