Ônibus elétrico. Biocombustível. Carros movidos a hidrogênio. Pode até parecer que tudo isso seja assunto futurista, mas tratam-se dos temas apresentados no palco do auditório Ruy Hülse, na Unesc, durante a conferência “Os desafios do gerenciamento do clima nas grandes cidades” e não se tratavam de um exercício de futurologia, mas sim de realidade.
O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Indústria, Comércio e Inovação na China (BraCham), com o apoio da Universidade, nesta sexta-feira (27/5), em Criciúma e promoveu uma ampla reflexão sobre o conceito smart cities (cidades inteligentes), além da sustentabilidade socioeconômica e ambiental dos territórios. “A Unesc busca sempre fortalecer o ecossistema de geração de trabalho, renda, receita, que promove o desenvolvimento social e econômico da nossa região, mas tem ampliado o seu olhar para o futuro da sustentabilidade das cidades a partir das suas diferentes matrizes, incluindo a questão das cidades inteligentes. Nós, que estamos muito conectados com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, hoje dialogamos sobre cidades inteligentes e sustentáveis, algo necessário enquanto Universidade, como este polo de produção de ciência, tecnologia e inovação, que precisa protagonizar estes movimentos que iniciam com reflexões, se ampliam para a apresentação de cases que já são sucesso que estão postos no cenário nacional internacional e conseguem desenvolver novas oportunidades triangulando com a sociedade civil organizada, com o setor público e com o setor produtivo”, salienta a reitora Luciane Ceretta.
A conferência contou com palestra do secretário Executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, Antônio Fernando Pinheiro Pedro, além do rol de painelistas formados pelo vice-presidente da BraCham, Engenheiro de Qualidade, Jessé Guimaraes; a Diretora-executiva da BraCham, Lourdes Cristina Printes; o diretor de inovação e tecnologia da BraCham, Everton dos Santos; o representante diplomático da embaixada brasileira em Pequim, José Roberto de Andrade Filho; o presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e Novos Negócios da montadora chinesa BYD, Adalberto Felício Maluf Filho; gerente de Planejamento e Desenvolvimento na Marcopolo em Projetos de mobilidade Urbana, Renato Florence; o diretor executivo da Mobicaxias, Rogério Rodrigues; o diretor de projeto e desenvolvimento da Vinema Biorefinarias do Sul, Vilson Neumann Machado. A deputada federal, Angela Amin representou o senador, Esperidião Amin.
“Viver sem falar do conceito de cidades inteligentes é impossível”
A afirmação é da Diretora-executiva da BraCham, Lourdes Cristina Printes, que justifica o pensamento. “O Brasil é signatário da Convenção de Estocolmo que cuida da parte de meio ambiente, da parte climática e tudo que envolve esta questão. Então, as cidades têm que se adaptar às agendas para 2030, 2050. Existe um grande êxodo do interior para as cidades, então nós, como cidadãos, temos que receber o mesmo que podemos ter de uma cidade dita inteligente, uma cidade que propicia todas as necessidades por um toque, seja no celular, no tablet, em um computador”, enfatiza.
Ainda sobre o tema, Lourdes diz que as cidades devem proporcionar aos cidadãos a solução de problemas por meio de um único toque. “Desde marcar uma consulta médica até fazer esta consulta, até chamar um veículo, que no futuro poderá chegar a nossa casa sem motorista. Um dos itens de uma cidade inteligente é a mobilidade elétrica, a busca da união da academia com o poder público no sentido da pesquisa e chegarmos à mudança da locomoção em massa. Não é carregar muitas pessoas dentro de um grande ônibus. Tudo isso não se faz se não tiver a cadeia trabalhando com o poder público e todos trabalhando juntos no mundo inteiro. A BraCham faz esta união entre a China e o Brasil, representamos mais de 170 empresas brasileiras com atuação na China”, conclui.
Monitoramento do clima de São Paulo como exemplo
Em todo o mundo, há quatro secretarias responsáveis por monitorar o clima, uma delas está na maior cidade da América Latina: São Paulo.
O responsável pela pasta, criada há um ano, Antônio Fernando Pinheiro Pedro, proferiu palestra no evento e, durante quase uma hora, apresentou diversas medidas realizadas, visando um futuro mais sustentável.
Ele citou que a intenção foi apresentar o conceito de cidade inteligente do ponto de vista de quem está praticando uma gestão voltada a isso. “Nós enfrentamos um problema que é global, criamos um sistema de governança transversal para cuidar do vetor climático em todas as políticas públicas aplicáveis. O nosso objetivo é aumentar a resiliência, ou seja, a resistência da cidade às mudanças do clima e aos eventos climáticos que estamos todos sofrendo hoje. A nossa secretaria tem como atribuições assumir a situação hídrica, então hoje cuidamos da coordenação dos eventos de estiagem e do plano preventivo das chuvas de verão. Temos acompanhado os eventos extremos, como os períodos de baixa temperatura”, fala Pinheiro.
Depois do exemplo do Sudeste, outro bom case foi trazido do Sul, mais precisamente do Rio Grande do Sul.
O diretor de projeto e desenvolvimento da Vinema Biorefinarias do Sul, Vilson Neumann Machado, tratou do tema biocombustíveis. Conforme ele, os produtores de combustíveis precisam estar incluídos no conceito de smart cities. “As cidades não são só prédios e para carros andarem, você precisa abastecer, então estamos nesta linha de combustíveis limpos. Vamos pensar que os carros elétricos são o presente, mas precisamos também dos carros a hidrogênio, então desenvolvemos projeto de biocombustíveis avançados, com a primeira unidade prevista para 2025”, conta Machado, acrescentando que o Japão possui navios a hidrogênio, a Alemanha em trens e a China está montando o maior complexo de biocombustível para trens.
Primeiro ônibus 100% elétrico
Para fechar a conferência com chave de ouro, o Gerente de Planejamento e Desenvolvimento na Marcopolo em Projetos de mobilidade Urbana, Renato Florence, apresentou o primeiro ônibus articulado 100% elétrico do Brasil, produzido em parceria com a montadora chinesa BYD. “Estamos avançando no sentido de tornar esta tecnologia de fácil implementação nas cidades brasileiras. Adequar à característica de cada cidade, entrega do produto sob medida. A migração do diesel para o elétrico é inevitável e todos se beneficiam. O grande trabalho que fizemos foi o ônibus elétrico, feito totalmente no Brasil”, cita Florence.
O veículo possui 22 metros de comprimento, baterias de fosfato, ferro lítio e autonomia de até 250 quilômetros. O modelo comporta 168 passageiros e possui um sistema inovador de biossegurança, além de outras tecnologias.