Um doutor em Desenvolvimento Socioeconômico ou em Educação pela Unesc poderá ter, com muito mais agilidade, a mesma titulação em um país da União Europeia. Esse é o principal resultado de um acordo assinado na última semana entre a Unesc e a Universidade de Alicante, na Espanha.
“Esse acordo surgiu a partir de contatos que temos com professores em Alicante”, conta o professor Alcides Goularti Filho, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) da Unesc. “Uma das possibilidades que a União Europeia oferece são os doutorados em cotutela, ou seja, você pode apresentar uma tese de doutorado no Brasil e em uma instituição conveniada na Europa, haverá o orientador da instituição brasileira e o coorientador da Universidade estrangeira”, refere.
Daí vem a facilidade futura para os doutores. “Se esse profissional sair do Brasil com um doutorado da Unesc e for trabalhar na Europa, ele validará mais rapidamente o seu título lá, graças ao convênio das instituições. Sem esses convênios, o processo é muito mais lento”, observa Goularti. “Se o doutorando for morar na Espanha, Portugal, França, ele leva o título, será reconhecido como doutor pela Unesc em cotutela pela Universidade de Alicante”, explica.
Ele cita o caso contrário, de professores brasileiros que cursam doutorado na Europa e, quando retornam, precisam se submeter a pesada burocracia para validar a titulação no Brasil. “Esses professores precisam, às vezes, até fazer uma nova defesa da tese para validar no Brasil, e há um processo longo de reconhecimento, que pode demorar”, sublinha Goularti.
O professor da Unesc comenta que, com o avanço da tecnologia também nos mestrados e doutorados, ficou mais simples o processo de cotutela. “Há um tempo, os professores convidados precisavam vir da Europa. Agora, o orientador participa via remota de lá. As Universidades sempre precisavam investir nesses deslocamentos, é algo que também está mudando”, reflete. “Eu já participei de uma banca de tese em Geografia, na UFSC, com cotutela da Europa”, emenda.
Já há teses em orientação na Unesc que poderão se enquadrar no regime de cotutela com a Universidade de Alicante. “Temos casos. O procedimento será, quando a defesa da tese se aproximar, o doutorando precisará fazer um encaminhamento com a instituição na Espanha e fará a defesa da tese simultânea para as duas Universidades”, afirma.
Goulart relata que o convênio abre portas para outras iniciativas em comum entre Unesc e Universidade de Alicante. “Por esse convênio, já ocorrem outras ações, além do doutorado em cotutela. Estamos organizando seminários, participações em aulas. Isso tudo aproxima mais as instituições”, emenda.
Mais de 40 anos e 30 mil alunos
A Universidade de Alicante foi fundada em 1979. Conta, atualmente, com 30 mil alunos e recebe cerca de 2 mil estudantes ao ano para intercâmbios e programas de pós-graduação, mestrado e doutorado.
A nova parceira da Unesc é uma Universidade federal da Espanha / Foto: UA / Divulgação
“Eu tive a oportunidade de passar um período lá em 2020”, conta Alcides Goularti. O professor da Unesc foi convidado para atuar como professor visitante. “E dei aulas lá, voltei quando a pandemia de Covid-19 estava começando”, destaca. A professora Giani Rabelo, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Unesc também participou desse período de conhecimento da instituição na Espanha.
“Trocamos muitas informações lá, e foi nessa visita que começou essa ideia do convênio com a Unesc. Logo, muitos objetivos do convênio já vinham sendo postos em prática antes mesmo dessa formalização”, sublinha o professor. “A Universidade de Alicante é federal, pública e gratuita. E é muito bonita, tem um campus moderno, muito agradável, semelhante ao da Unesc. Ela funciona onde operava um antigo aeroporto, então é uma área plana, reta e muito arborizada”, relata Goularti.
Ainda sobre a instituição que agora é parceira da Unesc, ele conta que ela oferece graduação em praticamente todas as áreas. “E participa de muitas atividades lá em Alicante, assim como faz a Unesc em Criciúma e região. Eles administram museus e fazem diversas intervenções na comunidade”, salienta.
O professor da Unesc compara Alicante a Balneário Camboriú, em Santa Catarina. “São cidades de características semelhantes, Alicante é na costa sudeste da Espanha, costa do Mediterrâneo, com temperaturas muito agradáveis. E tem uma forte presença de ingleses na cidade. É um lugar histórico da Espanha também, o último reduto a resistir à ditadura de Franco”, recorda.
