A valorização dos oceanos como ativos produtivos e ecológicos foi o tema central da palestra ministrada por Juliana Abreu, realizada de forma remota para estudantes e professores. A convidada apresentou o conceito da Economia Azul, um modelo que busca aliar crescimento econômico à sustentabilidade dos mares, que promove a geração de empregos, a proteção dos ecossistemas marinhos e a justiça social nas regiões costeiras. A palestra foi ministrada na disciplina Gestão Ambiental do curso de Ciências Biológicas.
Durante a exposição, Juliana explicou que a Economia Azul abrange um conjunto de atividades econômicas, bens e serviços produzidos por setores diretamente ligados ao oceano. Entre os principais setores mencionados estão a pesca, o turismo, o transporte marítimo, a construção naval e a produção de energia. Essas atividades formam a base da economia dos mares e oferecem grandes oportunidades de desenvolvimento sustentável.
A estrutura da Economia Azul está sustentada em três pilares fundamentais: econômico, social e ambiental. O pilar econômico visa promover o crescimento com responsabilidade, incentivando a geração de renda por meio de atividades ligadas ao oceano. Já o pilar social foca na inclusão de comunidades costeiras, especialmente os pescadores artesanais e suas famílias. O pilar ambiental, por sua vez, reforça a necessidade de preservar os recursos naturais marinhos, assegurando seu uso sustentável para as próximas gerações.
A palestrante também destacou a forte conexão entre a Economia Azul e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente o ODS 14, que trata da vida na água e defende a conservação dos oceanos e dos recursos marinhos. Além disso, foram citados outros ODS relacionados, como a erradicação da pobreza, o crescimento econômico, a inovação, a redução das desigualdades e a ação contra as mudanças climáticas, todos reforçando a importância de uma abordagem integrada que una prosperidade econômica à justiça social e ambiental.
“A aula proporcionou uma reflexão sobre os desafios e as oportunidades ligados ao uso sustentável dos oceanos, evidenciando a importância de políticas públicas, inovação tecnológica e inclusão social para consolidar a Economia Azul como um caminho viável para o futuro do planeta. Além da pesca e do turismo, nós temos a atividade de lazer, de recreação, navegação. Olhamos e discutimos agora a produção de energia offshore, que são as eólicas no oceano”, cita o professor da disciplina, Rodrigo Machado.
Um dos momentos mais marcantes da palestra foi a abordagem sobre o papel das mulheres no setor pesqueiro. Juliana trouxe à tona a realidade do trabalho invisível das mulheres no mar, destacando que, em diversas regiões do Brasil, elas desempenham funções essenciais dentro da cadeia de produção da pesca artesanal, mas sem o devido reconhecimento ou acesso a direitos trabalhistas. Conforme a palestrante, mesmo presentes há décadas nesse segmento, muitas continuam invisíveis, trabalhando sem garantias legais e enfrentando uma realidade de desigualdade.
