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CSA

Acessibilidade em foco na primeira
visita guiada de estudante cega à Unesc

Gabrieli Maria Fermo da Silva, de Meleiro, visitou a Universidade para conhecer o curso de Direito (Fotos: Vanessa Clarinda/ Agecom/ Unesc)

“Tenho deficiência visual e preciso de recursos para me deslocar e aprender as disciplinas. Para meus estudos, utilizo uma máquina de braille, materiais adaptados, recursos tecnológicos, audiodescrição e monitores de tela”. A frase, que descreve um pouco daquilo que a aluna da Escola de Educação Básica de Meleiro, Gabrieli Maria Fermo da Silva, deseja para o futuro, foi pronunciada durante visita à Unesc, nesta semana. 

Ela participou da primeira visita guiada de uma estudante cega à Universidade, organizada pelo Setor de Relacionamento da Instituição e foi conduzida pela monitora do Setor de Apoio Multifuncional de Aprendizagem (Sama), Camila Jacoby, que garantiu uma experiência acolhedora e inclusiva.

Gabrieli é portadora de Amaurose Congênita de Leber (ACL), uma condição genética hereditária que causa perda severa da visão desde o nascimento. Recentemente, ela integrou um grupo de pesquisa sobre essa doença em São Paulo. Ela está no Ensino Médio e já traça os planos acadêmicos e almeja ingressar no curso de Direito da Unesc no próximo ano.

Ambiente acolhedor e acessível

A monitora Camila, expressou a importância de acompanhar Gabrieli na primeira visita à Unesc. “Foi uma vivência enriquecedora e muito gratificante. Gabrieli é uma jovem encantadora, e foi uma satisfação poder compartilhar com ela o que a Universidade tem a oferecer. Para mim, é fundamental transmitir o carinho que tenho pela Instituição e assegurar que ela se sentisse bem acolhida durante todo o percurso”, comentou.

Gabrieli, por outro lado, elogiou a Universidade, descrevendo-a como um ambiente acolhedor e acessível. “Agradeço a todos que me receberam e explicaram sobre os setores da Unesc. Minha guia foi excepcional, e essa visita apenas confirmou meu desejo de cursar Direito”, afirmou a estudante.

Durante o momento, promovido por meio do programa Visita Guiada Individual, Gabrieli teve a oportunidade de conversar com a coordenadora do Estágio de Práticas Jurídicas, Rosângela Dalmoro, e leu uma carta em braille, na qual expressou o desejo de conhecer a Instituição e compreender a acessibilidade do campus. 

“É uma grande satisfação acolher e incluir estudantes com diferentes necessidades. No Sama, oferecemos suporte psicopedagógico, psicológico, interpretação de Libras e monitores especializados para garantir que todos os acadêmicos, que incluem aqueles com deficiência, tenham a assistência necessária. Estamos comprometidos em proporcionar todos os recursos e adaptações para que Gabrieli se sinta plenamente integrada. Na Unesc, temos políticas inclusivas que asseguram o direito de todos os estudantes a uma formação de qualidade”, expressou a coordenadora do Sama, Zélia Medeiros Silveira.

Gabrieli rumo à Universidade

A orientadora da escola, Ligia Maria Piazza, compartilhou que esta é a primeira vez que acompanha uma estudante com deficiência visual em uma visita universitária. “A Gabrieli é o nosso ‘xodó’, e trabalhamos com ela de todas as maneiras para garantir um bom desenvolvimento. Ela é uma menina inteligente e interessada, sempre em busca de novidades. Para mim, é emocionante ver o brilho nos olhos dela”, comentou.

A docente Gisele Palhano, também da instituição de Meleiro, enfatiza que a história da estudante é digna de um livro. “Ela nos ensina muito. Sou professora da Rede Estadual de Ensino e trabalho com inclusão desde 2014. Gabrieli é minha terceira aluna com deficiência visual. Quando ela chegou até nós em 2021, após a pandemia, já estava no fim do nono ano e iniciou o Novo Ensino Médio, um período repleto de projetos e evoluiu consideravelmente conosco. A vontade dela de ir além estimulou todos na escola”, expressou.

“Temos uma equipe de professores que torce muito por ela, e juntos conseguimos viabilizar a visita. No contraturno, trabalho com Gabrieli na parte do braille, e desde o início, ela demonstrou interesse em cursar Direito, embora também se destaque em cálculos. Para mim, ela representa uma superação diária, e vê-la aqui na Universidade é extremamente gratificante, pois simboliza o encerramento de um ciclo para nós e o início de uma nova jornada para ela”, acrescentou Gisele, orgulhosa.

Um passeio pela realidade acadêmica

Durante a visita, Gabrieli teve a oportunidade de explorar diversos espaços da Universidade, que incluíram setores relacionados ao curso de Direito. Na Unidade Judiciária de Cooperação (UJC), uma extensão do Fórum da Comarca de Criciúma, os professores Ismael de Córdova e Sandra Muriel Zadroski Zanette recepcionaram a estudante e compartilharam informações sobre a rotina do setor, as atividades realizadas pelos acadêmicos e os atendimentos oferecidos.

Sandra explicou a Gabrieli que a Unidade Judiciária opera de maneira similar à vida real, como uma defensoria pública. “Para concluir o estudo acadêmico, o estudante sai da Universidade com uma boa vivência prática. Todos os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação são aplicados nas Unidades espalhadas pela região, e nós, como docentes, fazemos o acompanhamento”, enfatizou Sandra.

Outro local visitado foi o Núcleo Jurídico Professor Me. João Carlos Medeiros Rodrigues Junior, no campus da Universidade. O Centro de Práticas Jurídicas (CPJ) promove simulados e atividades práticas voltadas para o aprimoramento dos estudantes de Direito.

Os professores Marja Feuser e Fabrizio Guinzani acolheram Gabrieli calorosamente, apresentaram o local e compartilharam informações sobre o Núcleo. “Quando estudantes com algum tipo de deficiência são previamente informados ao setor do Sama, realizamos a adaptação de materiais didáticos e outras metodologias conforme a necessidade do acadêmico”, esclareceu Marja.

“Temos computadores que podem ser adaptados para pessoas com baixa ou nenhuma visão. As provas são aplicadas pelo sistema braille ou por um sistema próprio de computação preparado para atender pessoas cegas”, completou.

Educação acessível

A coordenadora do Estágio de Práticas Jurídicas, Rosângela Dalmoro, apresentou as diversas possibilidades que o curso oferece e ressaltou a formação robusta que prepara os estudantes para atuar em várias áreas da profissão.

“Já tivemos acadêmicos com deficiência visual e, por isso, possuímos um compromisso em adaptar nossos materiais de forma inclusiva. Transformamos os livros conforme as necessidades dos estudantes e garantimos que todos tenham acesso ao conteúdo. Além disso, oferecemos computadores com softwares que realizam a leitura das provas e proporcionamos suporte constante para que esses estudantes possam acompanhar as atividades acadêmicas de maneira plena e efetiva”, ressaltou Rosângela.

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