Recepção de Calouros 2019
O ano era 2019 e o Auditório Ruy Hülse se transformara em um grande avião, com direito a sala de embarque, aeromoça, piloto e descrição de rotas. Agora, março de 2023, quatro anos depois, as turmas que iniciaram a jornada na Unesc em um momento em que a temática institucional imitava o ambiente de aeroporto chegam ao fim de suas jornadas de graduação. Dentro da metáfora, a noite desta segunda-feira (13/03) é de escala. Pausa para comemorações e rumo ao próximo desafio, já que esta viagem de conhecimento não chega ao fim jamais. A partida rumo ao sucesso pessoal e profissional é imediata.
Na noite que marca a conquista do sonhado diploma em de Artes Visuais, Ciências Biológicas, Educação Física, Geografia, História, Letras, Matemática e Pedagogia, eles juraram solenemente lutar pelo o desenvolvimento das artes para melhorar a qualidade do ambiente de vida do ser humano; trabalhar pela defesa da vida, estimulando o desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico com justiça e paz; utilizar seus conhecimentos considerando a pluralidade do movimento humano relacionada ao exercício físico ao esporte e saúde possibilitando interação entre o conhecimento técnico-científico e sociedade; e ainda construir e socializar que possam contribuir na transformação da educação e da sociedade.
Cada um em sua área, os graduandos entoaram juramentos, receberam conselhos e votos de professores e gestão universitária. Levam na bagagem muito conhecimento teórico, muita prática, amigos, colegas e experiências para a vida toda.
O dia que marca a “chegada” desta grande viagem, para a oradora das turmas, Fernanda de Jesus, é como a materialização do sonho iniciado na “sala de embarque” da Universidade. “Na recepção de calouros de 2019, lembro como se fosse hoje, a Unesc preparou este mesmo auditório como se fosse um aeroporto. Essa preparação toda contou com um discurso sobre nosso voo nessa Instituição. Aquilo me emocionou muito. Estava muito realizada por entrar no curso de Pedagogia e queria aproveitar cada processo e pessoa que fizesse parte deste mesmo voo”, recordou.
A aterrissagem, conforme Fernanda, é tranquila após anos de intensa dedicação, mas o desembarque é de pessoas bem diferentes daqueles que adentraram à nave. “O nosso voo durou quatro longos anos, o que apesar de parecer muito, passou extremamente rápido. Saímos diferentes de como entramos. Nos descobrimos como alunos, professores e pesquisadores. Mudamos nossos cortes de cabelo, estilo de roupa, formas de pensar e agir. Demos espaço ao novo”, garantiu.
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Lições de Paulo Freire
Entre as unanimidades dos discursos da noite, entre congratulações, lembranças e emoção à flor da pele, algo se destacou: três citações de um mesmo educador, Paulo Freire.
No discurso da graduanda, a citação dizia que “não se pode falar em educação sem falar de amor”. “Tal fala sempre me vem à mente quando estou atuando, afinal o amor que criamos por aqueles serezinhos é inexplicável. Ver uma criança ou um adulto sendo alfabetizados, dando grandes passos na educação, é o que nos faz seguir cada vez mais fazendo parte na vida deles”, pontuou a oradora.
Já nas palavras da paraninfa de todos os graduandos, Fernanda Regina Luvison Paim, as palavras do educador citadas foram: “Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social de que tomamos parte”. “Temos dúvidas, inquietações, mas a certeza de que as coisas estão sempre de fazendo e se refazendo e por isso seguimos firmes na compreensão, como ele diz, de que a gente não é, a gente está sendo”, acrescentou, pontuando ainda ensinamentos de Freire sobre a leitura persistente, crítica, com abertura aos diferentes e às diferenças.
A responsável por outorgar oficialmente o grau a cada um, a pró-reitora de Ensino da Unesc, Graziela Amboni, representando a gestão Universitária, por acaso, ou não, também citou o educador. “Como diz Paulo Freire, ‘não posso esquecer que o meu destino não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir’. Não atribuam a outras pessoas o que é responsabilidade de vocês. Não atribuam a outras pessoas a felicidade de vocês”, sugeriu aos formandos.
Ainda em suas palavras, Graziela pediu carinhosamente aos novos profissionais que honrem sempre o nome da Instituição que os entrega o sonhado diploma, atuando com dedicação e hombridade. Ao encerrar a Colação de Grau Especial, Graziela, também por acaso, ou não, citou um poema de Rubem Alves no qual faz alusão também a “voos”. “Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”, parafraseou completando: “Portanto, sonhem, voem alto e sejam felizes, por a felicidade é uma responsabilidade intransferível”, acrescentou.
Com homenagens e comemorações completas, a cerimônia pode ser conferida na íntegra no link:
