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Unesc recebe com honras o primeiro estudante indígena da Instituição

Fabiano Alves, de 31 anos, confirmou a matrícula no Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unesc, nesta segunda-feira (1/3). A data, que marca o início de uma nova semana e um novo mês, representa ainda uma nova fase para Fabiano e para a Universidade. Ele é o primeiro estudante indígena da Instituição.

A partir deste dia Fabiano, que pertence à comunidade Guarani, de Imaruí, inicia seus dois anos de intensos estudos em torno das Ciências Ambientais após ser aprovado no processo seletivo na Unesc. Ele, que é graduado em Pedagogia, encontra na Universidade mais uma forma de colaborar com seu povo e sua família. “É uma chance de buscar mais conhecimento para poder lutar pelos nossos direitos. Nós vamos aprendendo mais e fortalecendo a nossa cultura”, comenta o acadêmico, que se diz privilegiado e orgulhoso por ser o primeiro estudante indígena da Instituição e estudará temáticas de interesse de sua comunidade.

Nesta segunda-feira Fabiano visitou o campus da Universidade e, acompanhado do coordenador do Projeto Âmago, João Batanolli, pelo coordenador do PPGCA, Juliano Bitencourt Campos e pela coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e Minorias (Neab), Normélia Ondina Lalau de Farias, foi recebido pela reitoria da Instituição, que passa a ser sua segunda casa.

Neste primeiro momento Fabiano fará estudos e trabalho em formato remoto como medida de prevenção ao contágio à Covid-19. Para isso ele recebeu do Departamento de Tecnologia da Informação da Unesc um notebook e um aparelho de internet móvel, o que irá garantir seu acesso às aulas e orientações do mestrado.

O primeiro contato ao vivo com o campus, com o orientador de seu projeto e com a reitoria da Universidade, para Fabiano, já mostra que o que vem por aí será inesquecível. “Nessa primeira visita já estou feliz. Tudo isso é muito grande pra mim. Já é uma vitória estar aqui”, pontuou.

Da mesma forma, para a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, a chegada de Fabiano traz alegria e entusiasmo à Universidade, uma Instituição comunitária que faz questão de acolher e incentivar inserções como a do novo aluno. “Aqui terás uma família, Fabiano. Podes ter certeza de que esses corredores serão também a tua casa e poderás sempre contar conosco. Nos sentimos honrados com a tua chegada e a troca de conhecimento que nos proporcionarás”, agradeceu ao mestrando.

 

Celebração em grande estilo

Uma das principais articuladoras para a concretização do desejo de Fabiano, a coordenadora do Neab, celebra exatamente nesta segunda-feira, 1º de março, 26 anos de trabalho na Unesc. Conforme ela, o momento que marca esse aniversário é surpreendente, inesquecível e maravilhoso não só de forma pessoal, mas para todo o Núcleo, que posteriormente receberá Fabiano para o trabalho no setor.

“Este é o início de uma trajetória. Tenho certeza de que o Fabiano é o primeiro de muitos alunos indígenas que a Universidade vai receber. Assim como já existiu o primeiro negro na Universidade, temos hoje o primeiro representante de uma aldeia e isso nos significa demais”, destaca Normélia.

A assinatura do contrato de matrícula, que oficializa a chegada de Fabiano ao PPGCA, de acordo com a coordenadora, simboliza a mais pura concretização daquilo que a Unesc se propõe enquanto Universidade Comunitária. “Isso, para nós, é um motivo de orgulho, de crescimento e de materialização da missão da Universidade, graças à gestão que o acolhe tão bem neste momento”, completa.

 

Gota no oceano

De extremo significado, conforme o coordenador do projeto Âmago e estudioso das tribos indígenas, em especial da Tribo Guarani com quem tem contato próximo, o momento representa “uma gota num oceano de resgate da dívida histórica que a sociedade tem desde a colonização”.

Muito mais que o aprendizado conquistado por Fabiano nos anos de estudo sobre Ciências Ambientais, para Batanoli, a comunidade acadêmica viverá dias de muito conhecimento compartilhado. “Eu acredito que a gente vive tempos de convergência. Cada vez mais temos condições de nos dar conta que precisamos deles e aprender com eles. Aprender a conviver com a natureza, as tecnologias sociais, conviver mais humanamente e com o meio ambiente. Do mesmo modo, eles precisam de nós, precisam aprender ciência, as nossas teorias, para ter esse caráter de complementariedade”, acrescenta Batanoli.

Com a missão de orientar a pesquisa de Fabiano, o coordenador do PPGCA também não escondeu a emoção ao receber o primeiro aluno indígena do Programa. Para o professor, a dívida histórica da sociedade com os povos indígenas é impagável, porém está no DNA da Unesc a busca incansável na melhoria do ambiente de vida das pessoas e, neste momento, a Universidade dá mais um importante passo nesse nobre desejo ao aprovar e se esforçar para tê-lo, em seu programa de pós-graduação. “Acredito que, em consequência disso, os laços entre a Universidade e a comunidade ficarão cada vez mais estreitos. O aprendizado que todos teremos será imensurável”, destacou.

Ao citar a música “Índios” de Renato Russo, Juliano defende o significado desta data como mais uma pequena contribuição para tornar a sociedade mais justa, mais humana e acima de tudo, mais democrática e cidadã. “Como diz a música: ‘Quem me dera ao menos uma vez. Fazer com que o mundo saiba que seu nome. Está em tudo e mesmo assim. Ninguém lhe diz ao menos obrigado’. Vamos dar lugar de fala a quem é de direito”, acrescentou.

 

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