Graduação

Abertura Semana de Estudos Históricos emociona e diverte acadêmicos, professores e colaboradores

Evento iniciado nesta segunda-feira (29/9) ocorre até o dia 3 de outubro (Fotos: Luan Vieira/ Agecom Unesc)

A 17ª Semana de Estudos Históricos, evento que marca a celebração dos 30 anos do curso de História da Unesc, foi aberta, na noite desta segunda-feira (29/9), em grande estilo, com aquilo que professores e historiadores gostam: arte e resgate de memórias. A partir da participação de acadêmicos, professores e colaboradores, a programação, que segue até o dia 3 de outubro, foi iniciada em encontro no Auditório Edson Rodrigues, no campus universitário.

Abrindo os trabalhos com uma banda formada por acadêmicos para uma performance especialmente preparada para a data, o evento foi tomado pela descontração e pela nostalgia. Fotos históricas, memórias e histórias dos 30 anos de trajetória resumidas e vídeos produzidos para o momento, coroaram a abertura da semana especial.

Com a presença da reitora em exercício, Gisele Silveira Coelho Lopes, o encontro serviu  ainda para enaltecer a importância dos papeis dos historiadores e dos professores. “Parabéns pela escolha que fizeram. Continuem defendendo esta nobre profissão, cada vez mais importante para a sociedade em que vivemos. Ao concluírem a graduação sejam os melhores professores e historiadores que puderem, pois nosso país precisa de profissionais que acreditem no papel da educação e em grandes legados por meio dela”, pontuou.

Conforme a coordenadora do curso, Michele Gonçalves Cardoso, esta foi mais uma oportunidade de construção coletiva dentro da graduação em História. “Nós sempre buscamos fazer tudo de forma coletiva e essa semana foi assim também, na escolha dos temas e das atividades”, destacou. “Me sinto muito orgulhosa de fazer parte desses 30 anos. Na comemoração dos 10 anos do curso eu estava aqui enquanto acadêmica, ou seja, faz algum tempo que estou aqui também, presente no curso de História, assim como tantos outros colegas que nos honram aqui hoje”, acrescentou.

Para o coordenador adjunto do curso, Ismael Gonçalves Alves, da mesma forma, a celebração das três décadas da graduação chega com um sentimento especial, já que é o curso no qual se formou e hoje atua enquanto docente. “Desta forma, professores e professoras que foram responsáveis pela minha formação hoje estão aqui, fizeram parte dessa trajetória e particularmente me formaram como um historiador comprometido com as questões da história, mas, sobretudo, com as questões sociopolíticas e regionais. Os 30 anos de curso, para mim, vão além desse momento festivo, mas marcam uma trajetória da qual todos nós, todas nós, de alguma maneira, estamos e estaremos ligados, sobretudo vocês que estão em processo de formação”, salientou.

Nesta terça-feira (30/9) outro destaque da programação ficará por conta da inauguração da galeria dos Historiadores, no Bloco J, às 19h.

Confira o histórico dos 30 anos do curso preparado para a celebração desta segunda-feira:

A implementação do curso de Estudos Sociais da Faculdade de Ciências e Educação de Criciúma (Faciecri), em 1974. Ao longo de quase duas décadas de existência, o curso foi dividido em dois momentos distintos: o primeiro, entre a sua fundação e 1980, já que, em 1978, o vestibular foi suspenso por falta de demanda – o curso habilitava para Estudos Sociais no ensino de 1º grau e para Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Moral e Cívica para o 2º grau, conforme a legislação criada no contexto dos governos militares; a segunda fase teve início em 1987 e se encerrou em 1991: nessa fase, implantou-se uma nova grade curricular no curso e a obrigatoriedade do trabalho de conclusão de curso (TCC), passando também a funcionar no período noturno, com a entrada no vestibular de inverno (Unesc, 2002).

Especialmente no segundo momento de oferta do curso, pode-se perceber a efetiva participação de alunos no movimento estudantil e de professores nas discussões políticas da instituição, movimento

que impulsionou a criação do Centro Acadêmico de Estudos Sociais em 1988, como também diversas atividades acadêmicas, como, por exemplo, as Jornadas de Estudos Sociais. 

Também nesse período, foram iniciados estudos de arqueologia, tendo a universidade liderado uma campanha de conscientização sobre a existência e a preservação dos sambaquis na região.

Em 1992, o vestibular para o curso de Estudos Sociais foi novamente suspenso. Dessa vez, a razão foi a possibilidade de transformá-lo em dois cursos: História e Geografia, finalizando, assim, a existência do curso de Estudos Sociais (que formou, ao longo de sua trajetória, 204 profissionais).

Desse modo, em 1995, foi implantado o curso de História e, também, seu Centro Acadêmico, que homenageou o estudante secundarista assassinado no restaurante Calabouço, em 1968, Edson Luís de Lima Souto. O curso manteve a linha crítica do curso de Estudos Sociais, caracterizando-se pela participação de alunos e professores nas discussões políticas e eleitorais, organização de eventos, realização de debates, promoção de viagens de estudo, etc.

