Uma história de empenho e dedicação pode resultar em uma das mais seguras e assertivas ferramentas de detecção do coronavírus no mundo. Da graduação ao mestrado, e agora no doutorado, a pesquisadora Rahisa Scussel fez da Unesc seu segundo lar, observando, aprendendo, dando seus primeiros passos na ciência e se tornando uma das responsáveis pela ideia que vai contribuir com importantes avanços para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Em abril, após a chegada do coronavírus, o Grupo de Pesquisa Biotech da Unesc idealizou o projeto “Fastdiag-Covid-19-Ultra: teste sorológico rápido e ultrassensível para a Covid-19”, liderado pelo professor doutor Ricardo Andrez Machado de Avila, e foi uma das cinco ideias contemplada em edital pela Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina), em um esforço coletivo entre instituições de ensino e pesquisa para o enfrentamento da pandemia.
A iniciativa, da qual Rahisa é colaboradora, coincidiu com o ingresso da pesquisadora no doutorado, e assim um trabalho colaborativo tomou forma. “Essa será uma maneira de ligar a pesquisa com a prática, aplicando o conhecimento científico em prol da sociedade. É uma grande oportunidade para nós, cientistas, que trabalhamos com esse propósito”, afirmou Andrez.
A relação dos dois pesquisadores vai muito além deste estudo. O professor é orientador do trabalho de doutorado, e acompanha Rahisa desde de seu ingresso na iniciação científica, há cinco anos. Agora, eles buscam desenvolver a tecnologia para um novo modelo de teste rápido, que com uso da bioinformática baseia seus resultados em alterações protéicas do próprio vírus, sendo capaz de isolar os aminoácidos do coronavírus que se ligam às células do infectado.
O resultado deste esforço resultará em uma plataforma de dados completa, capaz de realizar a análise com autonomia. “O desenvolvimento desta tecnologia é a primeira etapa da pesquisa, que entregará um método rápido, acessível e seguro”, explica a pesquisadora.
A expectativa é que em setembro significativos avanços já possam ser percebidos, iniciando análises clínicas, e até março de 2021 os testes rápidos estejam formulados, com possibilidade de reprodução em grande quantidade. “Essa tecnologia pode ser descrita como inovadora. Como cientistas, ficamos muito tempo em laboratório para entregar uma real contribuição à sociedade”, evidencia Rahisa.
Após a conclusão da primeira etapa, a pesquisa seguirá com o intuito de entregar resultados para o enfrentamento ao coronavírus. A pesquisadora acredita que próximo passo, também previsto para ocorrer dentro da pesquisa de doutorado, vá ser o uso da tecnologia para o combate direto ao vírus.
Além do apoio da Fapesc, em forma de recursos, estão juntos neste estudo a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O Grupo de Pesquisa Biotech também tem acesso, e socializa informações, a um banco de dados voltado à pesquisa, com contribuições de todo o mundo.
O Grupo de Pesquisa Biotech é vinculado ao PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) da Unesc.