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Clínicas Integradas

“Quando cheguei em casa, estava completamente aleijado”, diz paciente que conseguiu se recuperar após atendimento no Centro de Reabilitação Cardiopulmonar na Unesc, em Criciúma

Em menos de quatro anos, pelo menos 500 pacientes foram reabilitados através do programa

Diego Macan

Em resposta aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19 em 2020, surgiu o Centro de Reabilitação Cardiopulmonar da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), em Criciúma. O projeto, concebido em meio à incerteza e ao medo das sequelas deixadas pelo vírus, rapidamente se tornou um exemplo de inovação e eficácia na área da saúde.

A ideia de estabelecer o centro surgiu da visão do médico e professor Luiz Carlos Fontana, que observava as consequências que o vírus causava no sistema cardiopulmonar dos pacientes. Com isso, Luiz apresentou a proposta ao prefeito Clésio Salvaro em 1º de agosto de 2020 e a resposta foi imediata: “Comecem o projeto”.

Em menos de três meses, o Centro de Reabilitação Cardiopulmonar abriu as portas, oferecendo serviços especializados que, até então, eram raros e inacessíveis. Em outras cidades como Joinville e Florianópolis, centros semelhantes levaram até dois anos para abrir as portas. “Em dois meses e meio abrimos e começamos a fazer os atendimentos. Foi tempo recorde. Somos o primeiro Centro de Reabilitação Cardiopulmonar pós-covid, 100% SUS do Brasil”, destacou.

Em menos de quatro anos, já foram mais de 1,2 mil pessoas atendidas, e aproximadamente 500 pacientes reabilitados com sucesso. Durante o período inicial de operação, o projeto logo se tornou uma referência não apenas em Santa Catarina, mas em todo o Brasil. Participações em congressos e premiações reconheceram o papel desempenhado pelo centro na recuperação e reabilitação de pacientes cardiopulmonares.

“Como o projeto deu muito certo, ele se tornou estadual. Hoje em dia, ele não é apenas para pacientes pós-covid. Se trata de um serviço especializado em reabilitação cardiopulmonar, para reabilitar todas as doenças cardiopulmonares. Pacientes que infartam ou então que possuem asma. Atualmente, atendemos toda a Macro-Sul, de Imbituba até Passo de Torres”, ressaltou.

Novos atendimentos em novo local

Após anos de financiamento por parte da prefeitura de Criciúma, o projeto passou a receber apoio direto do Estado. Desde agosto de 2022, o governo encaminha R$ 140 mil mensais à Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), para sustentar o centro de pesquisa. Além disso, toda a aparelhagem disponibilizada foi doada pela administração municipal.

Com isso, o centro passou a funcionar sob a gestão da Unesc, nas instalações das Clínicas Integradas da Universidade. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h. O processo de encaminhamento para o Centro é através das Unidades de Saúde. Com uma equipe multiprofissional, o paciente recebe uma reabilitação intensiva e abrangente, frequentando o centro pelo menos três vezes por semana.

Para a paciente Rindalta Oliveira, de 53 anos, o Centro Especializado em Reabilitação Cardiopulmonar chegou na hora certa. Vindo de 19 cirurgias ortopédicas, pré-diabética, pressão alta e com problemas de asma, a paciente encontrou o tratamento que precisava.

“Fui atendida pela equipe multiprofissional, academia da saúde e tive minha saúde reabilitada. Consegui sair do pré-diabetes, perdi dez quilos, andava com duas muletas e hoje estou andando sem muleta. Atualmente chego nas clínicas integradas em 15, 20 minutos, onde, outrora, demorava uma hora. Estou conseguindo andar. Consigo usar o ônibus, ter acessibilidade”, destacou.

Depois de ter a saúde transformada, Rindalta ganhou motivação para assumir novos desafios. Essa transformação trouxe outras mudanças na vida dela. “Estou presidente do Conselho da Pessoa com Deficiência, sou conselheira de saúde e dos direitos das mulheres. Estou escrevendo a minha história para atletas da modalidade de bocha”.

Com 70% da capacidade pulmonar comprometida, Mário Sérgio foi um dos pacientes recuperados a partir do programa. “Devido problemas respiratórios, o médico diagnosticou meu pulmão no pior estágio, apenas 30% funcionava. Tudo isso durante a Covid-19. Para piorar meu quadro, no dia 8 de agosto de 2020, fui internado com Covid. Fiquei 39 dias entubado, 46 dias na UTI e 80 dias internado. Quando cheguei em casa, estava completamente aleijado, não mexia meus pés, braços, não conseguia falar, nem fazer nada”, relembra.

O aposentado, hoje com 70 anos, conta que o ponto de mudança do quadro físico dele começou a partir do tratamento no Centro de Reabilitação Pulmonar. “Foi meu escape. Fui um dos primeiros pacientes. Cheguei no dia 18 de dezembro, de cadeira de rodas. Logo no atendimento, havia uma equipe fantástica. Comecei a fazer minha fisioterapia, no início foi bem sufocante”, detalha.

A fisioterapia trouxe uma melhora para Mário, que nem os médicos esperavam. “Achavam que eu voltaria a dirigir somente depois de sete meses, mas não, com quatro meses eu já estava dirigindo meu carro, indo pra fisioterapia, tranquilo. Esse centro foi o que me salvou, uma equipe fantástica. Devo tudo a eles, quase a minha vida”, finaliza.

 

 

 

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