“Não vejo a hora de me formar para dizer: essa sou eu, assistente social formada pela Unesc. Serei a Adriana que eu quero a partir do momento que tiver o diploma nas mãos e puder ajudar as pessoas como eu sempre quis”. A fala da estudante do curso de Serviço Social EAD da Universidade, Adriana Oliveira do Nascimento, 42 anos, vem carregada de significado. Ela, que sonhava em fazer curso superior e sempre acreditou em si, comemora esta realização e o início da construção da carreira para a qual tem a certeza de estar destinada.
Nascida em Teixeira de Freitas, no Sul da Bahia, a mais velha de três irmãos cresceu em uma realidade difícil e bem próxima a de muitos brasileiros. “Minha mãe é semianalfabeta e fazer uma faculdade nunca foi tema de conversas dentro da minha família. Para nós, era coisa de outro planeta”, conta. Mas o desejo de ir além, trouxe Adriana ao Sul do Brasil, mais especificamente, ao Extremo Sul catarinense. Em 2003, veio morar em Araranguá, onde trabalhava em uma equipe que vendia livros didáticos de porta em porta. “Eu vendia muito! Sempre estava sorrindo e era muito bem recebida pelas pessoas. Nas conversas, muitas vezes durante um café, eu incentivava aquelas pessoas a estudarem. Mesmo sem as mínimas condições para fazer um curso superior, eu sempre dizia para as pessoas não desistirem e estudarem”, relembra.
Adriana seguiu o próprio conselho e mesmo precisando mudar os planos, não desistiu. Após um ano e meio trabalhando em Araranguá, a saudade dos filhos falou mais alto e ela retornou a sua cidade natal. Permaneceu um ano em Teixeira de Freitas e decidiu voltar à Araranguá e trazer os filhos Arthur (na época com 6 anos) e Beatriz (com 5 anos) junto. “Saí da minha cidade muito jovem e naquele momento, eu não conseguia ter as oportunidades que estava tendo aqui”, comenta.
Foi na região que ela construiu uma nova história para a sua vida. Conheceu o marido, Marcelo Gelesky, se mudou para Criciúma, criou os filhos e aumentou a família, com a adoção de Lorenzo, ainda bebê e hoje com 6 anos. À medida que os anos passaram, a vontade de estudar só aumentou. Em 2020, completou o Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos (EJA), e no início de 2021 decidiu que ingressaria na Universidade, mesmo com as dificuldades financeiras em decorrência da pandemia.
“Decidi fazer curso superior, e tinha que ser na Unesc! Ela é uma universidade comunitária, que abraça as pessoas, e isso tem muito a ver comigo. Peguei o celular, sem dinheiro nem para a matrícula e quis fazer inscrição. Não sabia nem de onde iria tirar dinheiro, arrumei e fiz a matrícula. A preocupação em como eu iria pagar as mensalidades era grande, mas a fé que ia dar certo era maior. Pois participei do processo seletivo do Uniedu (Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina) e consegui bolsa de estudo”, conta.
Assim, em 9 de março, Adriana iniciou uma nova etapa de sua vida, com o começo das aulas no curso de Serviço Social na Unesc. Mas as oportunidades não pararam por aí. Como na Unesc, alunos de todos os cursos, independentemente da modalidade, podem participar de projetos de pesquisa e de extensão, a acadêmica soube da seleção de bolsistas para o Programa Território Paulo Freire 2 – Pinheirinho Universitário e resolveu participar. “Algo conspira. É Deus e mais nada! Dez dias depois das aulas iniciarem, a coordenadora do nosso curso falou da oportunidade e eu me inscrevi e fui escolhida. Além de poder estar participando e aprendendo junto da comunidade, ainda consegui bolsa”, conta Adriana. Não consigo descrever. Estar na Unesc é a realização de um sonho. Eu tenho dificuldades iguais a de todos e posso ter mil problemas, mas falou na Unesc, já tenho um sorriso no rosto.