
A Unesc continua sendo modelo para diversos municípios catarinenses e brasileiros que visam especializar seus serviços de saúde. Indaial, no Vale do Itajaí, é um caso. Depois de uma visita recente feita por representantes da cidade às Clínicas Integradas em busca de conhecimentos no Ambulatório de Fibromialgia, agora uma nova etapa dessa aproximação foi realizada.
O vereador Elton Possamai, que compôs a comitiva de Indaial que esteve na Unesc, convidou a coordenadora do ambulatório, professora Mágada Tessmann, para compartilhar detalhes do trabalho realizado em uma sessão ordinária da Câmara. A fala de Mágada aos vereadores de Indaial, por via remota, aconteceu na noite desta quinta-feira (25/11).
“Esse é um tema muito importante. Todas as pessoas atendidas na Unesc são muito bem acolhidas. E essa equipe é fundamental para a recuperação do paciente, para que ele possa ter mais qualidade vida, querer viver novamente e programar um futuro”, comentou o vereador Elton, ao apresentar o tema.
Ele destacou, ainda, a importância de levar esse modelo de atendimento para Indaial. “Temos que trazer esse projeto na sua integra, na sua qualidade, para que possa atender os pacientes daqui”, frisou.
Todos os detalhes, desde a implantação até o acolhimento ao paciente, foram apresentados pela professora Mágada. “Hoje somos credenciados pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amrec e atendemos 27 municípios. Com o diagnóstico em mãos, as pessoas vão às Unidades de Saúde e, via sistema de regulação, agendam o acolhimento e avaliação global, que é feita por equipe multiprofissional”, disse.
Na Unesc, cada paciente recebe o atendimento por nutricionistas, psiquiatras, educadores físicos, fisioterapeutas, cirurgiões dentistas, farmacêuticos, reumatologistas, enfermeiros e outros profissionais.
“A proposta é que cada paciente tenha um projeto terapêutico singular, discutido pela equipe e pelo paciente. Ao longo do tratamento, são feitas adequações necessárias a cada caso. Somos o primeiro serviço do Brasil, de forma pública, que trabalha com equipe integrada. Significa olhar o todo, cruzar as partes e verificar a necessidade de cada dos pacientes”, reforçou Mágada.
Empatia
A pessoa com fibromialgia se sente sozinha e necessita de um olhar, de um cuidado. Foi o relato da Cléia Nascimento, representante da Associação Nacional de Fibromiálgicos e Doenças Correlacionadas (Anfibro), durante a sessão da Câmara de Indaial. “O meu dia a dia é terrível. Tenho a síndrome desde 2013. É uma grande luta. Termos isso em nossa cidade, seria muito importante. Muitas vezes nos sentimos sozinhas”, comentou.
A delegada da região Sul da Anfibro, Flávia Mesquita, também participou do debate e destacou a luta diária com a síndrome. “Esse tratamento multidisciplinar é importante para a Fibromialgia. A nossa luta é explorar a construção social, principalmente no que diz respeito a políticas de saúde”, acrescentou.
Giselli Cunha que é paciente do ambulatório da Unesc, acrescentou considerações à sessão com os vereadores, contando sobre a sua luta diária. Muito emocionada, ela falou do acolhimento que teve na Unesc, que, para ela, foi fundamental em todo esse processo que já dura 20 anos. “Quando a Unesc nos recebeu ela foi uma mãe para nós. Eu cheguei querendo suicídio. A gente vive com dor. É uma doença solitária e a gente precisa de ajuda”, mencionou.
Para Giselli, não conseguir realizar as tarefas de casa se torna ainda mais ruim. “Não é fácil conviver e falar da dor. A gente quer ser forte e quer trabalhar, fazer as atividades sem dor, sem levar um tombo, por exemplo. A dor é grande que afeta até a arcada dentária. Queremos qualidade de vida”, finalizou.
A síndrome, que atinge principalmente mulheres, provoca dor intensa, cansaço, ansiedade, depressão, problemas cognitivos entre outros sintomas.
O atendimento
O Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia é um projeto que teve seu desenvolvimento inicial pela Universidade em parceria com a Prefeitura de Criciúma e Câmara de Vereadores. Os atendimentos são realizados de segunda a sexta-feira, das 8 às 19h, no ambulatório que fica anexo às Clínicas Integradas da Unesc. No próximo ano a intenção é oferecer capacitação via consórcio para os municípios.