A Unesc promoveu uma capacitação destinada a aproximadamente 100 profissionais atuantes nos campos da educação e saúde da região, nesta terça-feira (22/08). O evento, organizado pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER) II da Instituição, teve como foco central a palestra com o tema “Entendendo o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual”. O intuito principal do encontro foi estimular discussões aprofundadas e a ampliação do conhecimento acerca da deficiência intelectual e marcou ainda o 1º Encontro em alusão ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual.
Presente no evento, o pró-reitor Administrativo e Financeiro da Instituição, José Otávio Feltrin, enfatizou a relevância do encontro, destacando que os participantes se reuniram com o propósito de compartilhar experiências sobre abordagens eficazes.
“A compreensão profunda, a aplicação prática e a interpretação criteriosa desses conhecimentos desempenham um papel transformador no cotidiano. Essa dinâmica reflete um dos principais objetivos do encontro: reunir um amplo público para uma discussão construtiva e proporcionar um apoio abrangente aos municípios”, disse Feltrin.
“A equipe multiprofissional da Instituição possui uma qualificação excelente e está comprometida em fornecer orientações de alto padrão, servindo como referência de em âmbito regional”, complementou Feltrin.
O coordenador do CER, Aires Mondardo Junior, destacou a relevância da capacitação e enfatizou a importância de abordar questões além da reabilitação e das deficiências físicas, como a deficiência intelectual, que muitas vezes não é visível externamente.
Junior também ressaltou a colaboração entre a Universidade Comunitária e os municípios, enfatizando o papel do CER no diálogo e na cooperação. Ele mencionou que os profissionais trouxeram à tona a demanda por conhecimento e discussões em torno das deficiências intelectuais, que podem abranger uma variedade de condições como transtornos de aprendizagem; autismo; e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), cada um com suas próprias características.
O coordenador ainda mencionou que o encontro proporcionou um espaço para que os participantes pudessem discutir tópicos relevantes e atuais relacionados à deficiência intelectual. “Essas discussões incluíram abordagens sobre inclusão, características específicas de cada condição e métodos de atendimento. Uma parte essencial do trabalho dos profissionais do CER envolve o diagnóstico e a visita às escolas e lares, muitas vezes em equipes multidisciplinares, a fim de fornecer suporte e orientação adequados”, destacou.
Conforme ele, o aprendizado obtido durante a capacitação não ficará limitado ao evento em si, mas será compartilhado em conferências e discussões futuras. “O objetivo é que esses conhecimentos contribuam para aprimorar toda a rede de atendimento e apoio às pessoas com deficiência intelectual”, enfatizou Junior.
Um ponto crucial destacado durante a capacitação foi a importância de profissionais bem preparados e qualificados, como comentou a coordenadora das Clínicas Integradas da Universidade, Carine Cardoso, que é enfermeira.
Conforme ela, além de serem responsáveis pelo bem-estar das crianças e suas famílias, esses profissionais desempenham um papel fundamental ao orientar os pais de forma adequada, garantindo que as crianças recebam os tratamentos e suportes adequados.
“A capacitação não apenas visa oferecer conhecimento técnico, mas também capacitar os profissionais a se comunicarem de maneira eficaz e sensível com os pais e familiares das crianças com deficiência intelectual”, comentou Carine.
Palestra
O encontro contou com a palestra da professora e psicóloga Karin Martins Gomes, que abordou o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual. Segundo ela, o aprendizado é um processo complexo, dinâmico, que resulta em modificações estruturais e funcionais do sistema nervoso central. “As modificações ocorrem a partir de um ato motor e perceptivo que, elaborado no córtex cerebral, que dá origem à cognição”, explicou.
Os transtornos de aprendizagem, conforme a professora, compreendem uma inabilidade específica, como leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para o seu desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual.
Fizeram parte da organização do evento as colaboradoras Gabriela Thais da Silva; Priscila Schacht Cardoso e Karen Kassandra Karkle.
CER
Atualmente, o CER atende 400 pacientes, somando 1,6 mil atendimentos mensais envolvendo 24 profissionais entre assistente social, enfermeiro, médico, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, cirurgião-dentista, fonoaudiólogo, entre outros.
Uma das especialidades do setor que fica nas Clínicas Integradas da Instituição, é o fechamento de diagnóstico do Autismo. O acolhimento é agendado na Unidade de Saúde dos municípios, por meio do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg).
A análise, de acordo com o coordenador do Centro, consiste em uma entrevista com os pais e a criança, e avaliação observacional de comportamentos, que pode ser conduzida idealmente por uma equipe multidisciplinar de médicos, incluindo um psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e assistente social.
Depois do diagnóstico, segundo ele, o paciente é encaminhado para a Rede de Atenção Básica de Saúde e recebe ainda todas as informações de entidades existentes na cidade que atuam na continuidade das atividades de promoção, prevenção e assistência. Tamanha a importância da pauta, que, apenas em 2022, o CER realizou 810 atendimentos com crianças para fechamento de diagnóstico.