
Sempre envolvida nos importantes debates do cotidiano, a Unesc toma parte do 5º Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros da Região Sul (Copene-Sul). O evento, com transmissão pelo canal da Unesc TV no Youtube iniciou nessa terça-feira (26/10) e se estende até quinta (28/10). Com o tema “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”, o debate envolve o Direito à Cidade e as populações negras no Sul do Brasil. “O Afroempreendorismo e mundos do trabalho: agenciamento e protagonismo negro” foi o tema do primeiro encontro.
O evento visa, ainda, congregar pesquisadores, movimentos negros e outros coletivos, negras e negros em movimento de diversos saberes para debater, analisar e refletir a construção do Direito à Cidade e, consequentemente, a condição de cidadania e de humanidade, das populações negras residentes e atuantes no Sul do Brasil que lutam pelo direito de existir e reexistir.
Para a coordenadora da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas da Universidade e também membro da Comissão Organizadora da edição, Janaína Damásio Vitório, organizar um evento dessa magnitude é uma grande honra e sinônimo de reconhecimento pelas pesquisas e projetos desenvolvidos na Unesc enquanto instituição comunitária de ensino. “Vimos, nesse convite, o reconhecimento de instituições como Coneabs regional Sul, por meio da professora Megg e do professor Eráclito, juntamente com o professor Delton Felipe, atualmente membro da diretoria da Associação dos Pesquisadores Negros (BPN)”, comentou.
O evento, que conta com a participação de professores, pesquisadores, ativistas, movimentos sociais negros e instituições comprometidas com a luta antirracista no Brasil, tem como foco dar visibilidade para esta luta aqui na região Sul. “O Copene Sul nos dá possibilidade de compartilhar nossos estudos e conhecer os trabalhos desenvolvidos por pesquisadores negros do Sul do Brasil e de outros estados”, disse Janaína.
A diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da Unesc, Patrícia Amaral, que representou a reitoria no evento, deu as boas-vindas aos integrantes e destacou a trajetória de todos. “São eventos como esse que nos mantém e nos movimentam para uma trajetória por mudanças e transformações. Além disso, reescrever uma história, pautada por mais igualdades e oportunidades”, comentou.
Escolha do tema
Janaína explica que a escolha do tema se deu primeiramente como forma de afirmar o quanto a população negra segue em (re) existência no contexto social e político do país. “Sobre a necessidade de dialogarmos sobre nossos lugares e não lugares, Direito à Cidade para além de uma questão geográfica, mas sobre as ações afirmativas e a falta delas que nos garantem não esse apenas existir, mas de que forma existimos”, relatou.
O Direito à Cidade referido por Janaína, diz respeito a benefícios oferecidos pelas cidades. “Mas não para todos, como moradia, educação com qualidade para a população negra, renda, saneamento básico e outros”, reforçou.
Mulher negra foi primeira vítima da Covid no Brasil
Durante o debate, os profissionais lembraram ainda da primeira vítima da Covid-19 no Brasil, que foi uma empregada doméstica e negra. “Importante destacar o quanto o momento pandêmico nos afetou possibilitando que os recortes da falta de acesso às políticas ficassem mais evidente pontuamos como evidência o fato de que a primeira vítima da Covid-19 no Brasil foi uma mulher negra e empregada doméstica de meia idade. Essa afirmação se faz necessária para pontuar o quanto ao falarmos da população negra em momento pandêmico estamos não apenas falando de raça, mas também de classe”, pontuou Janaína.
A coordenadora do Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) da Unesc, Normélia Lalau, relembrou que se faz necessário mais espaços para tratar das questões da população negra. “Não estamos falando apenas de raça, mas de voz. O evento visa debater, analisar e refletir a construção do direito, e consequentemente a condução de cidadania e humanidade das populações negras que lutam pelo direito de existir e (re) existir”, salientou.
A acadêmica Maria Eduarda Del Fino das Chagas, do curso de Psicologia da Unesc, também participou, citando a importância da reflexão sobre essas temáticas. O presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN) contribuiu com o debate. “É preciso também um fortalecimento psíquico, de uma solidariedade permanente entre nós, e o fortalecimento espiritual para enfrentar toda essa situação”, pontuou Cléber Vieira.
Confira, nos links abaixo, alguns momentos do 5º Copene-Sul, nas transmissões da Unesc TV:
Conferência de abertura, clique aqui.
Afroempreendedorismo e mundos do trabalho, clique aqui.
Reexistir com corpos negros em movimento, clique aqui.
Saiba as últimas atrações da programação, com as atrações desta quinta-feira:
9h às 11h
Mesa 5: Direito, racismo e necropolítica: pelos encruzos desmantelando a marafunda colonial
Prof. Dra Thula Rafaela de Oliveira Pires (PUC-Rio)
Prof. Me. Luciano Góes (Estácio de Sá/SC)
Prof. Dra. Flávia Medeiros Santos (UFSC)
Mediadora: Prof. Dra. Fernanda da Silva Lima (Unesc)
13h30 às 16h: Apresentação de trabalhos nas Sessões Temáticas
16h às 18h45: Fórum Clubes Negros
17h45 às 18h45: Espaço para o lançamento de livros
19h: Cerimonial de encerramento
19h30: Conferência de encerramento, Prof. Dra Dora Lucia de Lima Bertulio (UFPR)