Esta segunda-feira (29/3) foi de um silêncio incômodo na Unesc. Este foi o primeiro dia em que a vida nos corredores da Universidade precisou ser oficialmente retomada sem a presença do já saudoso procurador jurídico, coordenador do curso de Direito, professor e grande amigo da comunidade acadêmica, João Carlos Medeiros Rodrigues Júnior, falecido na última quinta-feira (25/3) em decorrência de complicações pela Covid-19. A pandemia, que já vinha há um ano mudando drasticamente a rotina no campus, mais uma vez roubou sorrisos e palavras com a partida de um dos membros especiais da família Unesc. O entardecer, sem muitas cores e com uma chuva fina que cismava em permanecer, foi marcado pela transmissão oficial de homenagem à memória de João Carlos, assistida por mais de quatro mil pessoas.
Sem abraços presenciais calorosos que ajudariam a completar as lacunas que nem todas as palavras podem mensurar no momento de despedida, a transmissão realizada pela Unesc TV no Youtube em nome da reitoria da Universidade foi regada a música, reflexões, agradecimentos e muito reconhecimento por parte de alunos, colegas, gestores e familiares.
Em pouco menos de duas horas de homenagens puderam compartilhar suas mensagens de gratidão ao mestre os acadêmicos Jefferson Gonçalves Martins e Natana Daminelli, em nome do Centro Acadêmico de Direito Benedito Narciso da Rocha; o acadêmico representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Douglas Leffa; a coordenadora-adjunta do curso de Direito, Márcia Piazza; a professora Morgana Caldas, representando a equipe da Procuradoria Jurídica da Unesc; o representante do Núcleo de Estudos Étnico-raciais, Afro-brasileiros e Indígenas (Neab), Denis Vieira Moraes; o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Criciúma, Rafael Búrigo Serafim; o ex-reitor da Universidade, Gildo Volpato; além dos familiares Clésio de Oliveira, cunhado, e da irmã Roberta Medeiros Rodrigues, antecedidos pelas palavras da reitora da Unesc e amiga pessoal de João Carlos, Luciane Bisognin Ceretta.
“Amigo, guardião e protetor”
Tantas palavras lindas proferidas sob diferentes óticas, para Luciane, demonstram um pouco do que foi seu amigo João Carlos Medeiros Rodrigues Júnior. “Ainda assim todas as homenagens que pudéssemos fazer não seriam suficientes para descrever esta alma tão nobre. Amigo, guardião e protetor daqueles que trabalhavam diariamente. Sua ausência nos toca profundamente. A Unesc de ontem não é mais a Universidade de hoje. Perdeu o brilho do andar do homem sorridente de terno e gravata que cumprimentava todos igualmente”, descreveu.
Muito além das competências no mundo acadêmico e jurídico, para Luciane, o valor do colega estava ainda em sua humanidade, humildade e generosidade. “Sua competência profissional já está posta, mas eu diria mais do que isso. Esse mundo era pequeno demais para ele. Nada do que dissermos se aproximará do seu tamanho. As melhores palavras não conseguiriam imprimir o sentimento de profunda gratidão e saudade, precedida por esta perda e sua ausência”, pontuou emocionada.
Da mesma forma, para a colega Morgana, com quem João dividia a rotina junto da equipe da Procuradoria, as lições deixadas são preciosas e superam qualquer aprendizado acadêmico. “O professor João nos deixa um legado que vai muito além da técnica jurídica. Embora ele tenha lecionado para todos os advogados da Procuradoria, algumas das maiores lições não são sobre direito, são sobre humildade, generosidade e comprometimento. O mundo precisa de mais ‘Joãos’, pessoas íntegras, honestas e leais. Mestre em lealdade, o professor João era uma pessoa pautada em bons princípios. Amava a Unesc. O trabalho não era condição para a sua vida, mas a sua vida era colocar-se a serviço”, destacou na transmissão.
Ainda com o sentimento de incredulidade que se mistura ao sofrimento da perda, conforme Morgana, cabe à equipe recordar ensinamentos deixados até nas entrelinhas. “Nossa despedida é cheia de dor e ainda não conseguimos acreditar, mas fica a memória das suas gargalhadas, reflexões e frases mais clássicas carregadas de tanta experiência e significado, como quando dizia ‘precisamos entender melhor isso’. E é isso mesmo, hoje trago essa sua reflexão e vejo que realmente precisamos ‘entender melhor’ a vida e seus ciclos”, acrescentou.
Em nome da família de João Carlos, o cunhado Clésio de Oliveira reforçou o papel desempenhado por João Carlos não só enquanto profissional, mas também como pai, esposo, padrinho, filho e tantas funções entre a família, que tinha como preciosidade. “Sempre muito envolvido com a Unesc, ele não tinha muito tempo livre, mas o que tinha era muito bem aproveitado. Sentava no chão da sala de paletó, terno e gravata, passava horas brincando do quer que fosse com a filha ou os sobrinhos que tanto amava”, recorda, acrescentando ainda as características de cuidado e carinho com a mãe e as irmãs, já que o pai já é falecido e ele ocupava a função de único filho homem.
As mensagens afetuosas de reconhecimento à vida de João Carlos, conforme o cunhado, chegam de todos os cantos e surpreendem até mesmo quem conhecia suas características mais íntimas. “Nós sabíamos que ele era amado, mas a comoção tem sido muito maior do que imaginávamos. Na verdade, entendo o motivo disso. É porque ele só plantou e fez o bem e assim ele recebe”, acrescentou.
Também emocionada, a irmã Roberta fez questão de deixar sua mensagem na transmissão da Universidade. “João Carlos, nosso mano. Foi um pai, um marido, um filho, um irmão, um tio e até um cunhado muito presente, carinhoso e extremamente amigo. Sempre com palhaçadas, sempre debochando, com uma gargalhada inconfundível. Fica o exemplo de competência, de caráter, de honestidade, de integridade e, acima de tudo, de hombridade. Fica todo um legado de amizade, companheirismo e de amor e fica a certeza de que um dia vamos nos reencontrar”, declarou.
Toda a cerimônia, assim como o vídeo produzido pela Unesc em homenagem à João e o vídeo compartilhado pelo professor João Batanolli, coordenador do projeto Âmago, em seu momento de reflexão, pode ser assistida no YouTube no canal da Unesc TV: