Abril é o mês de prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, e a cor dedicada à data é o verde. De iniciativa nacional, a campanha Abril Verde visa estimular atenção à relevância e atenção social para a temática que é a Saúde e Segurança no Trabalho (SST) com forte ênfase na conscientização. Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem e 300 milhões ficam feridos todos os anos no mundo em acidentes de trabalho.
Na região Sul Catarinense a dissertação de mestrado da Enfermeira do Trabalho, Evelyn Brognoli, com orientação do professor Willians Longen, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) da Unesc, levantou dados de notificações formais nos sistemas de acidentes de trabalho graves e fatais.
Durante pesquisa a acadêmica encontrou 2.288 registros de acidentes graves e 176 mortes no trabalho na região. Os dados foram apurados entre os anos de 2015 e 2019. “Esses números tem sido objeto de atenção do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador (NEPST) da Universidade, bem como de instituições e grupos parceiros, a exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do sul (UFRGS), além de órgãos de fiscalização, como o Ministério Público do Trabalho (MPT)”, comenta o professor, que também é coordenador do Núcleo de Promoção e Atenção Clínica a Saúde do Trabalhador (Nupac-ST) da Unesc.
Segundo ele, a princípio, todo trabalho humano deveria carregar a potencialidade de ser um mecanismo promotor de saúde, ou melhor, ajudar a aumentar a reserva de saúde da pessoa que trabalha. Isso porque, de acordo com Longen, o trabalho é um forte determinante social de saúde, seja este formal ou informal.
“Vivemos numa era desafiadora, a da indústria 5.0 ou a chamada 5ª revolução industrial que tem por desafio, além das questões tecnológicas a exemplo da inteligência artificial, o paradoxo da sustentabilidade. Mas a tecnologia não atinge a todos da mesma forma e no mesmo momento, sendo possível observar numa mesma quadra para não dizer bairro ou cidade, esquemas produtivos bastante desenvolvidos tecnologicamente e outros extremamente rústicos”, argumenta.
Segundo ele, cabe a todas as pessoas inseridas em qualquer setor e segmento buscar agir como atores para que o trabalho seja decente para que se possa alcançar o bem-estar e saúde, que estão inseridos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“A cultura de autocuidado, respeito e zelo a vida, segurança e saúde fazem eco no olhar que podemos ter do outro, e isso, certamente, faz cascata de influência no que podemos chamar de clima organizacional e cultura não violenta de paz e boas relações. Esta lógica positivista influencia na execução do cotidiano do nosso trabalho como determinante social de saúde”, sublinha Longen.
Iluminação Especial
Em alusão ao mês, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador (NEPST), a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SEMST), e o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCOL) da Unesc estão convidando todas as organizações, entidades, órgãos públicos e empresas da região que contam com sistemas de iluminação especial, a destacarem as edificações com a luz verde alusiva ao cuidado e a esperança de trabalho como um fundamental determinante social seguro e saudável de vida.
Data
O mês de abril conta com duas datas importantes sobre acidentes de trabalho: o Dia Mundial da Saúde em 7 de abril e dia 28 de abril em memória às vítimas de acidentes e doenças do trabalho. A segunda data foi instituída pela OIT para homenagear os 78 trabalhadores mortos na explosão de uma mina em 1969, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos.
No Brasil, a Lei nº 11.12, que criou o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, foi promulgada em maio de 2005.