Mesmo assim, parte dos professores avaliava que o projeto do curso e a estrutura curricular impunham alguns obstáculos para se construir uma identidade para o curso de História e para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão. A estrutura curricular praticamente manteve-se a mesma do curso de Estudos Sociais, ou seja, era formado por um conjunto de disciplinas da História, da Geografia e da Pedagogia. Além disso, aboliu-se a obrigatoriedade da monografia como requisito para a conclusão do curso, reforçando a dissociação entre ensino e pesquisa e, consequentemente, desestimulando a prática de pesquisa no curso (Unesc, 2002).

Em vista dessas observações, em 1997, criou-se uma comissão para redefinir a proposta pedagógica do curso, processo que foi concluído no ano 2000. A partir de 2001, o curso passou a ser ofertado como licenciatura e bacharelado em História. Nesse mesmo período, atendendo a necessidade de diversos professores graduados em Estudos Sociais, o curso de História implementou, juntamente com a Secretaria Estadual de Educação, o Magister em História. Ofertado no período noturno e com carga horária 1.440 horas, o curso foi realizado no município de Araranguá em 1997, e buscava auxiliar na complementação da formação acadêmica em Estudos Sociais, formando, assim, mais 48 profissionais habilitados em História (Unesc, 2002).

Tendo em vista as novas exigências para o campo da formação profissional regional, e a necessidade de atender a licenciatura e o bacharelado, o curso de História buscou uma proposta de formação em ensino e pesquisa de modo integral e indivisível, balizados pela perspectiva da História social e cultural. Devido à inserção regional da universidade, e ao gigante passivo ambiental da exploração carbonífera, o curso se preocupou, desde sua criação, com as questões socioambientais da região. A trajetória das pesquisas e dos interesses da graduação em História se misturava com a trajetória de seus estudantes e docentes, cuja formação se deu concomitante ao processo de amadurecimento da graduação, fomentando ainda, um aprofundamento teórico e temático na história e cultura do carvão em Santa Catarina.

As pesquisas sobre a região carbonífera e os intensos diálogos com a comunidade regional foram ampliados significativamente, com a criação do Centro de Memória e Documentação (Cedoc/Unesc), no ano 2000. O desejo de criar um espaço para a preservação e a difusão da memória regional existia desde o curso de Estudos Sociais, quando, em 1992, apresentou-se uma proposta para a criação de um arquivo histórico regional. Entretanto, a intenção de constituir o Centro de Documentação foi amadurecida somente no primeiro semestre de 2000.

Além das atividades específicas do CEDOC, também há parcerias com outro laboratório vinculado ao curso de História: o Laboratório de Arqueologia Pedro Ignácio Schmitz (Lapis). Como mencionado, as pesquisas arqueológicas fazem parte do curso de História, desde a existência do curso de Estudos Sociais.

Ao longo dos anos, a universidade protagonizou diversas ações para preservação e divulgação das pesquisas arqueológicas desenvolvidas pelo corpo docente do curso e equipes técnicas. Atualmente, o Lapis se configura como um espaço formativo no qual acadêmicos e o público externo desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão. O laboratório tem como objetivo desenvolver estudos interdisciplinares que buscam compreender, do ponto de vista contextual, a forma pela qual as sociedades pré-históricas e históricas se relacionaram com o ambiente, a paisagem e o território que ocuparam.

Os laboratórios do curso de História da Unesc são, em parte, formulados tanto pelas necessidades encontradas pela comunidade acadêmica quanto pelas pesquisas e pelos interesses de seu corpo docente.

A preocupação com a especialização dos profissionais de História do extremo sul catarinense, região de abrangência da Unesc, esteve presente até mesmo em períodos anteriores à criação do curso de História como disciplina específica (1995), pois, no final da década de 1980, com conclusão em 1987, foi realizado um curso de especialização pela Fucri intitulado Especialização em História do Brasil e, entre 1991 e 1993, outra oferta, intitulada Especialização em História, trouxe para a Fucri professores de outras universidades para formação em pós-graduação, fato importante para o contato com outras realidades e oportunidades de formação. Dessas experiências, inseriram-se na pós-graduação professores da Educação Básica que, posteriormente, fizeram parte do quadro de docentes do curso de História (que seria criado alguns anos depois). Outro fato importante para a compreensão do quadro de pesquisas, profissionais e atuações do curso de História da Unesc e de seus laboratórios foi o fato da recomposição do quadro docente na década de 2010 com profissionais egressos do próprio curso, com variadas formações, na pós-graduação.

Essa formação em instituições distintas e com áreas de interesse diversas possibilitou ao curso de História e aos seus docentes uma significativa produção acadêmica nos mais diversos suportes e temáticas. 

Transformando-se a partir das demandas da comunidade, bem como das modificações de legislação, o curso segue ofertando, desde 2015, a graduação em licenciatura. Ao olharmos retrospectivamente para a trajetória do curso de História da Unesc, destacamos a marca de 580 profissionais formados, demonstrando a importante contribuição do curso para a prática da profissão historiadora.

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