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Professor da Unesc tem pesquisa reconhecida por revista de divulgação científica nacional

Estudo sobre a relação entre os leões-marinhos e perdas na produção pesqueira aparece na última edição da Revista Fapesp (Foto: Rodrigo Machado Unesc/Gemars)

O trabalho de investigação científica para verificar possíveis perdas para o setor de pesca devido a presença de leões-marinhos nas redes no litoral do Extremo Sul catarinense e Norte gaúcho, desenvolvido pelo biólogo e professor da Unesc, Rodrigo Machado, com a parceria de outros profissionais e entidades, foi reconhecido pela Revista Pesquisa Fapesp. Editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a revista é a única publicação jornalística do Brasil com foco na produção científica nacional.

Para o pesquisador, o reconhecimento da Revista da Fapesp é importante para o trabalho, especialmente pela maneira como ela trata a ciência, de forma a facilitar o entendimento das pesquisas para o público. “A revista trouxe vários olhares: da gestora da Ilha dos Lobos (em Torres, município que foi o centro da pesquisa), do pescador, de pesquisadores que participaram do estudo. É de extrema importância esse diálogo com a sociedade”, comenta.

A pesquisa

Por meio de entrevista com os pescadores, eles atribuíram uma perda econômica aos leões-marinhos: 88% dos entrevistados acreditavam que cada leão-marinho consumia cerca de 100 quilos de peixes por interação.

Além disso, os animais ainda seriam responsáveis por prejuízos ao causar buracos nas redes. No entanto Machado realizou uma pesquisa acompanhando os pescadores nas embarcações que saiam para o mar – barcos com  tamanhos entre 10 e 14 metros, enquadradas na categoria médio porte. E estimou que a cada 100 quilos de peixe, os leões-marinhos comeriam 3 quilos, perfazendo assim um prejuízo de 3%.

“Se levarmos em consideração que barcos menores têm redes menores e capturam menos peixe, temos uma projeção de prejuízo maior para a pesca artesanal, para uma pesquisa realizada no Uruguai, por exemplo, Machado menciona que os pesquisadores estimaram uma projeção de 20% para a pesca artesanal. É preciso observar ainda que a estimativa de 3% de prejuízo na quantidade de peixes é para o setor pesqueiro como um todo, mas o sistema é de partilha em cotas não iguais. Para o dono do barco, que muitas vezes fica com 50% da produção, o prejuízo é um. Para o mestre do barco, já é maior e para os pescadores de convés, é ainda mais elevado. Sem contarmos os danos nas redes. Os animais são grandes e em muitas vezes a rede fica inutilizada”, conta o professor da Unesc.

A pesquisa foi realizada por Machado, com apoio de profissionais e organizações como o Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars), do qual o biólogo também faz parte. Entre março de 2011 e março de 2012, Machado realizou 104 embarques, totalizando 100 dias no mar. No período, nas localidades de Passo de Torres e Torres, o pesquisador realizou 58 embarques e acompanhou 161 redes puxadas do mar, verificando que em 68 vezes os leões-marinhos acompanharam os barcos e atacaram as redes, estando o animal sozinho na maioria das vezes, ou em grupo de até oito leões.

Machado explica que as interações dos animais tem sazonalidade. “No verão não vi interação com a rede e no outono, pouca. A maior quantidade é no inverno e na primavera. Nos meses de inverno, por exemplo, na região entre Araranguá (SC) a Tramandaí (RS) todo barco que estiver no mar está suscetível à interação com os animais, que se aproxima da rede de pesca quando o barco está puxando ela para cima”, conta.

Para entender a quantidade de peixes ingerida pelos animais durante as interações e estimar o prejuízo para os pescadores, o pesquisador além de utilizar parâmetros existentes, de consumo diário de alimento pelos leões-marinhos em cada categoria etária a partir de animais em cativeiro. Machado também aferiu a quantidade de peixes consumida pelos leões-marinhos a partir da análise do estômago de animais que apareceram mortos na costa.

Somou e mediu os ossos dos peixes (otólitos) que estavam presentes no estômago dos leões e estimou a quantidade em quilos das presas presentes nos estômagos, encontrando até 18 quilos de peixe consumidos, no caso de machos adultos. Já animais subadultos, consomem até 8 quilos e juvenis, 5 quilos. Por fim, com estas informações, Machado pode calcular o prejuízo em quilos de peixes e monetário que os leões marinhos causavam ao setor pesqueiro, pois cada macho adulto que ele observou em uma rede, atribuiu uma redução de peixes em 18 quilos aquela rede, e assim por diante para todos os animais e suas respectivas categorias etárias.  Para fins de pesquisa, quando o animal avistado não era identificado em alguma categoria, o cálculo foi feito em cima do consumo médio de 10 quilos de peixe.

Confira a matéria na revista da Fapesp 

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