O desenvolvimento de cidades sustentáveis, nas quais há preocupação com qualidade de vida da população e do desenvolvimento econômico local, sempre observando a preservação do meio ambiente é uma das pautas mais fortes da atualidade. E por trás do debate, estão profissionais de diversas áreas, incluindo o urbanista. Aliás, pensar as cidades para transformá-las em locais melhores para se viver, é uma constante para o profissional da área e na Unesc, os alunos de Arquitetura e Urbanismo começam a fazer este “exercício” já na primeira fase do curso, na atividade Grupo Interfases (GI).
A iniciativa ocorre a cada semestre dentro da disciplina de Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo. Nela, estudantes de diversas fases do curso trabalham juntos e sob orientação de professores, em cima de uma temática. Neste primeiro semestre, o bairro Santa Bárbara, em Criciúma, foi estudado e a proposta aos acadêmicos foi fazer uma reflexão sobre o novo cenário urbano no mundo pós-pandemia, discutindo a saúde na cidade.
Segundo o coordenador do curso, Pedro Luiz Kestering Medeiros, o GI reúne alunos da primeira até a oitava fase e cria equipes que estudam um problema e encontram soluções para o mesmo. Neste semestre, cada equipe escreveu uma carta de intenções abordando o que seria bom para o bairro Santa Bárbara, um dos mais antigos do município. Dentre os pontos abordados, a priorização da acessibilidade foi ponto comum nas oito cartas de intenções redigidas.
Além de Criciúma, a atividade já ocorreu em Urussanga, Içara, Forquilhinha, Balneário Rincão e Araranguá. “No primeiro semestre do ano, o Grupo Interfases fica mais no reconhecimento da área e no entendimento das propostas. No segundo semestre, o GI é mais propositivo e bem embasado, porque os alunos já passaram praticamente seis meses conhecendo a área em questão”, explica Medeiros. Não existe solução que seja universal, nem fórmula mágica. O que queremos é que nossos alunos aprendam a buscar soluções dentro dos contextos. Os documentos feitos pelas equipes geram conhecimento que podem ser utilizados pela equipe da prefeitura.
Visão multiprofissional
O coordenador do curso da Unesc explica que nas leis e diretrizes profissionais, o arquiteto pode ter dupla titulação, e assim, ser também urbanista. O que diferencia cada habilitação é que o arquiteto trabalha com o objeto arquitetônico, projeto por unidades e o urbanista se ocupa com o conjunto das unidades arquitetônicas como um todo.
Ele salienta que a evolução da humanidade fez com que a concepção de projetar a cidade tenha se alterado ao longo do tempo. Neste contexto, aflorou a necessidade de vários profissionais pensarem em conjunto os espaços urbanos e assim, os arquitetos e urbanistas passaram a fazer parte de equipes multiprofissionais que pensam as alterações urbanas.
“É uma responsabilidade grande pensar onde as pessoas vão morar, se divertir, trabalhar e por isso o urbanista atua em equipes multidisciplinares, compostas por profissionais como sociólogos, advogados, economistas e engenheiros. O arquiteto e urbanista tem a função de transportar as ideias para o papel de maneira viável. O urbanista entende hoje que a melhor cidade é a que possa ter de tudo um pouco disponível perto de todos. Pensar como as cidades estão e de que maneira poderia chegar mais próximo do equilíbrio”.