Três filhos. 67 anos de idade. 80 dias de internação. 39 dias de entubação. Uma vida nova. Estes são os números que representam a trajetória de Mário Sérgio de Farias, de Criciúma. Morador do bairro Santa Augusta, Mário cuidava da esposa contaminada com a Covid-19 enquanto seus próprios sintomas progrediam sem que ele mesmo se desse conta. Procurou atendimento, foi avaliado e quando se deu por conta estava internado e precisando de aparelhos para o que antes lhe era tão involuntário: respirar. Hoje ele se orgulha em dizer que está “reaprendendo tudo”, inclusive a viver, e conta com o apoio da Unesc para isso.
A batalha contra a Covid-19 foi dura, intensa e contou, conforme o paciente, com sustos como parada cardíaca e renal, e com o sentimento de incapacidade até mesmo de andar ou se expressar. “Essa doença derruba muito a gente. Eu saí de lá na cadeira de rodas e os médicos achavam que eu demoraria seis meses para voltar a andar. Eu nunca desisti. Fazia exercícios ainda na cama, mas foi muito difícil”, relembra.
As primeiras sessões de fisioterapia de seu Mário foram realizadas no Centro de Reabilitação Cardiopulmonar Pós-Covid de Criciúma, serviço municipal, instalado na antiga casa de saúde do Rio Maina. Após ser liberado, por meio de amigos que comentaram sobre os serviços da Unesc, o paciente procurou a Universidade na tentativa de seguir com os trabalhos de reabilitação. “Eu tenho sido muito bem atendido. A Unesc abriu as portas para nós quando mais precisamos. Eu valorizo muito e não falto um dia sequer”, disse.
As acadêmicas da 9ª fase do Curso de Fisioterapia, Luana Manoel e Ana Luisa Guimarães, sob orientação do professor Eduardo Ghisi Victor, são quem cuidam de perto do paciente. Para elas, ver a evolução a cada sessão é gratificante e faz com que o trabalho diário ganhe significado. “É indescritível. Vê-los chegando muitas vezes sem mobilidade, cansaços, com tosse e perceber a melhor gradativa a cada encontro é muito bom”, destaca Luana.
O sentimento é compartilhado pelo professor, que garante que, mesmo com anos de experiência, o coração ainda bate mais forte ao ver cenas como essa de significativa recuperação. “Aqui no Laboratório de Fisioterapia Cardiorespiratória costumávamos receber pacientes com doenças crônicas. Também conseguíamos bons resultados, mas o objetivo era mais voltado ao objetivo de retardar os reflexos das doenças. Nos casos pós-Covid, no entanto, temos conseguido alcançar muito da capacidade dos pacientes e deixá-los o mais perto do possível da condição anterior ou até recuperando na totalidade”, comenta Eduardo.
Os métodos utilizados, de acordo com o profissional, envolvem diferentes exercícios com foco no reestabelecimento da funcionalidade do paciente. “Neste semestre já conseguimos dar alta para dois pacientes e estamos programando outras liberações pelos ótimos resultados já alcançados. É muito bom fazer parte disso e poder devolver a eles uma condição de saúde melhor. Nós que estamos no dia a dia também nas UTI’s sabemos o quanto isso é valioso”, acrescenta.
O Serviço de Fisioterapia das Clínicas Integradas da Unesc é realizado de forma gratuita à comunidade. Por conta da alta demanda a ideia é que mais vagas sejam abertas em breve para os atendimentos pós-Covid. Para saber mais sobre o projeto e como participar basta entrar em contato com o Serviço pelo telefone (48) 3431-2554.