As aulas de Artes dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Unesc tiveram um gostinho especial na tarde desta segunda-feira (11/4). Com o objetivo de ampliar as possibilidades de compreensão sobre a arqueologia, enquanto uma ciência interdisciplinar que visa o estudo das atividades humanas pré-históricas e históricas, o professor da disciplina Mikael Miziescki, levou os pequenos até o Laboratório de Arqueologia Pedro Igácio Schmitz (Lapis), para entender com mais facilidade os costumes de alguns povos indígenas que habitaram a região Sul.
O Lapis fica localizado no Parque Científico e Tecnológico (Iparque) da Universidade e está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da instituição.
O professor Miziescki explica que o conteúdo proposto neste primeiro trimestre teve relação com os povos originários e pré-históricos com foco na ocupação humana local do Extremo Sul Catarinense. “Abordamos com os alunos sobre os pré-históricos que habitaram aqui na nossa região e tomamos o cuidado de mapear os principais indígenas e os pré-históricos. Então passamos pela área de paleontologia, trabalhamos os fósseis e agora abordamos a ocupação humana. Eles viram gravuras, conheceram a arte rupestre e tiveram a contextualização dentro do Laboratório de Arqueologia, o que foi importante para o aprendizado”, reforçou.
Mergulho na história
Na visita ao Lapis, os alunos foram recepcionados pelo pesquisador do Laboratório de Arqueologia Pedro Ignácio Schmitz (Lapis) da Unesc, Juliano Bitencourt Campos, e pelos bolsistas Lucas Seibert e Letícia David. Durante a ida, eles conheceram utensílios utilizados pelos povos ancestrais catarinenses, a cerâmica Guarani, os costumes, ossos, fósseis, entre outras peças arqueológicas. “A ação faz parte do projeto de extensão “Arqueologia em Sala de Aula” com os povos originários. Com a visita, fica bem mais fácil relacionar o que foi visto durante as aulas, além de consolidar melhor o conteúdo proposto e ser uma experiência que dificilmente eles vão esquecer. A exposição também aborda a ocupação humana da região para dar visibilidade à ocupação humana anterior até a chegada dos nossos parentes”, comentou Bitencourt.
O projeto, segundo ele, é adaptado para diferentes idades, visto que adolescentes e jovens também visitam o Laboratório. “O conteúdo é direcionado de acordo com a idade e a grade de estudos. Assim, eles acabam descobrindo um passado que se estrutura por meio da cultura material e arqueológica, pesquisados pela equipe do Laboratório”, relatou Bitencourt.
Mais de 20 mil peças arqueológicas
O local conta com 20 mil peças arqueológicas e boa parte delas foi encontrada por agricultores e moradores da região.
O professor também ressaltou a importância da Unesc e da realização das atividades com os visitantes. De acordo com ele, as iniciativas reforçam a missão institucional, que promove a qualidade de vida e a sustentabilidade do ambiente, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. Oficinas também fazem parte da programação.
Presente na visita, a coordenadora do Ensino Fundamental I, Patrícia Stanger Cardoso, contou que os pequenos estavam ansiosos. “Foi uma tarde muito proveitosa e o melhor disso tudo é que essa experiência é aqui dentro da nossa Universidade, que conta com vários espaços maravilhosos no qual eles podem viver na prática tudo o que aprendem em sala de aula. Essa visita é de fundamental importância para eles”, disse.
Região conta com seis sítios arqueológicos
Vários dos materiais encontrados no Laboratório são pesquisados em sítios arqueológicos. Conforme Bitencourt, o Sul de Santa Catarina tem uma ocupação humana, de acordo com dados das pesquisas arqueológicas e dos grupos de pesquisas do Lapis de, no mínimo, seis mil anos. “A nossa região é repleta de cultura de materiais diferentes, sítios arqueológicos diferentes e informações diferentes. Basicamente, para a nossa região de Criciúma são três ocupações humanas diferentes, o que chamamos na arqueologia de caçadores e coletores, pescadores e coletores e os ceramistas”, enfatizou.
Somente em Criciúma, segundo ele, são seis pontos explorados com o intuito de conhecer os habitantes dessa terra cheia de cultura e hábitos variados. “Identificamos materiais arqueológicos em seis sítios arqueológicos na região. Entre eles, os bairros São Defende, São Simão, Verdinho, Morro Albino, Argentina e Morro Estevão”, destacou.
Todo o trabalho feito pelos profissionais é muito minucioso, já que os vestígios encontrados serviram de base para identificar os grupos culturais que lá habitavam. Um trabalho de extrema importância para conhecer a história dos antepassados, pois cada detalhe é importante na identificação de hábitos e tradições dos povos antigos. Como é o caso das urnas funerárias usadas nos rituais de despedida dos Guaranis há mais de 600 anos, além das tipologias de rochas usadas para lanças de caças, que podem determinar a localização geográfica dos povos da Serra ao Litoral. “São pontas de flechas, lâminas de machados, ou seja, objetos que pertenciam ao modo de vida. Toda essa cultura está associada a quase dois mil anos atrás”, comentou Bitencourt.
Portas abertas
O laboratório desenvolve atividades ligadas às escavações arqueológicas; análise tecnológica de Indústrias Líticas; análise de Material Cerâmico; atividades e projetos de educação patrimonial e guarda de material arqueológico e endosso institucional. Nesta terça-feira (12/4) ocorre a visita dos alunos do sexto ano do Colégio Unesc.
As escolas que tiverem interesse podem entrar em contato pelo email lapis@unesc.net e agendar uma visita.