Os dados iniciais levantados pela equipe do projeto de extensão “Trilho da Saúde”, da Unesc, foram apresentados para os membros do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), durante um encontro virtual realizado nesta quarta-feira (23/6). A iniciativa da Universidade conta com a parceria do poder público de Criciúma e realiza visitas aos moradores das proximidades do trilho, no Bairro Pinheirinho (seguindo os protocolos de biossegurança para o momento de pandemia), para levantar informações a respeito da saúde e das condições socioeconômicas da comunidade local.
As informações servirão de base para a tomada de decisões pelo poder público. O projeto é desenvolvido por professores e alunos do Programa de Residência Multiprofissional, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) da Universidade, com a participação do Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e Inovação da Unesc e o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social de Criciúma.
O projeto, com duração de 24 meses, iniciou no fim de maio de 2021. Todos os sábados, integrantes da equipe da Unesc (professores, bolsistas, voluntários e residentes) realizam visitas aos moradores das proximidades do trilho, onde dialogam seguindo as normas de biossegurança. Segundo a coordenadora do projeto, Lisiane Tuon, nos três dias de visitas já realizados, foi conversado com 157 moradores e algumas questões já foram percebidas. “É uma região muito vulnerável e precisamos ir com cautela para conhecer a população e para os moradores nos conhecerem. Na realização do levantamento, contamos com o auxílio do aplicativo Epicollect5, do Imperial College, de Londres”, afirma.
Alta taxa de natalidade
Conforme a professora da Unesc, nas visitas já realizadas, percebeu-se uma elevada taxa de natalidade e a presença de uma população considerável formada por crianças, adolescentes e mulheres. “Há vários casos de mulheres jovens com quantidade de filhos que varia de quatro a oito, o que demonstra uma ausência de planejamento familiar. Por isso também o número substancial de crianças e adolescentes naquela região”, afirma.
Outros pontos que chamaram a atenção da equipe do “Trilho da Saúde” foi que o número de famílias que estão no local há várias gerações e que dentre as doenças crônicas relatadas, o índice de hipertensão e diabetes é maior. Vários moradores também relataram que não se sentem seguros de ter que se deslocar à noite para estudar e que a coleta de lixo não é realizada com constância. “Para pensar em ações para melhorar a qualidade de vida desta população, é preciso trabalhar as questões de saúde, educação e assistência social de forma interligada, em movimento contínuo e muito bem integrado como está acontecendo aqui no GGI-M”, salienta.
O tenente coronel do Corpo de Bombeiros de Criciúma, Luiz Felipe Lemos, coordenador geral do GGI, afirmou que o projeto da Universidade será um grande aliado na definição de ações assertivas para a população em vulnerabilidade daquela região. Entre as iniciativas pensadas pelo grupo estão o estímulo das pessoas em situação de vulnerabilidade a darem continuidade aos estudos e a condução ao mercado de trabalho, por meio de parcerias com empresas e projetos.
O secretário Municipal de Assistência de Assistência Social de Criciúma, Bruno Ferreira, que também participou da reunião, lembrou da importância de oferecer capacitação às pessoas antes de assumirem postos de trabalho, para que estejam mais bem preparadas. “Vamos fazer um levantamento das pessoas desempregadas e dialogar com as empresas parcerias da região para o encaminhamento delas ao mercado de trabalho”.