
Uma noite de reflexão sobre saúde mental reuniu acadêmicos, professores e comunidade no Auditório Edson Rodrigues, na Unesc, nesta segunda-feira (15/9). O evento marcou a abertura da campanha do Setembro Amarelo no campus, com a palestra “Valorização da Vida: Construindo Caminhos de Esperança e Cuidado”, ministrada pela psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental Monique Romancini. A programação, promovida pela Diretoria de Extensão, Cultura e Ações Comunitárias, Acolher, curso de Psicologia e Residência Multiprofissional, contou ainda com apresentação artística do rapper Wagner Costa Nunes, o V Negão.
O olhar da Psicologia
A coordenadora do curso, professora Rosemeri Vieira, enfatizou a importância do engajamento da Universidade na campanha. Além disso, comentou que a Psicologia se faz presente por ser uma área voltada para a escuta, para a promoção da saúde mental e para a prevenção ao suicídio. “Embora seja um assunto muito discutido no curso e entre profissionais da área, o Setembro Amarelo marca uma atenção ainda maior. Ele relembra a importância de estarmos atentos aos sintomas, de buscarmos uma escuta qualificada, já que ainda existe muito tabu em relação ao sofrimento psíquico. Muitas pessoas têm vergonha de se expor, mas a escuta qualificada não julga, ela acolhe e ajuda a aliviar a dor emocional, que embora invisível, é muito real”, afirmou.
Compromisso institucional
A diretora de Pesquisa, Sabrina Arcaro, que representou a Reitoria, reforçou o papel da Universidade como espaço de transformação social e que o evento já está inserido na agenda anual. “A Unesc é um espaço de formação e de transformação social, que assume o compromisso de abrir diálogos, acolher histórias e fomentar iniciativas que rompam estigmas. Este encontro reúne exatamente o que precisamos: conhecimento científico, arte e experiências de vida. Desejo que esta noite fortaleça em cada um de nós a certeza de que a vida tem valor e que, juntos, podemos promover uma cultura de esperança e cuidado”, enfatizou.
Histórias que inspiram
A palestrante da noite e ex-egressa do curso de Psicologia da Unesc, Monique Romancini, apresentou a vivência pessoal e profissional para dialogar com os participantes. Em um contexto histórico, ela lembrou que o Setembro Amarelo foi implantado em 2015, inspirado na história de Mike, um jovem dos Estados Unidos que reformou um veículo Mustang amarelo e, aos 17 anos, cometeu suicídio sem dar sinais prévios. No sepultamento, familiares distribuíram, em sua memória, fitas amarelas, que se tornaram símbolo mundial.
Durante a palestra, ela distribuiu essas fitas amarelas e incentivou que cada um amarrasse no pulso. “Ao fazer isso, simbolizamos a valorização da vida. Mas o mais importante é entender que cuidar de si e do outro pode ser simples, desde que com sensibilidade. Nunca é tarde para seguir aquilo que está no coração. Não existe idade para o sucesso. O que importa é a decisão diária de investir em si e na própria trajetória”, afirmou.
“Atualmente vivemos os impactos da ‘positividade tóxica’ e das redes sociais na saúde mental. O Instagram, por exemplo, mostra vidas aparentemente perfeitas, o que gera comparação e frustração. Todos já se sentiram afetados por isso. Essa comparação nos distancia da gratidão pela vida que temos. É preciso respeitar o próprio ritmo e entender que todos enfrentamos lutas diárias. Que possamos ser propagadores da vida, construindo um ambiente de esperança e cuidado”, concluiu.
A voz da periferia
A noite também contou com uma apresentação artística, o rapper V Negão, que, ainda antes de cantar, compartilhou a trajetória de vida e superação. Ele lembrou que começou a relação com a Unesc por meio da dança, ainda nos tempos da Fucri.
“Cresci em uma comunidade simples, mas com disposição para vencer e lutar por quem está ao meu redor. Vencer na vida não é apenas ter poder aquisitivo: eu venci porque continuo inspirando. Muitas pessoas aqui vivenciam o Setembro Amarelo em suas famílias ou dentro de si, lutando contra sentimentos que aprisionam a alma. Se conseguirmos resgatar uma vida nessa jornada, já valeu a pena”, disse, antes de encerrar sua participação com a música “Testemunho”.