
“Quando o lixo fica na areia, a maré acaba levando tudo para o mar, e isso causa muitos danos ao meio ambiente.” O aprendizado que Marina Pereira compartilha com tanta convicção foi adquirido durante o Projeto de Extensão Lixo Marinho no Sul Catarinense, desenvolvido ao longo de 2025. No último sábado (1/11), ela e os colegas dos quintos anos do Colégio Unesc foram à orla do Balneário Rincão para colocar em prática tudo o que aprenderam ao longo do ano.
Ao final da atividade, cerca de 12 quilos de resíduos foram retirados da areia. “A ação é importante porque nos conscientiza sobre o destino correto e também ajuda na limpeza da praia”, relata a estudante.
O trabalho faz parte de um programa de educação ambiental voltado para turmas do 5º ano, com seis atividades ao longo do ano letivo.
“Retirar o lixo da areia é essencial, porque ajuda a proteger o meio ambiente e a vida marinha. Muitos animais acabam confundindo o lixo com alimento, como as tartarugas, que pensam que o plástico é uma alga, por exemplo. Isso pode causar sérios prejuízos a eles”, explica o aluno Gabriel Delevatti.
Os temas incluem lixo marinho, impactos na biodiversidade, a história do plástico, economia circular e reciclagem. “Além disso, é promovida a limpeza da praia, e os resíduos coletados são apresentados na Feira de Ciências do Colégio. É um processo de aprendizado muito rico, que une ciência, cidadania e consciência ambiental”, destaca o coordenador da iniciativa, Rodrigo Machado.
Para ele, o maior resultado é ver o engajamento dos estudantes. “As crianças se tornam multiplicadoras da causa ao levar o tema para casa e fazer os pais refletirem. O retorno mais valioso é perceber que estamos formando uma geração mais consciente sobre o papel de cada um na preservação dos oceanos”, afirma.
Orientação
Durante a ação, os alunos recolheram embalagens, sacolas plásticas, copos, fios e até baldes, sempre acompanhados e orientados pelas bolsistas Maria Laura Miranda Darella Lorenzin Dias e Nicole de Moura, além das professoras Áurea de Los Santos e Raquel Pagani. “Essa é uma grande oportunidade para os alunos, que estão em transição para os anos finais do Ensino Fundamental. Projetos como este desenvolvem a oralidade e colocam em prática tudo o que foi aprendido até aqui”, ressalta Áurea.
Raquel lembra que o programa é desenvolvido há quatro anos e envolve diversos componentes curriculares. “A experiência é fundamental para que os alunos compreendam o processo de reciclagem e a importância do descarte correto”, pontua.
Como a iniciativa surgiu
O Projeto de Extensão Lixo Marinho no Sul Catarinense nasceu de uma pesquisa sobre os impactos do lixo na biodiversidade do Sul do Brasil, especialmente em mamíferos marinhos como baleias, golfinhos e lobos-marinhos. Segundo Machado, o estudo investigou casos de animais presos em resíduos descartados de forma incorreta e episódios de ingestão de plástico, que podem causar ferimentos graves ou até a morte.
“A partir desses estudos, criamos o projeto para sensibilizar crianças, adolescentes e a comunidade sobre os efeitos do lixo nos oceanos e a importância de práticas sustentáveis. É essencial reduzir o consumo, especialmente de plásticos, e incentivar a economia circular, repensando o uso e o reaproveitamento dos materiais”, explica o professor.
A equipe também aborda a chamada pesca fantasma, quando redes e utensílios abandonados no mar continuam capturando animais por tempo indeterminado. “É um problema ambiental sério, e sentimos a necessidade de levar essa discussão à sociedade”, acrescenta.
O projeto é desenvolvido em parceria entre os cursos de Ciências Biológicas e Ciências Econômicas da Unesc, com apoio do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS). “Trabalhar com as turmas do 5º ano tem sido uma experiência incrível. Ao entenderem que o lixo que produzimos em terra pode chegar ao mar, as crianças passam a refletir sobre os próprios hábitos e desenvolvem atitudes mais responsáveis. O lixo que descartamos define o futuro dos oceanos, por isso é importante escolher a forma correta”, conclui Maria Laura, mestranda do PPGDS.




















